sexta-feira, 31 de maio de 2019

Antiga Igreja Matriz de Alcanena (Extinta)

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Igreja Matriz de Santa Maria, Alcanena, c.1910.
Bilhete Postal, Editora Emídio Lourenço da Silva, Alcanena.

1.ª Igreja Matriz de Santa Maria, 1627;


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Igreja Matriz de Santa Maria, Alcanena, c.1910.
Bilhete Postal, Editora Emídio Lourenço da Silva, Alcanena.

A Igreja erigida na Praça Marechal Carmona em Alcanena, foi construído em 1627 e desde o inicio foi dedicada ao oraco de Santa Maria. A Paróquia de São Pedro, em Alcanena é criada em 1758 e doada a José de Mascarenhas, 8.º Duque de Aveiro, morto na sequência do celebre Processo dos Távoras em 1759, data a partir da qual a vila passa para a Coroa.

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Brasão de Alcanena, s/d
Bilhete Postal, Edição Câmara Municipal de Alcanena, In Delcampe.net

Alcanena é um conselho conquistado pela força da sua população, as localidades de Alcanena e Minde são as principais povoações e centros da industria de curtumes e lanifícios. Alcanena foi desde sempre um localidade do povo, são poucos os vestígios da presença senhorial apesar da sua antiguidade, pois foi reconhecida a presença muçulmana e judaica na região. A sua conquista como referência nacional nos curtumes de peles, deve-se sobretudo a presença dos três elementos essenciais, agua do Rio Alviela, abundante criação de gado e árvores cujas cascas ricas em tanino, substancia essencial para a conservação das peles e provavelmente ao factor experiência herdada pelos povos ancestrais que habitaram a regiam

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Capa do livro "São Pedro d’Alcanena – Estudos e Documentos da Antiga Freguesia”, 2015
Autoria do Historiador e politico  Gabriel de Oliveira Feitor.

Como "terra liberal por excelência" que era, Alcanena desde cedo se demonstrou como forte apoiante de causa republicana em detrimento do poder real e eclesiástico, um lema ao qual ficou indissociavelmente ligada “Para o País a República, para Alcanena o Concelho”. Desta feita, já nos finais do século XIX se denotava um ambiente de hostilidade em relação à igreja, os novos pensamentos eram liderados, sobretudo, pelos industriais de curtumes, personalidade emergentes no poder local, cuja aversão à igreja se acentua após a vitoria do poder Republicano.
Com efeito, se a 5 de outubro de 1910 foi proclamada a Republica, a 8 de maio de 1914 é elevada a vila e sede de concelho pela Lei n.º 156, o prometido foi cumprindo. 
Nesta sequência, o Pároco de São Pedro de Alcanena, Francisco Brás das Neves, natural do Pedrógão, apoiante da causa republicana, por contrariar as instruções dimanadas do Patriarcado, reforma-se compulsivamente e encabeça uma Junta Paroquial formada por gente fortemente hostil à Igreja.


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Folhetos Publicitários da conferencia do 1.º Centenário do incendeio da Igreja de Santa Maria, 2015.
Site da Câmara Municipal de Alcanena.

Na sequência destes "incidentes" o Patriarcal de Lisboa, ordena a interdição ao culto na igreja em 1911, e apesar de, logo a seguir, o Pároco se ter publicamente retratado e pedido perdão, o poder eclesiástico não recuou na sua decisão.
Nos princípios de 1915, com os ânimos sociais mais calmos e moderado o ambiente político e social, as autoridades que nessa altura governavam determinaram a reentrega da Igreja ao Patriarcado e a sua reabertura ao culto. A 13 de Abril de 1915 compareceu em Alcanena o Vigário da Vara de Torres Novas para receber as chaves da Igreja e para reabrir o templo. Todavia, a Junta de Paróquia transmitiu que pretendia que a abertura fosse marcada pela presença de todos os seus membros, pedindo que a mesma fosse remarcada para o dia 15, ou seja, dois dias depois.
O que se passou em seguida, é ainda hoje uma incógnita, na madrugada do dia 14 de abril de 1915, a igreja foi incendiada, e as responsabilidades estão ainda por apurar, apezar das evidentes suspeitas, não foram reunidas provas suficientes para condenar um responsável.
O incêndio que devorou a igreja, também consumiu todo o seu recheio, entre o qual a imagem de Nossa Senhora da Soledade, muito antiga e de aparência gótica.

A memória deste célebre incêndio está inclusive registada no site da Câmara de Alcanena, nas informações sobre a igreja que se construiu, nas proximidades, em 1921.

