Foto: SIPA, 1993
Ferreiros, também conhecido por Feira Nova foi uma freguesia portuguesa do concelho de Amares, extinta em 2013 na sequência da reforma administrativa nacional, até 2013, tendo sido agregada às freguesias de Prozelo e Besteiros, para formar uma nova freguesia denominada União das Freguesias de Ferreiros, Prozelo e Besteiros. Esta agregação acabou com uma das particularidades do concelho de Amares: o facto de até aí ter tido uma das poucas freguesias portuguesas territorialmente descontínuas(Prozelo-Este e Prozelo-Oeste, separada por Ferreiros).
Amare, inicialmente denominada de "Marrecos", é uma vila e sede do concelho antigamente denominado de entre-Homem e Cavado de que era senhores os Condes da Figueira.
Integrava o concelho de Entre Homem e Cávado, extinto em 31 de Dezembro de 1853, data em que passou para o concelho de Amares. Durante o nascimento de Portugal, notabilizaram-se dois dos seus filhos, Mem Moniz, na conquista de Santarem, e Gualdim Pais, o famoso mestre dos Templários, responsável pela construção do castelo de Tomar e de Almourol, de entre outros. Não consta que tivesse foram antigo, recebeu primeiro foral em 1514 por D. Manuel I, este foral serviu também para Caldelas, Figueiredo, Odivelas e Perozelo.
A povoação é muito modesta mas proporciona paisagens aprazíveis com extensos laranjais, olivais e pinhais. Possui importantes casas brasonadas antigas nas suas imediações como a Torre de Castro ou Casa da Torre em Carrazelo, Torre do Outeiro, a Casa da Tapada em Fiscal, onde se refugiou o poeta seiscentista Sá de Miranda, as ruínas do velho Solar de Dornelas e a Torre dos Vasconcelos em Ferreira ou Feira Nova, objecto ora em análise.
Armas: Escudo de verde, com torre de prata aberta, iluminada e lavrada do campo, entre dois malhos de ferreiros de ouro, postos em pala, campanha diminuta de três burelas ondadas de prata e azul. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro; «FERREIROS - AMARES». (D.R.III Série nº 125, de 28/05/04)
Foto: SIPA, 1993
As ruínas da Torre de Vasconcelos, popularmente referida como Casa dos Mouros, e sua honra localizam-se na freguesia de Ferreiros, concelho de Amares, edificada num esporão de terreno sobranceiro à Ribeira de Bárrio, perto do lugar de Vasconcelos, as ruínas actualmente existentes, constituem os vestígios de um dos raros paços de origem românica no país.
Foto: joseolgon, 2019.
A mais antiga referência à Honra de Vasconcelos remonta a data de 1258, mencionada nas Inquirições de D. Afonso III. Alguns autores apontam que esta Torre ou outro edifício que então tutelava a honra, vinha já do tempo de D. Egas Fafes, no século XII. Desconhece-se todavia se a propriedade já tinha estrutura de cariz militar aquando da posse da família Vasconcelos, ou se pelo contrário terão sido eles a construir a primeira torre.
Com maior certeza se afirma que esta Torre existiria já em meados do século XIII e que pertencia aos irmãos Pero Anes de Vasconcelos e Rodrigo Anes de Vasconcelos, filhos de D. João Peres de Vasconcelos(c.1200-1260), "O Tenreiro", Cavaleiro que fez grandes proezas na conquista aos mouros da cidade de Sevilha, capital da Andaluzia, ao serviço de D. Fernando III de Castela., era casado com D. Maria Soares Coelho, nascida em 1210. D. João Peres de Vasconcelos era filho de D. Pedro Martins da Torre, nascido em 1160, e senhor da Torre de Vasconcelos e de D. Teresa Soares da Silva, nascida em 1160 e que foi a sua segunda esposa.
Foto: Visitar Portugal.
Reza a história que a "Honra de Vasconcelos" teve origem na ascensão do verdadeiro sentido da palavra, intimamente ligada à honra da família dos Vasconcelos, na sequência de um episódio protagonizado por João Peres de (Vasconcelos). João Peres terá sido o primeiro da família a usar o apelido Vasconcelos, até então associado apenas a um lugar. Na época do conturbado reinado de D. Sancho II, João Peres de Vasconcelos recusa-se a comparecer nas cortes, nem enviou representante de defesa para uma grave acusação de assassinato que lhe era imputada. Este ato custou-lhe um julgamento à revelia.
Desta feita a família Vasconcelos toma para si o poder da região, entre o Rio Homem e o Rio Cávado. Possuidores de grande parte das terras sendo estas fortificadas, impediam a entrada das gentes reais como os juízes, tabeliães, mordomos e porteiros, teve assim poder suficiente para desafiar a autoridade real.
