Aldeia de Sigoeira, Alvaiázere, 2012
Alvaiázere é uma vila do distrito de Leiria e da diocese de Coimbra, localiza-se a sul da província da Beira Litoral, integrando a Comunidade Intermunicipal da Região de Leiria no Centro de Portugal. Fica numa encosta fronteira à serra homónima que se eleva a Este e se desdobra em quatro direcções divergentes, cada uma com designação própria, ou seja, serra de Almoster, serra da Mata, serra de Pousa Flores e serra de Santa Margarida.
É sede de um município subdividido em 5 freguesias (Almoster, Alvaiázere, Maçãs de Dona Maria, Pelmá, Pussos São Pedro). O município de Alvaiázere é limitado a norte pelo município de Ansião, a nordeste e leste por Figueiró dos Vinhos, a sueste por Ferreira do Zêzere, a sudoeste por Ourém e a oeste por Pombal.
Brasão do Município de Alvaiázere
De prata, uma oliveira arrancada de verde, acompanhada em orla de doze trevos também de verde. Coroa mural de quatro torres de prata. Listel branco com as letras «Vila de Alvaiázere», de negro.
Alvaiazer foi fundada por D. Sancho I que lhe outorgou foral em 1200, todavia ali já existia uma povoação moura da qual ainda subsistem alguns vestígios. Em 1388 a povoação de Alvaiázere foi elevada a categoria de vila por D. João e em 1514 recebe novo foral por D. Manuel I. A região é um dos mais importantes centros de de produção de azeite do país, constituem também também um importante factor económico a actividade agro-pecuária com criação de gado suíno e exploração de madeira de pinho bravo e eucalipto, a produção de vinho, sobretudo na freguesia de Pelmá. O concelho é ainda rico em mármore de grande qualidade e minhas de ferro.
Aldeia de Sigoeira, Alvaiázere, 2018
Fotografia de micaelssousa
A Aldeia da Sigoeira localiza-se na freguesia de Maças de Dona Maria, concelho de Alvaiázere, fazendo fronteira com o concelho vizinho de Figueiró dos Vinhos. Maçãs de Dona Maria foi sede de concelho até 1855, passando a fazer parte do concelho de Figueiró dos Vinhos, no entanto, é anexada ao concelho de Alvaiázere a partir de 1898. Maças de Dona Maria deve o seu nome ao facto de ter pertencido a D. Maria Pais Ribeira, amante de D. Sancho I de Portugal, que lha doou.
Aldeia de Sigoeira, Alvaiázere, 2013
Localizada em plena serra de São Neutel, adossada à crista de um maciço rochoso, em perfeita harmonia com a natureza, a pequena aldeia de Sigoeira encontra-se isolada, rodeada de bouças e terrenos de cultivo, a aldeia esta munida de frágeis vias de comunicação. Pelo menos até aos anos setenta do século XX, população vivia de uma agricultura de subsistência e pastorícia, altura pela qual se verificou o êxodo da mesma.
Sigoeira foi durante décadas uma aldeia parada no tempo, a sua localização de difícil acesso numa encosta escabrosa por entre penhascos condicionou de forma determinante a sua evolução. Os casebres de arquitetura vernácula rudimentar, alguns embutidos na rocha confundindo-se com a paisagem, deixam adivinhar uma vida cheia de dificuldades para os seus residentes, a electricidade não existia, curiosamente chegou recentemente, quando já não havia habitantes na aldeia, não havia televisão nem água e muito menos conforto.
Quando de Candidatura PROVERE - Recuperação de Aldeias de Xisto, EEC Rede das Aldeias do Xisto, ADXTUR, 2009.
De acordo com um levantamento efectuado pela ADXTUR (Agência para o Desenvolvimento Turístico das Aldeias do Xisto), na aldeia existiriam cerca de 34 habitações unifamiliares, todas unidas por uma única rua ou acesso. Nas povoações montanhosas as casas de pequenas dimensões, eram organizadas em pequenos espaços de forma um tanto ou quanto aleatória e labiríntica, formando ângulos que dificultavam a passagem do vento pelos arruamentos.