2.ª Igreja Matriz de São Pedro, 1921;


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2.ª Igreja Matriz de São Pedro de Alcanena, aspecto atual
Foto reproduzida do site:allaboutportugal.pt

Depois do triste episódio, foi necessário construir uma nova igreja, desta vez ao orago a São Pedro, a 17 de Julho de 1921 era inaugurado o novo templo de características revivalistas, erguido no centro da povoação. Ao contrário do que é normal, o novo templo não foi construído no local da antiga Igreja Paroquial de Alcanena, destruída por um incêndio em 1915, uma vez que na sequência de escavações, foram encontrados elementos arqueológicos, que o impediram. 
O corpo central, formado por uma única nave, rematado por uma torre sineira, esta igreja tem na fachada um portal ao gosto neogótico em arco redondo e arquivoltas. No interior, de linhas simples, para além de uma imagem setecentista de S. Pedro, padroeiro da vila, encontra-se um Cristo Crucificado de grandes dimensões, ambos provenientes do Mosteiro das Francesinhas. A capela-mor é separada por um arco e tem um altar em mármore assente em duas colunas.

3.ª Igreja Matriz de Santa Maria, Mãe de Deus, 1998;



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3.ª Igreja Matriz de Santa Maria, Mãe de Deus, Alcanena, aspecto atual
Foto reproduzida do site: radiohertz.pt

Depois da Igreja de Santa Maria, destruída pelas chamas, e da igreja de São Pedro, inaugurada na década de 20, surgem novas necessidades paroquiais, e é neste sentido que a 20 de Junho de 1998, inaugurava-se a nova Igreja de Santa Maria Mãe de Deus, junto da qual foi construído um complexo paroquial, inaugurado no ano de 2000, que no conjunto foi baptizado de "Complexo Paroquial Jubileu 2000". Para além da Igreja de Santa Maria, Mãe de Deus, possuidora de uma arquitectura religiosa moderna, o complexo inclui também uma capela mortuária, salões e bar para iniciativas paroquiais.


Fontes:

Artigo" Alcanena | Praça histórica sofreu várias obras mas subsolo nunca foi estudado", Jornal Médio Tejo, Texto de Cláudia Gameiro, Outubro, 2018;
Site da Câmara Municipal de Alcanena;

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Cinema Sado e Fábrica de Pinhões, Alcácer do Sal

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Cinema Sado e Fábrica de Pinhões, Alcácer do Sal, 2017.
Foto extraída do Google Maps, 2019.

Os edifícios onde outrora funcionou uma fábrica de descasque de pinhão e no seu quintal se desenvolveu um cinema ao ar livre, localizam-se na Avenida João Soares Branco em Alcácer do Sal,  num zona antiga da cidade conhecida como Cabo de São Pedro. Em frente ao edifício, existe hoje o Parque de Estacionamento dos Pescadores.


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Heráldica - Brasão da cidade Alcácer do Sal, 1860-1862.
Bilhete Postal n.º 57, Edição Cultarte Editora, In delcampe.net.

Ao entra em Alcácer do Sal pela Ponte Metálica, ao longo do rio Sado, estende-se a montante o Cabo da Vila e a jusante o Cabo de São Pedro, estas zonas funcionavam como cais de pesca, actividade que constituía um dos recursos que fazia a riqueza da terra. Para alem de consumo próprio, o pescado permitia não só o seu envio para outras regiões, como para a exportação. Nesta zona nos arrabaldes do castelo, foi construído mais tarde o porto, os Paços do Concelho e os estaleiros que estabeleciam as ligações para Setúbal, Lisboa e Norte da Europa. No século XV a XVII o comércio do sal constituiu uma das mais importantes actividades económicas do Sado, já no século XIX observaram-se grandes mudanças na paisagem, as grandes salinas são substituídas por extensões de arrozais, e esta economia prolifera ainda hoje.

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Edifício do Sr. Marcelino Rebelo, Cabo de São Pedro, inicio do século XX.
Arquivo Histórico Municipal de Alcácer do Sal.

Na ribeira, a partir do século XV, novas casas são construirias na artéria principal, paralela ao rio. Esta artéria passou a exibir as casas mais ricas da cidade, pertencentes a mercadores, fidalgos e outras figuras públicas. A maioria das casas apresentavam lojas no andar térreo, pois havia necessidade de espaços de armazenagem perto do porto.  Mais afastadas da praça velha, surge outro tipo de moradores, com grande variedade de profissões, desde mesteirais a gente ligada mais ao mar e à construção naval.

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Vista sobre a margem da cidade Alcácer do Sal, c.1945.
Bilhete Postal, Alcácer do Sal - Vista do Castelo, In delcampe.net.

A partir da década de setenta do século XIX as carreiras fluviais entre Setúbal e Alcácer passam a ser asseguradas por lanchas a vapor, os estaleiros de Alcácer ainda laboraram pelo menos até meados do século vinte, onde reparavam várias embarcações específicas do Sado. O transporte fluvial perde a sua intensidade com a  inauguração dos caminhos-de-ferro em 1920 e a construção da ponte metálica em 1945.  A partir de então  o Sado começa a ser visto como um factor de desenvolvimento cultural, com vista a enobrecer Alcácer do Sal, sobretudo no ponto de vista turístico.

