quinta-feira, 28 de fevereiro de 2019

Antigo Paços do Concelho do Porto (extinto)

Antigos Paços do Concelho do Porto, autor e data n/i.

No inicio do século XX, o êxodo rural impulsionado pelo desenvolvimento industrial contribuíram fortemente para desenvolvimento e crescimento da cidade.

A conclusão da Avenida da Boavista por volta de 1915, representou uma nova direcção de expansão do crescimento da cidade para ocidente em direcção ao mar e aproximou-a do Porto de Leixões, inaugurado em 1895.

Avenida dos Aliados, vista do atual Paços do Concelho, década de 1940.
Bilhete Postal n.º 25 - Porto Turístico, Edição Luxuosa - Impresso em Itália.

Na Baixa, a abertura da Avenida dos Aliados, em 1916, implicou a demolição do edifício dos antigos Paços do Concelho (Palácio dos Monteiro Moreira) e o desaparecimento do bairro do Laranjal e desencadeou a transferência da banca e das empresas seguradoras do antigo centro São Domingos-Rua do Infante para a zona da Praça Nova, que se tornou também pólo financeiro.

Na arquitectura do início do século XX salientam-se grandes edifícios dispersos pela Baixa, representativos da influência do estilo francês que inspirou os projectos do arquitecto Marques da Silva, formado na escola de Paris.

São exemplos a Estação de São Bento, o quarteirão das Carmelitas, o Teatro de São João e várias fachadas de edifícios da Avenida dos Aliados.

Praça da Liberdade, ao fundo o antigo Paços do Concelho. Postal Ilustrado
s/i. Data atribuída de acordo com a proposta para substituir a designação
Praça D. Pedro para Liberdade, aprovada pela Câmara em  28-10-1913.

O Palácio dos Monteiro Moreira,palacete barroco projectado por António Pereira, edificado em 1724 na então Praça Nova das Hortas, (ao longo do tempo foi denominada, Hortas do Bispo, Praça Nova, Praça da Constituição, voltou a chamar-se Praça Nova, Praça de D. Pedro, Praça da República (durante 14 dias), e a partir de 27 de Outubro de 1910 Praça da Liberdade).

Esse edifício, opulento, foi mandado construir por Monteiro Moreira, e, algumas décadas mais tarde, foi lá que se instalou o Senado da Relação.

Vista geral da fachada em ruínas do que resta
da Câmara ou Casa dos Vinte e Quatro.
Foto de  Guilherme Bonfim Barreiros, 1951.

Primitivamente o Senado Municipal funcionou numa casa de madeira mesmo a paredes meias com a Sé.  A historia do Paços do Concelho, começa por volta de 1350, na então Rua da Sapataria, hoje Rua de São Sebastião, junto à rua escura, ao lado da Catedral, foi ai que nasceu a Torre da Relação conhecida popularmente como a Casa dos 24 que até 1784 albergou a Câmara Municipal.


Ruína Exterior da  Casa Torre, Câmara do Concelho,
designada Torre da Relação e conhecida pela Casa dos 24.
Foto de Jorge Portojo em 2010.

Provisoriamente e na sequência do terramoto de 1755, os serviços municipais do concelho mudaram-se para o também extinto edifício, lugar de repouso dos Monges do Convento de Santo António do Vale da Piedade, junto a Corduaria(Jardim de João Chagas), onde hoje temos o tribunal da Relação ou Palácio da Justiça.

Edifício do Governo Civil (Real Casa Pia), década de 1940.
Bilhete Postal n.º 19 -  Porto, data, autor e editora n/i.

Após 1784 a Câmara passou a funcionar no Convento de São Lourenço conhecida hoje como a Igreja dos Grilos e em 1805 passaria para o edifício da Casa Pia e aí ficara instalada até 1819.


Praça de D. Pedro e Paços do Concelho do Porto.
Bilhete Postal n.º 4b - Editor Alberto Ferreira,  Praça da Batalha, 1900.

Em Agosto de 1819, devido à crescente centralidade da Praça Nova, a Câmara Municipal do Porto instalou-se no palacete. Para tal, recebeu inúmeras obras de adaptação e reformulação, foi construído um frontão com as armas da cidade, rematado pela estátua de um guerreiro intitulada “O Porto”, colocando-os no topo da frontaria do edifício.