Aldeia de Sigoeira, Alvaiázere, 2018
Fotografia de micaelssousa
Na arquitectura vernácula despretensiosa, empreendida na construção das casas, eram utilizados materiais como a pedra e a madeira, sendo que é a pedra a que mais se destaca e evidencia, por todas as casas serem sustentadas e construídas pedra após pedra. Com efeito, as paredes são de pedra granítica de duplo paramento em alvenaria de pedra seca, contrariadas de forma o vento gélido do inverno não entre no interior. No exterior as casas exibiam um aspecto tosco, com pedras mal aparadas cujas frestas outrora preenchidas com musgo de forma a impedir a entrada do vento.
Aldeia de Sigoeira, Alvaiázere, 2018
Fotografia de micaelssousa
As coberturas, onde hoje exibem vestígios de telhas, eram compostas por colmo sobre vigamentos de madeira que apoiava directamente na alvenaria. Estas coberturas em comparação com os primeiros telhados, possuíam propriedades de isolamento e impermeabilização muito
superiores, que se revelaria também numa desvantagem, considerando as escassas aberturas que as casas possuíam para permitir o arejamento, principalmente considerando que as casas na sua maioria incorporavam lareira e fornos interiores.
A presença de pequenos fornos existentes nas coisinhas dos casebres, eram representativos da presença do cultivo de milho e centeio e da abundância de lenha, que permitiam a confecção do próprio pão em sua casa. Em outras povoações maiores e de culturas mais diversificadas, existiam fornos comunitários, o aquecimento do
forno era aqui compartilhado por toda a comunidade.
Recorte do "O Alvaiazerense" de 30 de junho de 2011;
Depois do abandono nos anos 70, a aldeia foi-se deteriorando chegando aos dias do século XXI em pleno estado de ruína, uma grande perda considerando que o turismo rural começa a ganhar expressão neste mesmo período. Assim, a autarquia, considerando que a mesma possui características potenciais e atributos turísticos, em 2009 pede a elaboração de um estudo que permita a avaliação de uma candidatura comunitária de apoio à sua requalificação, em 2011 são assinados contratos para a primeira fase da recuperação da Aldeia da Sigoeira, entre a Câmara Municipal de Alvaiázere e a empresa Joaquim Rodrigues da Silva e Filhos Lda. Estes projectos incluiam a criação de infraestruturas básicas de águas, saneamento básico, águas pluviais, iluminação pública, acessibilidades, muros e pavimentações, que foram realizadas durante o anos de 2012.
Aldeia de Sigoeira, Alvaiázere, 2018
Fotografia de micaelssousa
A ideia do município de Alvaiázere foi criar condições que proporcionassem o investimento privado no local, promovendo a revitalização da aldeia e dar um forte contributo para a recuperação e dinamização das casas aí existentes, fazendo deste pequeno lugar um óptimo ponto turístico para quem procura o mundo rural para viver ou apenas para o lazer, trazendo assim uma nova vida a esta terra, á luz do que foi um dia.
Foram dados os primeiros passos para que a Aldeia da Sigoeira seja reconstruída com o intuito de ser integrada na rota das Aldeias do Xisto, o problema que se coloca e que estará na origem da especulação de avançar ou não com o investimento, é que existem outras aldeias já completamente reabilitadas e integradas no roteiro que não tiveram à procura esperada e que se encontram desertificadas.
"A Villa de Alvaiázere", Archivo Histórico de Portugal, 1.ª Série, n.º 12, outubro, de 1889;
O Alvaiazerense, Ano XXIX, N.º 348, 30 de junho de 2011;
O Alvaiazerense, Ano XXXVII, N.º 440, 20 de fevereiro de 2019;
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