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Edifício do Sr. Marcelino Rebelo, Cabo de São Pedro, Alcácer do Sal, c.1940.
Arquivo Histórico Municipal de Alcácer do Sal.

Desconhece-se a data exacta da construção da Casa do Sr. Marcelino Rebelo, ou pelo menos a partir de que momento passou a exibir o aspecto que ainda hoje mantém. Todavia, o seu inteiro sofre obras profundas nas primeiras décadas de XX, a arquitectura exterior reportará certamente ao século XIX, sendo certo também,  que no seu lugar,  já existiria um  edifício primitivo.

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Interior da Fábrica de Pinhões do Sr. Marcelino Rebelo, Cabo de São Pedro, Alcácer do Sal, s/d.
Arquivo Histórico Municipal de Alcácer do Sal.

Alcácer desenvolveu uma tradição na preparação de pinhões e dos característicos doces denominados “pinhoadas”, ainda hoje são várias as fabricas que se dedicam à preparação e exportação de Miolo de Pinhão. Na década de 20 também Marcelino João Rebelo dá os primeiros passos nesta nesta industria, experimentado negociante,  no  edifício havia já uma taberna e agora passou a acolher a fábrica de preparação de pinhões. Também lhe eram conhecidos outros negócios na área energética fóssil, (carvão) e comércio de animais vivos. Na foto anterior podemos observar um grupo de funcionários que operavam nas instalações da sua casa, na direcção do senhor que rodava a manivela, entre as duas senhoras sentadas, posa o senhor Marcelino João Rebelo.

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Sena sobre projecção de cinema na praça, Filme Cinema Paradiso , 1988,
Frame extraída do filme Cinema Paradiso, Giuseppe Tornatore, 1988, In IMDB;

Muitas actividades culturais como o teatro e o circo, foram durante muitos anos apenas acessíveis às cortes e ás classes sociais mais elevadas, nomeadamente o teatro de Gil Vicente no século XVI. Só a partir do século XVIII, as grandes salas de espectáculos são construídas, mas apenas nos grandes centros urbanos. Os espectáculos só começam a ser acessíveis a generalidade da população por volta do século XVII, em muitos lugares eram improvisados barracões para acolher espectáculos de carácter itinerante. Em Alcácer do Sal o primeiro teatro, Teatro Pedro Nunes, é inaugurado no final do século XIX, relativamente tarde, considerando que estamos perante uma das ex-vilas mais antigas de Portugal.

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Car Park Cinema ou Drive-in Cinema, 2011.
Foto de  Andrew Valko publicada em begavet.tumblr.com, 2017.

O cinema ao ar livre começou em Berlim em 1916, no verão as praças enchiam-se de projectores, de cadeiras e de famílias. A estreia de filmes de Hollywood chegavam mesmo a ser fora de portas e com direito à presença dos atores. A coisa foi ficando mais modesta e Hollywood trocou o imaginário do cinema a céu aberto, por filmes vistos dentro de carros.

"No escurinho do cinema
Chupando drops de aniz
Longe de qualquer problema
Perto de um final feliz

Se a Deborah Kerr que o Gregory Peck
Não vou bancar o santinho
Minha garota é Mae West
Eu sou o Sheik Valentino

Mas de repente o filme pifou
E a turma toda logo vaiou
Acenderam as luzes, cruzes!
Que flagra!
Que flagra!
Que flagra!"

Letra da Musica "Flagra", Rita Lee

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Cinema Sado e Fábrica de Pinhões, Alcácer do Sal, 2017.
Foto extraída do Google Maps, 2019.

Em Alcácer do Sal a 7.ª arte chega da década de 30 pela iniciativa de Marcelino Rebelo, por esta época, o empresário aberto ao público um cinema ao ar livre, o "Cinema Sado", como foi baptizado, foi improvisado no quintal fronteiriço à casa onde Marcelino tinha já instalada a fábrica de pinhões.

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Sena sobre projecção de cinema na praça, Filme Cinema Paradiso , 1988,
Frame extraída do filme Cinema Paradiso, Giuseppe Tornatore, 1988, In IMDB;

Numa época em que os filmes ainda eram mudos, as fitas eram exibidos a preto e branco acompanhados por musica ambiente de gira-discos. As projecções eram efectuadas sobre a fachada , os filmes e a máquina de projecção portátil, eram alugados. O quintal era vedado de forma a garantir alguma privacidade a quem assistia confortavelmente nas bancadas às primeiras experiências visuais  com a foto em movimento. Não é de mais referir que em meados da década de 30, também a televisão dava os primeiros passos em Portugal.

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Cinema Sado e Fábrica de Pinhões, Alcácer do Sal, 2019.
Foto extraída do Google Maps, 2019.

