segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

Palacete de D. Antónia Ferreira e Assembleia Portuense

Praça do Laranjal e Cancela Velha, Hoje Praça da Trindade, foto tirada da esquina, lado direito da
Igreja da Trindade, Casa Alvão, s/d, deu origem a um Bilhete Postal n.º 10,
Pela Editora Le Temps Perdu, Coleção Porto Desaparecido. 

D. Antonina Adelaide Ferreira, nasceu em Godim, Peso da Régua, 4 de Julho de 1811, mais conhecida por Ferreirinha, foi uma empresária portuguesa notável do século XIX, helenicamente ligada ao negócio do vinho do porto.

D. Antónia Adelaide Ferreira, Foto s/d, in wikipedia 

D. Antónia Adelaide Ferreira é sem dúvida uma das maiores, se não a maior, personagem na história da região do Douro e do Vinho do Porto. Faleceu em 1896, aos 85 anos, na Casa das Nogueiras (Quinta das Nogueiras). O Douro perdera a sua Rainha. Actualmente a A. A. Ferreira, considerada uma das mais importantes casas de Vinho do Porto, já não faz parte da Família, tendo sido vendida em 1987 ao grupo Sogrape. Continua, contudo, a entregar anualmente o "Prémio Dona Antónia", destinado a distinguir as mulheres que mais se evidenciaram no mundo empresarial português.

Palacete de D. Antónia Ferreirinha e Assembleia Portuense,
Foto Guedes, 190?, In AMP 

A Praça da Trindade que, antes de ter este nome, se chamava de Praça do Laranjal. Toda esta zona, onde também existiam outras grandes propriedades como os casais da Regada e do Galvão, começou a ser urbanizada nos começos do século XVIII por iniciativa de João de Almada e Melo, primo do marquês de Pombal.

Reprodução de projeto com as fachadas dos edifícios, na Praça da Trindade/Laranjal, para o lado
Nascente, por João Francisco Guimarães, a 22 e Setembro de 1819, Arquivo AMP 

Reprodução de projeto com as fachadas dos edifícios, na Praça da Trindade/Laranjal, para o lado
Sul, por João Francisco Guimarães, a 22 e Setembro de 1819, Arquivo AMP
 
João de Almeida Melo, depois de ser nomeado presidente da Junta das Obras Públicas dá início ao seu ambicioso e arrojado plano de urbanização que visou criar "o novo bairro dos laranjais". E é deste plano urbanístico que resulta a Praça do Laranjal. Que também se chamou Praça da Erva por nela se fazer, durante muitos anos, um mercado para a venda exclusiva de erva e palha que, como facilmente se imagina, eram produtos indispensáveis para a alimentação dos animais, muito utilizados, naqueles tempos, não somente nos afazeres do campo, ou seja na lavoura, mas também nos transportes de carga e de passageiros. 

Foto da Igreja da Trindade, 1900, Extraída do BP Geral n.º 96, de Emílio Biel, In AMP 

Depois da igreja e do hospital, o edifício mais nobre da Praça da Trindade era não apenas um mas vários prédios que ficavam a nascente da praça, no local onde agora está o edifício dos correios. Primitivamen­te, esse conjunto de edifícios pertenceu a Bartolomeu da Costa Lobo de quem passou, por herança, para Eduardo José da Silva Lobo. Posteriormente, viria a pertencer a António Bernardo Ferreira, marido de D. Antónia Adelaide Ferreira, a célebre Ferreirinha da Régua. 


Aquele António Bernardo Ferreira viveu também no edifício da Rua de Vilar, onde funciona o Instituo do Arcediago Ricardo Vanzeler. Numa parte do palacete da Trindade, como era conhecida a residência dos Ferreirinhas, instalou-se, a partir de 31 de maio de 1834, a Assembleia Portuense, um clube de elite fundado em abril daquele ano por Manuel Gonçalves Miranda. 