Vista parcial da antiga praça D. Pedro, destacando-se um  grande aglomerado
de pessoas em frente da Câmara durante a visita de uma individualidade.Porto.
Foto Guedes, década de 1900

Aspeto dos manifestantes em frente à extinta Câmara Municipal do Porto,
festejando a proclamação da República, vista das varandas da Casa das Cardosas.
Foto Guedes de 6 de outubro de 1910.

Da varanda destes Paços do Concelho foi proclamado, a 24 de Agosto de 1820, o liberalismo, D. Pedro IV proclamou, em 1832, a Carta Constitucional, pouco tempo antes do Cerco do Porto, e os revoltosos do 31 de Janeiro de 1891, anunciaram a República (de muito curta existência…).

Demolição do antigo edifício dos Paços do Concelho, na praça da Liberdade.
Foto de 1916, autor n/i.

O palacete começou a ser demolido em 1 Fevereiro de 1916, simbolicamente o então Presidente da Republica Bernardino Machado, veio derrubar a primeira pedra dos Paços do Concelho para que se efectuasse a abertura da Avenida dos Aliados.

Entulho da demolição dos antigos Paços do Concelho do Porto em 1916.

No entanto, nem todo o edifício desapareceu dos olhares dos portuenses. Partes houve que se espalharam pela cidade, sem que no entanto, disso, hoje, haja notícia ou relato de conhecimento público e generalizado.

Paço Episcopal, sede do Município entre 1916 e 1957.
Foto de  Guilherme Bonfim Barreiros, 1935.

Na sequência da demolição a a Câmara do Porto passa a sua sede para o Paço Episcopal onde permaneceria até 1957, com a demolição do antigo Paços do Concelho, a estátua de "O Porto" que encabeçava o edifício foi colocada em frente à nova sede.

Estátua "O Porto" sendo apeada, Aurélio da Paz dos Reis, 1916

A estátua “O Porto”, feita pelo Mestre Pedreiro João da Silva, que encimava o edifício, lá no alto via todos os portuenses na Praça e estes percebiam a hierarquia do poder. A emblemática estátua de granito era quase tosca, mas vista ao longe parecia a mais perfeita das obras. Ela sabia o que representava, pois representava todos os portuenses e nunca podia aproximar-se do chão que todos pisavam.

Estátua "O Porto" provisoriamente ao pé do Banco de Portugal.
In ssru.wordpress.com

O “Porto” de volta ao frontão do edifício camarário, esse sim,
o seu poiso natural!!!, In ssru.wordpress.com

Com a demolição do edifício para abrir a Avenida dos Aliados, apartir de 1917 a estátua deambulou por diversos pontos da cidade. Esteve junto ao Paço Episcopal como já referido, onde a Câmara se instalou aquando da demolição do Palácio dos Monteiro Moreira, no Largo Actor Dias (junto à Muralha Fernandina), foi para o Palácio de Cristal, foi posta de costas para a cidade, face à Torre Medieval ou Torre da Relação (ideia do Arquitecto Fernando Távora) e hoje, encontra-se em frente ao Banco de Portugal, nas proximidades da sua localização original, olhando a Praça da Liberdade e a Avenida dos Aliados (a única peça, oriunda do Palacete, com direito a uma placa explicativa).

As armas da cidade do frontão do palacete, feitas pelo Mestre Pedreiro
Manoel Luiz, ornamentam hoje os jardins do Palácio de Cristal.
Foto de José Fernando Magalhães, 2018

As armas da cidade do frontão do palacete (na altura ainda sem que houvesse lugar ao Dragão que durante cerca de cem anos delas viria a fazer parte), feitas pelo Mestre Pedreiro Manoel Luiz, ornamentam hoje os jardins do Palácio de Cristal, numa espécie de “Museu ao Ar-Livre” (assim lhe chama o Prof. Germano Silva), o Roseiral, onde também se encontra uma fonte, lindíssima, que estava no átrio de entrada do edifício da Câmara.

Fonte existente no exterior do Edifício do Palacete, hoje no jardim da Palácio
de Cristal. Foto de José Fernando Magalhães, 2018.