A abertura do Cine-teatro Campino, no início da década de 50, ditou o fim do Cinema Saldo que por desenvolver a actividade ao ar livre, nas épocas de inverno não podia garantir o conforto necessário para os clientes. E convenhamos que é essencial  a existência de uma sala de cinema numa cidade com grande população, nos anos 50, a população do concelho era superior a 22 mil habitantes.

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Cinema Sado e Fábrica de Pinhões, Alcácer do Sal, 2019.
Foto extraída do Google Maps, 2019.

Hoje o edifico encontra-se fechado de uma forma quase que definitiva, este é apenas mais um com uma bonita historia que ficou certamente na memória da população mais avançada de Alcácer do sal.
Pela localização privilegiada, sobranceira sobre o Sado, que o edifício Cinema Sado apresenta, é duplamente triste e até doloroso, assistir à degradação em que se encerra.


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Cinema Sado e Fábrica de Pinhões, Alcácer do Sal, 2017.
Foto extraída do Google Maps, 2019.

Em pleno século XXI, o cinema voltou às principais praças do país, durante o verão, multiplicam-se as iniciativas e promoção de eventos que contemplam sessões de cinema ao ar livre e de forma gratuita. São alguns exemplos promotores deste tipo de actividades, o Município de Lisboa, Maia, Vila Real de Santo António, Viseu, entre muitos outros. Desde 2013 que esta iniciativa se tem multiplicado e são cada vez mais as cidades a aderir. 

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Cinema ao ar livre no centro Histórico de Viseu, 2018.
Foto reproduzida do Jornal do centro, Publicação de julho de 2018.

Esta medida cultural acaba por sensibilizar e despertar o gosto pelo grande ecrã ao fazer chegar ao grande público o cinema que não chegaria de outra maneira. 
Por outro lado, não se coloca a questão de concorrência desleal com a industria de distribuição de cinema, uma vez que os filmes exibidos não estão em cartaz, há já vários anos.
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Fontes:
"Do Castelo à Ribeira – a urbanização de Alcácer ", Comendas Urbanas das ordens Militares, Texto de Maria Teresa Lopes Pereira, 2016;
Artigo "Onde ver cinema ao ar livre", Jornal Expresso, Texto de Ana Maria Pimentel, Julho, 2017;
"Rio Sado - Atlas do Sudoeste Alentejano", Publicações CIMAL;
"Instantâneos: o cinema que era uma fábrica" - O Sal da História, fevereiro, 2019;

Cine-Teatro e Restaurante Campino, Alcácer do Sal

Escultura Metálica "O Campino", fixada na fachada do Cine-Teatro Campino, 2014. 
Fotografia reproduzida de: quintaisisa.blogspot.com;

O Cine-Teatro e Restaurante Campino, localiza-se na Avenida dos Aviadores Gago Coutinho e Sacadura Cabral, n.º 27 e 29 em Alcácer do Sal. Desenhado e construído pelo arquitecto Amílcar Silva Pinto, o edifício foi concebido para acolher simultaneamente as funções de cinema, teatro, restaurante, bar e esplanada. A sala de espectáculos foi inaugurada em 1950 com o filme "Frei Luís de Sousa" de António Lopes Ribeiro.

Heráldica - Brasão da cidade Alcácer do Sal, 1860-1862.
Bilhete Postal n.º 57, Edição Cultarte Editora, In delcampe.net.

Alcácer do Sal é uma das ex-vilas portuguesas mais antigas da Europa, fundada ainda no tempo dos Fenícios, pela próxima à Reserva Natural do Estuário do Sado e atravessada pelo mesmo rio, desde cedo se mostrou uma localização muito apreciada, quer pelos recursos naturais que possuía, quer pelas condições propicias ao tráfego comercial.

"E vós também, ó terras transtaganas
Afamadas co dom da flava Ceres,
Obedecendo às forças mais que humanas
 Entregando-lhes os muros e os poderes:
 E tu, lavrador Mouro que te enganas,
Se sustentar a fértil terra queres;
Que Elvas e Moura e Serpa conhecidas,
 E Alcácer do Sal estão rendidas"

Lusíadas, Luís Camões


Campino, Províncias de Portugal - Estremadura.
Bilhete Postal, Edições Diário de Noticias, In delcampe.net.

A região dedicava-se ao fornecimento de sal, peixe salgado e cavalos para exportação, os campinos fazem parte da história e tradição da região desde há muito, factor determinante na atribuição do nome ao edifício, evidente também na escultura ostentada pela fachada, "O Campino".

Ante-projecto, Alçado Principal - Cine Teatro de Alcácer do Sal, 1948.
Espólio de Amílcar Pinto, Arquivo Rodrigo Pessoa, reprodução de 2011.

O projecto do Cine-teatro Campino foi durante muitos anos atribuído erradamente a Martins Júnior, Ld.ª, que durante um estudo aos cine-teatros portugueses, levado a cabo por Susana Peixoto da Silva e publicado intitulado de "Arquitetura de Cine Teatros: Evolução e Registo [1927—1959] ", o engano foi desfeito e o verdadeiro autor identificado. Amílcar Pinto construiu o "Campino" em 1948, para alem deste projecto é autor também de outros dois Cine-teatros, o de Gouveia e Almeirim.