Palacete de D. Antónia Ferreirinha e Assembleia Portuense, foto Guedes, 190?, In AMP. 

Em 1851, D.Antónia Adelaide Ferreira, já viúva, e senhora do palacete, cedeu, gratuitamente, algumas dependências da sua faustosa residência para nelas funcionar a Creche de S. Vicente de Paulo, ainda existente com sede na Rua de Gonçalo Cristóvão. 
A D. Antónia Adelaide Ferreira sucedeu, como proprietário da casa, seu filho, que tinha o mesmo nome do pai, António Bernardo Ferreira, que foi casado com Antónia Cândida Plácido Vieira, irmã de Ana Plácido, a grande paixão de Camilo Castelo Branco. 

Projeto de uma fonte para o Largo do Laranjal, 1835. Junta de Obras Públicas, In AMP
 
O chafariz que está no meio da Praça da Trindade esteve, inicialmente, no Largo de S. Domingos. Quando saiu daqui, foi para a Rua do Laranjal e daí o nome, essa mudança poderá tre sido na decada de 30 do século XIX. Com o desaparecimento desta artéria, para a abertura da Avenida dos Aliados, o chafariz foi colocado na Praça da Trindade.

Praça da Trindade, Igreja e Chafariz com mesmo nome. Foto Extraída do Google Maps, 2018
 
O palacete foi demolido na década de quarenta, na sequência do arranjo urbanístico resultante da abertura da avenida dos Aliados que culminaram com o fim das obras do novo Paços do Concelho. 

Foto do local onde se encontrava o Palacete demolido, foto Guedes, 1948, In AMP. 

Aproximadamente no mesmo local foi erguido o palácio dos Correios, projeto de 1952 do arquiteto Carlos Ramos e que atualmente funciona também como escritório da Camara Municipal do Porto.

Avenida dos Aliados - Plano de Barry Parker. O seu proposito passava pela alteração urbanística 
da cidade, sendo o seu projeto encomendado, em 1915, ao arquiteto britânico. 

O Projeto da construção do novo Paços do Concelho, haveria de ser adjudicado a Barry Parker, sendo que foi alterado desde o início da sua construção, de acordo com a primeira maqueta, o edifício ainda que na localização exata onde foi construído, com uma disposição semelhante, foi pensado sem a torre que conhecemos hoje, inicialmente houve o cuidado de não prejudicar a vista da Igreja da Trindade sobre a nova Avenida dos Aliados. 

Vista panorâmica do casario de Santo Ildefonso, tirada da Torre dos Clérigos. Destacando-se os
edifícios da Rua dos Carmelitas, a Rua dos Clérigos, parte da Praça da Liberdade, a Igreja dos 
Congregados e o relógio da Estação de São Bento, em continuidade, a Rua 31 de Janeiro.
No lado esquerdo da fotografia, destaca-se o edifício dos Paços do Concelho e a torre sineira da 
Igreja da Trindade. Ao Centro vê-se o Palácio Atlântico, sede do banco Millenium BCP.
Ao fundo à direita, ainda se vê o topo do Coliseu do Porto e a Igreja das Antas. É possível
identificar o local do edifico demolido, do lado direito dos Paços do Concelho, Entre tudo foi
demolido entre a Rua de Esteves e a Rua Guilherme Costa Carvalho. Fotografia de Teófilo Rego,
década de 50, In AMP

Chegaram à conclusão que o efeito provocado seria perverso uma vez que a precessão transmitida era que a torre da igreja saída do novo edifício do Paços do Concelho e com estilos arquitectónico completamente dispares. A construção iniciada em 1920 arrastou-se até a década de 50, e só em 1957 é que os serviços passam para o edifício, das alterações mais significativas efectuadas ao projeto são da responsabilidade do arquiteto Carlos Ramos,  não foram obras de "Santa Engrácia" mas candidataram-se a isso. 


Fontes:
Articulações de vários sites;
Todas as imagens foram editadas.

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