O domínio dos Vasconcelos manteve-se durante os reinados de D. Sancho II e D. Afonso III, com a subida de D. Dinis ao trono, o monarca "havia proibido a construção destas casas fortificadas a não ser com sua expressa autorização", e constrói a Torre de Penegate, como contra-ofensiva, esta fortificação tinha a função de proteger Mem Rodrigues de Vasconcelos no cargo que então ocupava, o de Meirinho-mor do soberano na região de Entre-Homem-e-Cávado, onde a autoridade real era contestada por Pedro Anes de Vasconcelos, tio deste Meirinho-mor.
A torre construiria sobre um afloramente rochoso, apresenta uma planta quadrangular de mais de seis metros de lado, do que em parte se mantém, conserva o seu portal em ogiva, orientado para nascente Uma porta grande, rasgada no mesmo tipo de arcatura, que servia para fazer a ligação com o corpo do edifício anexo.
Por volta do século XIV, já no final da idade média, adossou-se um segundo corpo à face poente, que desempenhou as funções de residência. Este apresenta eixo longitudinal ligeiramente desviado em relação à torre, desenvolvendo-se em planta rectangular de aproximadamente 15 metros. Esta parcela do conjunto está também muito destruída, originalmente, teria um ou dois pisos sobradados, pelo menos, mas o actual estado de ruína revela somente a estrutura do andar térreo, cujo acesso se fazia por porta de arco de volta perfeita voltada a norte.
Foto: Torres, Castelos e Fortalezas, 2018
O conjunto monumental constitui um dos exemplares melhore preservados e mais completos das "domus fortis" dos séculos XIII e XIV, este acesso ao interior abre-se no piso térreo e não em posição elevada a necessitar de escada amovível, o que pode denunciar a época precoce da sua construção, ainda vinculada às dominantes românicas.
Segundo alguns autores, durante o século XVI terão sido efectuadas algumas reformas nos edifícios, todavia, não restam hoje quaisquer vestígios dessa eventual empreitada. Em 1638, uma informação documental certifica que a torre elevava-se em mais cinco metros acima do ponto mais alto da ruína que actualmente existe, mas os últimos séculos de abandono, foram demasiado duros para com o edifício. Estudos arqueológicos levados a cabo por Mário Barroca entre 1988 e 1989, concluíram que não existiram alí outras construções de relevância histórica para o lugar.
No inicio do século XIX era senhor desta casa, D. Luís Machado de Mendonça Eça Castro e Vasconcelos, moço-fidalgo da Casa Real, descendente dos Condes da Figueira, 10.º senhor das Terras de Entre Homem e Cávado desta Quinta da Torre em Ferreiros, do vínculo dos Mendonça Avé-Maria, alcaide-mor de Mourão e da Vila do Casal, da comenda da Vila de Seixo do Ervedal e do Casal de Semeice, entre outros, na Ordem de Avis.
Encontra-se classificada como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto 37077 de 29 de setembro de 1948.
Pertencia à família uma capela erigida ao orago de Santa Luzia, que apesar das actuais feições resultarem de uma reforma empreendida pelos séculos XVII-XVIII, a sua origem é também medieval, como o atesta a inscrição sobre o portal.
Este pequeno templo religioso está edificado a escaços metros da torre e apresenta uma planta longitudinal, formado por uma única nave e uma capela-mor. A fachada é em empena triangular, com o rasgo do portal principal e duas pequenas janelas laterais. Todos os rasgos apresentam verga recta. É rematada por seis pináculos piramidais, assentes num soco quadrado.
Possuía uma imagem tardo-gótica de Santa Luzia que, segundo alguns entendidos, terá substituído uma outra, consagrada a Nossa Senhora com o Menino.
Fontes:
"Ruínas da Torre e Honra de Vasconcelos / Casa dos Mouros", Direção geral do Património Cultural;
"Ruínas da Torre e Honra de Vasconcelos / Casa dos Mouros", Sistema de Informação para o património Cultural, texto de Isabel Sereno e Paulo Dordio, 1994;
Arquivo digital: Wikipedia;
Arquivo Digital: Visitar Portugal - Enciclopédia das Localidades Portuguesas;
Arquivo digital: geneall.net;
Arquivo digital: geni.com;
Arquivo Digital: Visitar Portugal - Enciclopédia das Localidades Portuguesas;
Arquivo digital: geneall.net;
Arquivo digital: geni.com;
Descobri, pelos meus estudos genealógicos, que sou descendente dos Vasconcellos... Estou no Brasil e gostei muito do seu estudo. Obrigada!
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