Cine-teatro Campino de Alcácer do Sal, recentemente inaugurado, 1950.
Fotografia do espólio de Baltasar Flávio Silva, reproduzida de uma publicação no facebook em 2019.

Em comparação ao projecto inicial, o edifício possui algumas diferenças evidentes, como por exemplo o telhado plano que foi substituído por telhados de duas e quatro águas, dos quatro volumes que compõem o corpo do edifício, o mais pequeno foi excluído, foram ainda alterados e eliminados alguns elementos decorativos, nomeadamente algumas janelas  do volume principal do edifício.

Fachada principal do Cine-Teatro Campino, 2015. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

O Campino é um edifício de grandes dimensões, apresenta-se organizado em sete volumes, corpos de volumetrias diversificadas numa equilibrava composição geométrica verificada também na esquadria de portas e janelas.

Fachada principal do Cine-Teatro Campino, 2017. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Amílcar Silva Pinto, 2017;

Os volumes periféricos criam um equilíbrio assimétrico, organizados em frente de um volume maior, um bloco recuado mais elevado que corresponde às salas de espectáculos.

Interior do Restaurante Campino, 2015. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

Desde o inicio, o projeto contemplava, ao nível do rés do chão, um espaço de restauração que pudesse servir de apoio aos clientes do cine-teatro e outros clientes externos, desta forma, o projecto contemplou um salão de chã integrado no próprio edifício que mais tarde deu origem ao restaurante. Este espaço de socialização possuía uma frente de rua com entrada autónoma e ligação ao átrio do cine-teatro propriamente dito.

Interior do Bar e Sala de Concertos do Cine-teatro Campino, 2015.
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

Esta sala que se localiza ao nível inferior ao do pavimento da entrada principal, e superior ao da sala de espectáculos ou anfiteatro, é composto por bar, e um pequeno espaço para concertos que foi utilizado também como discoteca.
Este espaço tinha total autonomia em relação aos demais, pois para além de entrada independente do resto do edifício, possuía também as suas próprias instalações sanitárias.

Vista do interior de pormenor da porta de entrada do Cine-teatro Campino, 2015. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

A entrada para o Cine-teatro, era efectuada pelas duas grandes portas laterais, portas envidraçadas de linhas geométricas que foram simplificadas, em relação à composição do projecto inicial. 
No hall de entrada, á esquerda uma porta de acesso ao salão de chá /restaurante, em frente, no lado direito estava situada a recepção e bilheteira. 
No hall posterior, abria-se também uma porta para os lugares da plateia e umas escadas de acesso ao piso do balcão, onde duas portas dispostas nos extremos laterais distribuem os lugares.

Estacada de acesso ao 1.ª andar do Bar e Sala de Concertos do Cine-teatro Campino, 2015. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

A outra grande porta abria-se para uma escada  independente que se elevava até ao piso superior, onde estava situados a pequena sala de espectáculos e bar. Hoje por razões de segurança o acesso ao interior do edifício foi vedado.

Sala de Espectaculoso ou anfiteatro do Cine-teatro Campino, 2015. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

O anfiteatro localizava-se na parte anterior do edifício, correspondente ao volume de maiores dimensões que compunha o edifício, este volume apresentava a maior cota uma vez que foi construído numa cota abaixo do solo. A sala tinha capacidade para 720 pessoas, 534 na plateia, 105 no 2º balcão e 71 no 1º balcão (fonte carece de confirmação).

Sala para palestras, conferencias e representações do Cine-teatro Campino, 2015.
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

Esta pequena sala, situada no primeiro piso, era uma sala multi-funcional, servia para variados eventos desde palestras, conferencias e representações. Possuía uma lotação de 140 lugares.

Bilhete Postal - Café e Restaurante Campino, c. 1950. 
Arquivo de André Picaró. Reproduzido da publicação de José Raimundo Noras, 2013;

Em frente, a todo o cumprimento do passeio, funcionava uma esplanada bastante convidativa, tendo em conta que o edifício voltado para uma grande e simpática avenida, com uma praça longitudinal, que separava os dois sentidos de circulação da mesma.

Sala das maquinas de projecção de fita do Cine-teatro Campino, 2015.
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Alcácer século XX, 2015;

Amílcar Pinto desenvolveu vários projectos no domínio arquitectónico no contexto audiovisual, assumiu um compromisso com a modernidade num contexto politico, Estado Novo, em que até a arquitectura deveria manter uma vertente conservadora. Ainda assim, em simultâneo, conseguiu manter vários elementos de um discurso moderno e uma versatilidade constante nos edifícios dos CTT, Emissoras, Cinemas e Cine-Teatros. Nos seus projectos entre Santarém, Almeirim e Gouveia, Amílcar Pinto foi trazendo o cine-teatro à província desenvolvendo uma linguagem modernista, ainda que com alguns recuos ou reaproximação aos programas tradicionais.