Janelas do paço no jardim do palacio de cristal,
Foto José Fernando Magalhães, 2018

Também as janelas do palácio, três, foram parar ao Roseiral, e, colocando-me na do meio, tento imaginar-me como salvador da Pátria a discursar para o povo atento e sedento das minhas palavras, dando-lhe boas-novas, coisa de que bem precisamos nos dias difíceis dos tempos que vivemos, sendo que agora, não o poderia fazer com o Palácio das Cardosas como pano de fundo, nem olhando a garupa do cavalo de D. Pedro e as costas do Rei distraidamente parecendo ignorar as minhas palavras, mas com a beleza imensa da vista sobre a parte ribeirinha da cidade e sobre o nosso rio Douro.

Abertura da Avenida dos Aliados, Nova Câmara Municipal em construção.
BPI da década de 20

Hoje o conjunto da Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e Praça do General Humberto Delgado constituem a principal artéria da cidade do Porto, o que poucos sabem é que o sacrifício do património arquitectónico de alguns edifícios esteve na origem da abertura e ampliação da então Praça de D. Pedro, hoje Praça da Liberdade, que culminou no desenvolvimento arquitectónico envolvente promovido sobretudo por empresas de prestigio. Depois destas demolições foram efectuadas alterações mais recentes, mas nenhuma com um impacto tão significativo como a demolição do Antigo Paços do Concelho, a ela lhe deve o Palácio das Cardosas, (antigo Convento dos Loíos ou de Santo Elói, a visibilidade e importância que veio a ter para a avenida albergando hoje um hotel da cadeia InterContinental.


Conjunto das Praça da Liberdade, Avenida dos Aliados e
Praça do General Humberto Delgado, depois da demolição.

Fontes:
Sites municipais culturais;
Boletins Informativos de arquivo digital, municipal e nacional.

Imagens:
Arquivo Municipal do Porto;
www.delcampe.net;
DGEMN;
Todas as imagens foram editadas.

Ponte Pênsil da Trofa - " A mais elegantes do Reino" (extinta)


Ponte Pênsil da Trofa - Vista da Entrada do Tabuleiro
Autor e data n/i, espólio de Francisco Moreira

Inaugurada em 1858 e tida como uma das “mais elegantes do Reino”, como escreveu Alberto Pimental na sua obra “Santo Tirso de Riba d’Ave”, a construção da Ponte Pênsil da Trofa, como ficou oficialmente designada, eliminou definitivamente o problema da travessia sobre o rio Ave, ligava Ribeirão (Vila Nova de Famalicão) e São Martinho do Bougado (Trofa), até então feita com recurso à utilização de barcas. 

Vista Lateral do Tabuleiro da Ponte Pênsil,
Foto de autor e data n/i, In fre-ribeirao.

Suspensa sobre o rio, daí o nome, a ponte pênsil era apoiada nos seus extremos por dois enormes Pegões de granito, de altura até ao nível do pavimento da estrada. 

Vista da Entrada da Antiga Ponte Pênsil da Trofa,
Arquivo, Guilherme Bonfim Barreiros, 1934, In AMP.

Estava suspensa por cordões aramados presos e cabos de suspensão, que tinham os seus extremos nas casas dos portageiros. 

Aspeto do Tabuleiro da Antiga Ponte Pênsil da Trofa,
Arquivo, Guilherme Bonfim Barreiros, 1934, In AMP.

Projectada exclusivamente por engenheiros portugueses a sua construção inseriu-se numa empreitada mais ampla – a nova estrada de ligação entre Porto e Braga (EN 14).

Também denominada de "A Ponte da Barca da Trofa" In "O Tripeiro"
Imagem extraída de portodeantanho.blogspot.

Esta via estruturante que veio a facilitar o fluxo de mercadorias e pessoas entre as duas cidades, a responsabilidade da Companhia de Viação Portuense dirigida, na altura, pelo Barão de Massarelos, António Gomes dos Santos e José Barros Lima, tendo o respectivo contrato de construção sido assinado em 9 de Setembro de 1851. 

Rolls Royce Silver Ghost atravessa a ponte Pênsil da Trofa, 1919
Foto extraída de Fotold.com.

Esta via apesar de só ter ficado concluída em 1855, naturalmente com excepção da Ponte Pênsil, as carreiras de diligências entre Porto e Vila Nova de Famalicão iniciaram-se logo em 1852, tendo alcançado Braga, no ano seguinte. As diligências, carruagens puxadas por duas ou três parelhas de cavalos, levavam uma média de 6 a 7 horas na ligação Porto-Braga, incluindo o tempo gasto nas paragens em vendas ou estalagens, que existiam ao longo do percurso Durante esse período a travessia do Ave, era efectuada sobre uma rudimentar ponte de madeira.

