quinta-feira, 16 de maio de 2019

O Património dos Condes de Sucena, Águeda

Gruta no parque do Conde de Sucena, pormenor da Quinta do Conde de Sucena, Águeda
Bilhete Postal , n.º 16, Editora Tipografia Ferros, Lisboa, In delcampe.net

José Rodrigues de Sucena, 1.º Conde de Sucena:


D. José Rodrigues de Sucena - 1.º Conde de Sucena (1850-1925)
Foto do Arquivo do Distrito de Aveiro, Digital.

José Rodrigues de Sucena nasceu a 13 de abril de 1850 na localidade de Borralha, freguesia de Águeda, fruto do casamento de José Ferreira Sucena e Rosa Maria Figueiredo, uma família humilde que lhe proporcionou um crescimento em ambiente modesto numa quinta de lavoura.
Apesar dos escassos recursos, José Ferreira Sucena empenhou-se a proporcionar uma boa educação ao filho encaminhando-o para a vida religiosa, um meio eficaz de aprendizagem gratuita.

Apesar da educação religiosa, o celibato não estava nos seus planos e aos 17 anos de idade pede autorização ao pai para abandonar os estudos e embarcar para o Brasil em buscas de uma oportunidade. Com efeito, José Sucena havia desenvolvido uma personalidade vincada e ambição de poder vir a desfrutar de uma vida menos sacrificada do que a que levavam os seus pais, uma vida digna mas esforçada da qual não aspiravam a grandes ambições.

D. José Rodrigues de Sucena - 1.º Conde de Sucena (1850-1925)
Foto do Arquivo Histórico Parlamentar, Digital.

Com a autorização e bênção dos pais, José Sucena parte em direcção ao Brasil levando no bolso recomendações para um emigrante no Rio de Janeiro, Alves Machado, negociante de sucesso que fez fortuna no novo mundo e que viria mais tarde a beneficiar do titulo de Conde de Alves Machado.
Com grande determinação o moço da Borralha envolve-se em todo o tipo de trabalhos que vão aparecendo até se estabelecer por sua conta e risco,  persistente e determinado, o que veio a permitir-lhe, anos depois, em 1872, a ingressar numa casa comercial que se dedicava ao negócio de artigos religiosos, na qual viria a participar como sócio.

Mais tarde ingressa também na industria têxtil, Azevedo Ramos, uma conceituada empresa onde viria a imprimir o seu punho que se traduziria num enorme valor a ponto de em 1886, a firma passar a funcionar já sob o seu nome, J. R. Sucena Companhia. A vida corria sobre rodas, anos mais tarde, constrói um enorme edifício no coração da cidade a fim de potenciar o desenvolvimento dos negócios de vestuário e de artigos religiosos. O edifício contava com a integração de uma capela, que mereceu a bênção especial do Papa Leão XIII, por Breve de 10 de Maio de 1892 e autorização para celebração do Santo Sacrifício da Missa, na sua inauguração contou também com a presença do então presidente da República do Brasil, Campos Sales.

Retrato de D. José Rodrigues de Sucena - 1.º Conde de Sucena (1850-1925)
Autor Christiano Vicente Leal (1841-1911).

Com a abertura de uma sucursal na capital da moda, Paria, acabaria por voltar a estreitar uma relação de proximidade com a Europa, nomeadamente com Roma, onde era recebido pelo Papa, muito no seguimento dos produtos que desenvolvia, ligados à religião. A sua fortuna prospera e José Rodrigues de Sucena subsidiava no Brasil muitas instituições religiosas de beneficência, o que era apreciado com louvor no Vaticano. Aliás, Leão XIII, que visitava algumas vezes, distingue-o com a mercê de Cavaleiro de S. Gregório Magno.

Armas bipartidas do Reino e de Águeda e as do Conde de Sucena
Encimando o retábulo da Capela da Santa Casa da Misericórdia que fica situada no centro do 
edifício do Hospital Distrital de Águeda, está disposta uma pintura na parede com as armas,
 envolvidas por ramagens. Foto da Santa Casa da Misericordiosa de Águeda, aqui.

Também em Portugal, José Rodrigues de Sucena, foi agraciado por despachos do Rei D. Carlos, primeiro, em 1899, com o título de Visconde de Sucena, e depois, em 1904, com o de Conde de Sucena, neste mesmo ano foi nomeado comendador da ordem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa e comendador da Ordem de Cristo.
Também nos finais do século XIX, José Sucena, fazendo-se valer da sua alta sensibilidade humana, providenciou auxílios às suas gentes de Águeda e Borralha. As suas sucessivas intervenções sociais, principalmente na sua terra de origem, culminam na atribuição do cargo de provedor da Santa Casa da Misericórdia de Águeda, a 23 de Agosto de 1899, cargo que manteve até 1910.
Um homem mundano com uma vasta experiência vivida e com demonstrados interesses pelo bem estar social, é convidado para a gestão da Câmara Municipal durante 1905 a 1908, e à Câmara dos Deputados, como deputado, em 1905 .