Fachada principal do Cine-Teatro Campino, 2017. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Amílcar Silva Pinto, 2017;

Com efeito, hoje analisando a sua obra, em muitos casos as tipologias arquitectónicas associam-se a modelos formais, nos edifícios público está patente uma linguagem mais modernista, e os projectos habitacionais assumem uma predominância do tradicional, nomeadamente a arquitectura típica da "Casa Portuguesa". Em todo caso, cada projecto resulta numa variedade de factores, que vão, para lá da técnica ou gosto pessoal do arquitecto, desde a encomenda às normas jurídicas da época, ou até à actuação dos poderes locais.

Pormenor da fachada principal do Cine-Teatro Campino, 2017. 
Fotografia reproduzida da página do Facebook: Amílcar Silva Pinto, 2017;

Infelizmente a sala de espectaculoso fechou há já varias décadas, também as bilheteiras do Cine-teatro Campino se sentiram com o desenvolvimento de alternativas audio visuais acessíveis a todos, fruto da evolução tecnológica. Também os outros serviços acabaram por fechar por aparecerem novas ofertas, em todo o caso não será demais referir que o Restaurante Campino foi um dos mais populares restaurantes de Alcácer.


Empresário Sr. Dr. Francisco Serra Lynce:


Dr. Francisco Serra Lynce
Foto extraída da Revista de Turismo do Distrito de Setúbal, 1944.

Dr. Francisco Serra Lynce foi um empresário, sobre tudo agrícola, e benemérito, que gozou de um reconhecido prestigio em Alcácer do Sal.

Herdou de seu pai, José Serra Lynce, (um dos grandes mestres de lavoura do concelho de Alcácer do Sal e um dos pioneiros na cultura do arroz em Portugal), a Casa Agrícola Serra Lynce, um modelo agrícola, no ponto de vista de qualidade e técnica,com algum destaque na agricultura nacional. com origem na região do Vale do Sado.

A actividade desenvolvia-se sobretudo na produção de culturas e criação animal, organizada por duas grandes herdades - a Lezíria, que fica na margem do Sado, em frente de Alcácer do Sal, e a Herdade D. Rodrigo, já situada na freguesia do Torrão, muito rica em cortiças e arroz. Dedica uma grande atenção à sua Casa Agrícola, tém vários trabalhadores a seu cargo e revelava uma grande preocupação social com a população em geral.

A vertente cultural também lhe despertava interesse, com um espírito altruísta, faz-se sentir em todo o concelho de Alcácer do Sal, uma das suas iniciativas foi a criação do Cine-teatro Campino, encomendou o projecto de Amílcar Pinto em em 1948 e foi inaugurado em 1950,

Arquitecto Amílcar Silva Pinto (1891-1978):


Arquitecto Amílcar Silva Pinto.
Espólio de Amílcar Pinto, Arquivo Rodrigo Pessoa, reprodução de 2011.

Amílcar Marques da Silva Pinto nasceu em Lisboa a 12 de Março de 1890 e faleceu a 6 de Julho de 1978 na mesma cidade. Licenciado em arquitectura pela Escola de Belas Artes de Lisboa, iniciou cedo a sua vida profissional, ingressando no serviço público logo após a fase de tirocínio, estabelecendo-se num atelier situado na Rua do Ouro, desde 1919. 

Desde 1918 a 1927 desenvolveu projectos ligados ao serviço público, a sua formação clássica agradava ao regime, construiu escolas, de entre elas os seus projectos mais conhecidos são Escola Primária das Azenhas do Mar, Sinta e da Escola Primária de Vila Verde de Ficalho, Serpa. Nesta época realiza ainda alguns projectos de moradias nas Beiras e no Alentejo, modelos histórico-cultural "Casa Portuguesa" ou até com algumas influências revivalistas. O seu percurso fica marcado por rupturas e continuidades.

No anos 30 a construção do Pavilhão da Achiles Brito coincide com a ruptura das formas clássicas como uma espécie de modernidade disfarçada, porem os edifícios dos Emissores e das Estações CTT assumiam já uma modernidade aproximada dos paradigmas internacionais.

Em 1938  Amílcar Pinto projectou uma da suas obras mais emblemáticas onde aplicou de forma eximia o seu conceito de “moderníssimo ”, apesar de abandonado, o Teatro Rosa Damasceno em Santarém, é ainda assim uma das suas obras mais conhecidas.