Pormenor da Antiga Ponte Pênsil da Trofa,
Arq. Guilherme Bonfim Barreiros, 1934, In AMP.

Apesar das tentativas da população e das autoridades locais para o evitar, esta ponte foi demolida em 1934, por ser demasiado exígua e não reunir as devidas condições de segurança. 

Avaria Sobre o Tabuleiro da Ponte Pênsil,
Foto de autor n/i, década de 1920, espólio de  Humberto Fonseca.

Em seu lugar iria ser construída a actual ponte de cimento armado, melhor preparada para o intenso tráfego de uma região e um País em desenvolvimento.

Postal Ilustrado da Ponte Pênsil - Trofa, Collection Portugaise, n.º 578,
Edição F. A. Martins.



Estação Ferroviária da Trofa, Uma Verdadeira Homenagem;



Foto da Nova Estação Ferroviária da Trofa, Inaugurada em 2010.

A nova Estação Ferroviária da Trofa, foi oficialmente inaugurada a 15 de agosto de 2010, um sufisticado projeto da Grid, empresa de engenharia civil, fundada em portugal a 1980, e edificada pela construtora Opway, que à data, pertencia ao Grupo Espírito Santo, passou posteriormente para a mão dos Gestores, e mais recentemente, em 2017, vendida à Nacala Holdings.
A interface é composta por cinco secções, divididas por dois pisos de um só edifício. No piso inferior, encontram-se as bilheteiras, uma cafetaria e uma zona comercial, e no piso superior, situam-se as plataformas e as vias, que se estendem ao longo de 3.555 metros, contempla um túnel de 1.404 metros e um viaduto de 327 metros.

As Torres da Ponte Pênsil da Trofa,
Gravura in famalicao.org.

Esta disposição da estação, inspirada na antiga Ponte Pênsil da Trofa, permite a livre circulação pedonal e rodoviária, maximizando desta forma a interoperabilidade entre os diferentes meios de transporte. Os pilares interiores e exteriores das fachadas (remetem para as quatro torres centrais elevadas e as quatro torres exteriores da antiga ponte), e a chapa duplamente nervurada, auto-portante, com vãos de 4 metros, (lembram tambem as guias laterais e tabuleiro da antiga ponte).


Foto da Nova Estação Ferroviária da Trofa, Inaugurada em 2010.

A nova gare da Trofa foi construída para substituir a antiga, que a par de sinais de degradação estrutural das linhas de circulação, em 24 de fevereiro de 2002 viu-se obrigada a encerrar o troço da linha de Guimarães entre Senhora da Hora e Trofa para ser convertido numa linha do Metro do Porto. Com efeito, o canal por onde seguia a linha foi transferido da REFER para a Metro do Porto e concluido até ao ISMAI inaugurado em 2006, o que tem gerado descontentamento na região, principalmente depois de em 2010 a empresa Metro do Porto ter retirado do seu plano de atividades o prolongamento da Linha C desde o ISMAI até à Trofa, pelo menos num curto prazo.

Foto da Nova Estação Ferroviária da Trofa, Inaugurada em 2010.

Por outro lado, a construção da Variante da Trofa, troço onde a nova estação se encontra, permitiu o encerramento do antigo troço da Linha do Minho, que, devido ao facto de atravessar o centro da cidade da Trofa, provocava vários problemas de segurança.

Foto da Nova Estação Ferroviária da Trofa, Inaugurada em 2010.

Localiza-se junto à Rua Poeta Cesário Verde, nas proximidades da igreja nova.
A estação é utilizada por serviços Intercidades, Regionais da Linha do Minho, urbanos das linhas de Braga e Guimarães, e o Comboio Internacional Porto-Vigo.
Futuramente irá também conter a última paragem de metro e a central de camionagem.


Foto da Antiga Estação Ferroviária da Trofa,
reinaugurada como museu a 18 de agosto de 2018.

A antiga Estação Ferroviária de Trofa, inaugurada em 1875 e encerrada em 2010, teve a sorte que foi negada a muitas outras no país, foi objeto de requalificação realizada pelo Município da Trofa no âmbito de um contrato de subconcessão celebrado, em fevereiro de 2017, entre a autarquia e a IP Património.

Foto do Antigo Armazém da Estação Ferroviária da Trofa,
reinaugurado a 18 de agosto de 2018.