A partir de 1946, Amílcar Pinto desvinculou-se do serviço público. O período do pós-guerra trouxe o regresso das concepções tradicionais à obra do arquitecto. Assim nos anos 50 e 60, volta aos modelos associados à corrente “Casa Portuguesa” com simplificações decorativas e formais. Moradias unifamiliares, de considerável dimensão e luxo são características neste período da obra de Amílcar Pinto. 
Partindo de um processo de simplificação do tradicional, Amílcar Pinto desenvolve formas decorativas recorrentes, as quais associadas ao cuidado da decoração interior (desenhada pelo próprio) assumindo um estilo particular. Ainda hoje referido por “Casa Amílcar Pinto”, em certas localidades ribatejanas.

Durante a década de 60, brindou-nos ainda com alguns projectos, sobretudo de habitação particular, onde reincorpora pormenores de modernidade que actualizam a sua arquitectura a um certo “modernismo regional”. É exemplo destas características  a Casa do Campino em Santarém de 1964. Objecto sem declarado valor arquitectónico, desfasado do tempo e da arte, mas que assume toda a simbologia da vivência tradicional do Ribatejo.

Amílcar Silva Pinto, um arquitecto português, hoje esquecido, mas cuja a obra se confunde com o percurso da arquitectura portuguesa do século XX, de entre as mais relevantes destacam-se:

Moradia da Quinta do Corjes, Covilhã, 1925;
Palacete na Rua Jacinto Freire de Andrade de António Joaquim Palma, Beja, 1925;
Escola primária as Azenhas do Mar, Sintra, 1927;
Pavilhão da Achiles Brito (Salão de Outono da Moda e das Artes Decorativas), Lisboa, 1927;
Casa para Magistrado (Biblioteca de Serpa), Serpa, 1928;
Mercado Municipal de Ponte de Lima, ponte de lima, 1931;
Emissora Nacional (Rua do Quelhas), Lisboa, 1933;
Emissora Nacional (Barcarena), Oeiras, 1933;
Café Central, Santarém, 1936;
Estação CTT, Ponte de Lima, 1936;
Estação CTT, Santarém, 1938;
Teatro Rosa Damasceno, Santarém, 1938;
Teatro Cine, Gouveia, 1942;
Teatro Cine Café Imperial, Almeirim, 1941;
Cine-Teatro e Restaurante Campino, Alcácer do Sal, 1948;
Hotel e Pastelaria Abidis, Santarém, 1942/44;
Moradia na Avenida Gago Coutinho e Sacadura Cabral, Santarém, 1955;
Prédios multifamiliares na Avenida 5 de Outubro, Santarém, 1965/67;
Casa do Campino, Santarém, 1964/66;

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Fontes:
"Amilcar Pinto - Um Arquitecto Português do Século XX", José Raimundo Noras, Coimbra, 2011;
"Projecto de Reabilitação do "Cine-Teatro "Campino" para Casa de Arte", Maio de 2011;
Revista de Turismo do Distrito de Setúbal - o concelho de Alcácer do Sal em 1944;

segunda-feira, 27 de maio de 2019

Empreendimento Ocean Ville Hotel em Albufeira


O Empreendimento Ocean Ville Hotel é um complexo turístico distribuído por três núcleos estruturais, disponíveis para os serviços de aparthotel, apartamentos e moradias, localiza-se nas colinas mais elevadas de  Albufeira, a pouco mais de dois quilómetros da Marina e a sete quilómetros do Parque Aquático Zoomarine. proporciona uma vista deslumbrante sobre a paisagem circulante, que inclue mar e serra.

O empreendimento levado acabo pela empresa Pluriholidays - Gestão de Empreendimentos Turísticos e Hoteleiros, S.A., foi construído a partir de abril de 2007 e foi inuagurado em 2008 com uma grande festa de "pompa y circunstancia", contou com famosos para apadrinharem o evento e flutes de chamapanhe para assinalar o momento.
O ambicioso projecto é composto por um aparthotel com 96 apartamentos e cerca de 80 fogos de habitação, entre apartamentos e moradias.

Aparthotel;


O hotel foi projectado de forma a tirara o máximo partido do meio envolvente, uma vista privilegiada sobre a baía com o Atlântico no horizonte. Construído sobre o cume da cidade de Albufeira, assume uma configuração em "C", cuja abertura foi orientada para o oceano, permitindo um maior ângulo de visão sobre o mesmo. 
Os seis blocos ligados que compõem o corpo do hotel, pela forma circular que assumem, abraçam uma grande piscina em "meia lua" limitada por uma esplanada e jardim.


Um dos muitos aspectos curiosos presentes na arquitectada do hotel, é a disposição dos dois andares de apartamentos suspensos por uma série de colunas em toda a sua extensão, com excepção das seis entradas que se destacam verticalmente entre os blocos e estabelecem a ligação entre eles e ainda os serviços anexos como o bar, restaurante, lavandaria e ginásio.
O efeito visual provocado pela construção suspensa, resulta na possibilidade dos clientes que desfrutam da piscina ou simplesmente se passeiam pelos jardins, poderem apreciar a paisagem ininterruptamente, de qualquer ponto de localização no hotel.