A intervenção decorreu em duas fases, primeira a inaugurada em junho de 2017, incluiu a requalificação do espaço canal com a criação de uma grande área pedonal, hoje Alameda da Estação e segunda abrangeu a reabilitação profunda de quatro edifícios associados à antiga estação, inlcuindo o Cais Coberto,e o Edifício de Passageiros, cuja recuperação visou as novas exigências funcionais e de conforto por forma a adaptar o edifício à sua nova condição de Centro de Atividades Culturais. Foi também recuperada a antiga casa do chefe de Estação e o antigo armazém que funcionará como cafetaria/restaurante. As obras tiveram o apoio de fundos comunitários e representam um investimento de cerca de 620 mil euros.


Foto do Alinhamento dos Edifícios da Estação Ferroviária da Trofa,
reinaugurada a 18 de agosto de 2018.


Fontes:
Sites municipais culturais;
Boletins Informativos de arquivo digital, municipal e nacional.

Imagens:
Arquivo Municipal do Porto;
www.delcampe.net;
Todas as imagens foram editadas.


terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

O Palácio de Cristal (extinto)


Foi uma das jóias do Porto e a sua demolição foi tão contestada que ainda hoje se chama Palácio de Cristal à zona onde ele existia. Hoje, resistem os seus jardins.


A par do Palácio da Bolsa (inaugurado a 1848 mas concluído na década de 1860) e o Edifício da Alfandega Nova (concluído 1869), o Palácio de Cristal (1865 — 1951) foi um dos mais importantes edifícios inaugurados na década 60 e construídos no século XIX, na cidade do porto.



O Palácio de cristal foi um edifício que existiu no antigo campo da Torre da Marca, na freguesia de Massarelos, na cidade do Porto, em Portugal. Inaugurado em 1865, o Palácio de Cristal original acabou por ser demolido em 1951 para dar lugar ao Pavilhão dos Desportos, hoje Pavilhão Rosa Mota. 


Foi construído em granito, ferro e vidro, tendo o Crystal Palace londrino por modelo. Media 150 metros de comprimento por 72 metros de largura e era dividido em três naves.

                   

Ao longo dos seus 86 anos de existência, o Palácio de Cristal acolheu muitas outras exposições, destacando-se a exposição das rosas, em 1879, a exposição agrícola, em 1903 e a Exposição Colonial, inaugurada em Junho de 1934. Desta última exposição sobrevive o Monumento ao Esforço Colonizador Português, actualmente colocado no topo oeste da Avenida do Marechal Gomes da Costa.


O Palácio de Cristal foi ainda um importante espaço de cultura, contendo um órgão de tubos que era dos maiores do mundo. Foi neste palácio que se realizaram importantes concertos do compositor Viana da Mota ou da virtuosa violoncelista Guilhermina Suggia.


O palácio foi destruído em 1951, tendo-se erguido no seu lugar uma nave de betão armado, a que foi dado o nome de Pavilhão dos Desportos, segundo projecto do Arquitecto José Carlos Loureiro e do engenheiro António dos Santos Soares e a pretexto do Campeonato Mundial de Hóquei em Patins.


O edifício foi demolido em menos de um ano, sendo destruído à martelada o órgão de tubos. Devido à contestação popular à demolição, a designação Palácio de Cristal tem sobrevivido até aos nossos dias.




FONTES:
Sites municipais culturais;
Boletins Informativos de arquivo digital, municipal e nacional;
Todas as fotos do Arquivo Municipal do Porto foram editadas.

Antigo Restaurante Chalet da Trofa


Postal Ilustrado(editado) do Antigo Restaurante Chalet da Trofa, s/d

Começo pelo Restaurante Chalet, porque foi o que primeiro me despertou a atenção depois da Velha Estação Ferroviária já restaurada.

Postal Ilustrado(editado) da Estação Caminhos de Ferro da Trofa, quando em funcionamento, s/d.

Todo a área envolvente à antiga estação, desde a desactivação das linhas em 2010, está a ser alvo de uma profunda intervenção, espero que a requalificação já efectuada dê seguimento também aos restantes edifícios de comércio e habitação circundantes, que apresentam sinais de avançado estado de degradação e alguns já em ruínas.


Foto das obras de reabilitação da antiga Estação desativada, por traz da estação a todo o 
comprimento podemos observar uma série de edifico, todos degradados, incluindo o
pequeno chalet, que também se pode ver na imagem.

Ainda antes da construção da antiga estação, o lugar já era um centro de atividades com alguma intensidade, que justifica o aparecimento de pequenos edifico de comércio e habitação, entre eles o pequeno mas não menos charmoso Restaurante Chalet, deve ter sido com toda a certeza um lugar bastante acolhedor não só para saborear as comidas da terra, mas também para descontrair e trocar “duas de letra” com os conhecidos que casualmente cruzavam o espaço.

Foto do Restaurante Chalet, da Trofa, esta foto foi tirada já depois de 2010.

Configurava um belo recanto da cidade, outrora um largo, hoje a Rua Américo Moreira da Silva, entre a antiga estação dos Caminhos de Ferro e o ainda mais antigo Restaurante Chalet, representa um cenário que parece imergir de duas realidades paralelas, se por um lado contemplamos a requalificação da estação e edifícios anexos para utilização fundamentalmente cultural e de lazer, do outro lado temos uma série de edifico com identidades muito diversificadas, que partilham em comum o mau estado de conservação.


Foto das obras de reabilitação da antiga Estação desativada, por traz da estação a todo o
 comprimento podemos observar uma série de edifico, todos degradados, incluindo o
pequeno chalet, que também se pode ver na imagem.

Não sou habitante da cidade nem tão pouco conhecedor profundo das politicas do Ordenamento do Território e Urbanização da União das Freguesias de Bougado (São Martinho e Santiago), pelo pouco que pesquisei, a zona envolvente as Alamedas da Estação, vem sofrendo constantes alterações, mesmo antes da existência da mesma.

Igreja de São Martinho de Bougado, Igreja Matriz da Trofa.

Curiosamente, o atual edifício da bela Igreja de São Martinho de Bougado, Igreja Matriz da Trofa, nasce também de um restauro e aumento, efetuado em 1916, com origem em uma pequena e antiga igreja edificado no local, cuja data de inauguração remonta a 1780 pelo então o Abade Manuel Joaquim de Oliveira.

Foto de uma porta da fachada principal do Restaurante Chalet.

Muitos outros edifícios existiram do local, foram demolidos para dar lugar a outros que possam melhor potencial a sua localização, nomeadamente a Serração António Sampaio e a antiga Central Eléctrica que durante muitos anos forneceu energia para a cidade, situavam-se onde hoje encontramos os novos edifícios de habitação da Rua de S. Martinho, também as antigas fábrica de chapéus de pelo e fábrica de tecidos Abílio da Costa Couto, importante personalidade da cidade, que por reconhecimento lhe atribuíram o nome de uma rua, foi demolida para dar lugar às já também remodeladas instalações da Ráfia.

Foto da sede da Vigent Group, Antiga Fábrica da Ráfia, 2018

Ainda na sequência do encerramento das linhas, o Vigent Group , dono da Metalogalva e da Brasmar, comprou as instalações da Ráfia, empresa Fabril da Trofa, um reconhecido edifício industrial do século passado, foi reabilitada e modernizada para acolher todas as equipas dos serviços corporativos deste grupo, inaugurado no final de 2018.


Foto do Restaurante Chalet, da Trofa, decorridos relativamente poucos anos, após o devoluto 
do edifício, são visíveis os sinais de avançada degradação, 2018

Em 2016 foi apresentado um Programa Estratégico de Reabilitação Urbana (PERU) do Núcleo Central da Cidade da Trofa que indica a intenção do caminho a traçar pelo Município em relação as politicas a implementar na Área de Reabilitação Urbana (ARU), foi efetuado um levantamento dos pontos críticos, e estipulado um horizonte temporal limitado até o ano de 2025, para concretizar o plano, já foram dados alguns passos fundamentais no sentido da sua materialização. Sob orientações emanadas do Plano Diretor Municipal (PDM), em vigor desde Fevereiro de 2013, o presente PERU corporiza também uma das apostas políticas de maior alcance estratégico que se encontram a ser prosseguidas pelo atual Executivo camarário.


Foto da varanda, 1.º andar do Restaurante Chalet da Trofa.


Fontes:
Programa Estratégio de Reabilitação Urbana do Núcleo da Cidade da Trofa, Município da Trofa, IMPROVECONSULT – CONSULTORIA E ESTUDOS, LDA., 2016.