Este moderno complexo dispunha de vários luxos que se exigem a uma unidade hoteleira acima das três estrelas. A piscina incluía um bar e famílias com crianças podiam fazer uso do clube das crianças. A recepção estava abertas 24 horas e o restaurante oferecia uma variada coisinha da regional à internacional. Todos os quartos estavam equipados com AC, TV, telefone e kitchenette.
 

O empreendimento foi servido com bons acessos, ruas largas e alcatroadas, canteiros arborizados, parque infantil, jardins com bancos e sombras, piscinas e confortáveis instalações. 

Não faltava nada para que não lhe faltassem clientes, na verdade hoje faltam clientes e há já alguns anos que esta triste realidade se verifica, com a ausência destes, vão faltando coisas que já não fazem falta, no apoio desta triste realidade...

Apartamentos e Moradias;


Com o mar como pano de fundo, os fogos habitacionais oferecem acomodações confortáveis e luxuosos a famílias, casais e grupos pequenos. Os apartamentos e moradias, com variadas tipologias, ao mesmo tempo que permitem uma certa privacidade, disponibilizam também o acesso a todos os serviços oferecidos quer pelo hotel, quer por todo o empreendimento.


No interior, os apartamentos estavam equipados com kitchenette, microondas, frigorífico, forno e máquina de lavar, para além de acesso à Internet, ar condicionado e televisão. As instalações contam com bar, restaurante, lavandaria e ginásio, parque infantil e campo polidesportivo e piscinas.


Quando concluído, o empreendimento surpreendeu a população e os turistas, sobretudo pela sua dimensão, quem passa junto à marina, consegue ver o complexo que se ergue no alto da cidade. Chegou a estar pronto e totalmente equipado para habitar e dava pelo nome pomposo de Ocean View.

O declínio do Ocean Ville Hotel;



Na parte baixa da cidade, ninguém imagina o que se esconde para lá da imponte fachada. Só quem passa pelas Ruas do Bem Parecer notará o quanto mal lhe parece, a conservação do empreendimento. Hoje reservado aos seguranças que guardam as instalações desde que  foram desactivadas.



Ainda é possível, através de uma pequena pesquisa,  identificar ofertas de reserva e opiniões de antigos clientes em vários sites de reserva e roteiros de avaliação e recomendação turística. Não passa pela ideia de ninguém que um empreendimento com esta envergadura, possa ter encerrado após um ano de serviço.


Na verdade com a crise que se instala em 2008, relacionada com a "bolha imobiliária" e a crise bancária, a economia portuguesa é abalada, como também o é a economia europeia. No entanto o problema especifico do  Ocean Ville foi a dependência financeira que a sua subsidiária, a Sociedade Lusa de Negócio tinha com o BPN, que como todos sabem, fechou, depois de detectadas irregularidades, nomeadamente irresponsabilidade na gestão.



Com a crise de 2008, foram muitos os empreendimentos turísticos que sucumbiram, sobretudo pela dependência financeira que mantinham com as suas financiadoras, mas o Algarve, apezar de ter sido fortemente afectado, como de resto se apresenta, foi uma das regiões do país que melhor conseguiu  preservar a sua imagem.


Hoje o Ocean Ville Hotel representa um paraíso de betão, cimento e vidro sobranceiro à baía de Albufeira cuja vida que que recebe é predominantemente vegetal e fungi. Com efeito, são as ervas daninhas os musgos e fungos que compõem a paisagem.
Depois de fechar foi posto à venda, mas o avultado investimento ainda não despertou interesses reais. A administração sobre a TROIKA e o fraco crescimento interno foram factores condicionantes para o atraso no futuro do empreendimento, que insiste em não aparecer.

Um Futuro;



O mais recente interessado no Ocean Ville Hotel  é a DHM – Discovery Hotel Management, que na sequência de projectos que começou a implementar neste mesmo ano,  e que se prolongarão até 2020 ou 2021, estão os dois maiores activos da DHM, o Ocean Ville, em Albufeira, e o Sesimbra Bay, em Sesimbra. Segundo o Director da DHM, Sr. Francisco Moser,  estes dois hotéis estão no Fundo desde 2013 e que agora vai começar a desenvolver os projectos.

O Director da DHM,  em relação ao megaprojecto para o Ocean Ville Hotel,  avança que “neste momento já temos o master plan muito adiantado e estamos em conversações com uma marca internacional para, eventualmente, fazermos um contrato ou de franchise ou de management”. O que está decidido é que “vamos ter ali uma marca internacional”.

Parece que o abandono do Ocean Ville Hotel tem um fim à vista!!!


Fontes:
Artigo: "Discovery Hotel Management com vários projectos em pipeline", Turisver, Dezembro de 2018;
Artigo: " Abandonados: O hotel de luxo que virou cidade fantasma", New In Town, Texto de André Rito, Junho de 2018;

Créditos de Imagens:
Página do Facebook: Lugares Abandonados, 2014
Google Maps, 2018;