Vista sobre a fachada principal do Hospital Conde de Sucena
Bilhete Postal, Edição Manuel Antunes, Águeda, In delcampe.net

De entre as diversificadas acções sociais que desenvolveu, destaca-se a construção de um edifício destinado ao hospital da vila de Águeda, hospital que funciona ainda nos dias de hoje, que apesar de concluído em 1909, por razões politicas, só viria a ser inaugurado em 1912.
Estima-se que a sua generosidade tenham ido bem mais alem do que conhecemos hoje, e nesse sentido, e em sua memória, nunca é demais lembrar os feitos que ficaram documentados, como a ponte para Falgoselhe, construída entre 1907 e 1908, renovação do fardamento da banda musical, fundação de uma Escola Agrícola Conde de Sucena, na Borralha, e também de uma Escola Agrícola, denominada Condessa de Sucena em Oliveira de Azeméis, inaugurada em 1906, e fornecimento de livros e cadernos para as escolas locais.

Palácio da Foz e vista parcial da Praça dos Restauradores em Lisboa
Bilhete Postal AV, Editor Rui Filipe Cruz, In delcampe.net.

Com a fortuna que o Conde de Sucena acumulou ao longo dos anos de trabalho no exterior, uma grande parte foi canalizada para investimentos imobiliários por forma a asseguram a sua rentabilidade e capitalização, assim, quando conhecedor de uma hipotecado sobre o Palácio de Foz, em Lisboa, instaurada pelo Crédito Predial em 1910, acaba por adquirir o edifício por nele reconhecer um bom potencial de retorno, com efeito este acaba por ser arrendado para ocupações comerciais , sendo dessa época o Club Maxim´s, o Clube dos Restauradores, o Salão Foz, o Central Cinema, a Pastelaria Foz e o Restaurante Abadia.

Palácio Seteais em Sintra
Bilhete Postal, Edição Torres, In delcampe.net.

Também o Palácio de Seteais é adquirido a 4 de dezembro de 1918 pelo Conde de Sucena em sociedade com António Augusto Carvalho Monteiro, conhecido por Monteiro dos Milhões, mas acaba por ser vendido, em 1926, a D. Antónia de Mendonça e Melo e seu marido, a especulação imobiliária foi sempre considerada uma fonte rentável de retorno quando incidente sobre investimentos calculados.


Jardim Conde de Sucena, Águeda. Homenagem do povo ao Benemérito conde de Sucena
Bilhete Postal, Portugal Turístico, Edição da Livraria Rino, Lda., In delcampe.net

Na vila de Águeda contribuiu financeiramente para o melhoramento das vias de comunicação locais, criou a Associação de Socorros Mútuos Conde de Sucena, que mensalmente distribuía subsídios aos mais carenciados. Também na Trofa o Conde de Sucena contribuiu com vários apoios, o que justificou a vinda ao palácio da Borralha, da junta de Paróquia da população a anunciarem-lhe que fora dado o seu nome ao largo do Cruzeiro. Também em Águeda a sua memória foi perpetuada em edifícios, instituições e a construção de monumentos em sua homenagem.


José Rodrigues de Sucena e família, s/d
Foto Arquivo do Distrito de Aveiro, Digital.

Casou com uma distinta senhora, D. Maria de Rufina Gomersore, sobrinha do presidente da República do Uruguai, com a qual teve um único filho, homónimo, José Rodrigues de Sucena, que nasce no Rio de Janeiro, em janeiro de 1892.
Anos mais tarde o cansaço e a enfermidade se apoderam do Conde de Sucena e este entende a necessidade de assegurar as suas intenções após a morte, neste sentido encarregou o seu amigo íntimo, Dr. António Breda para testamentar essas intenções. de entre os beneficiários o testamento contemplava aquele que foi um dos seus grandes projectos, a Misericórdia de Águeda.
Faleceu a 15 de Abril de 1925 em Águeda, os restos mortais do eminente benemérito, repousam no cemitério do Adro, em Águeda, em Jazigo de família, cuja manutenção é assegurada pela Santa Casa da Misericórdia.

José Rodrigues de Sucena, 2.º Conde de Sucena:


Retrato de Dr. José Rodrigues de Sucena - 2.º Conde de Sucena (1892-1952)
Fotografia partilhada por Flora Guimarães Faria no facebook em 2014.

José Rodrigues de Sucensa nasce no Rio de Janeiro a  janeiro de 1892, sucedeu ao 1º Conde de Sucena, seu pai, também José Rodrigues de Sucena e com autorização de D. Manuel II, foi 2.º Conde de Sucena, licenciou-se em Direito pela universidade de Coimbra.

O Dr. José Rodrigues de Sucena, teve uma excelente formação e educação, seu pai cuido que tivesse frequentado as melhores escolas e as melhores influencias, tornando-se um homem de grande cultura geral. Em Sintra, uma cidade que cruza a historia mais recente da família, funda uma Biblioteca e em abril de 1937 é fundado o Campo de jogos Conde de Sucena em S. Pedro de Sintra, em sua homenagem.

Era também um homem atento à imprensa, no sentido industrial, fundou a junho de 1914 o diário monárquico A Restauração, cuja sede de redacção e administração se encontrava num escritório em Lisboa, na Rua da Emenda n.º 302, cujo direcção foi assumida por Homem Cristo, filho de Francisco Manuel Homem Cristo, um militar e politico republicano, proprietário e director do jornal semanário de Aveiro, "O Povo de Aveiro" (1860-1943). Infelizmente o jornal diário havia de ser fechado em outubro de 1914.

Com um espírito empreendedor, herdado do pai, dele herdou também uma enorme fortuna constituída não só por meios financeiros líquidos, como também valiosas propriedades  como a Quinta da Borralha, em Águeda, o Palácio Foz, em Lisboa, património ao qual junta o Palácio de Seteais, em Sintra, que já havia pertencido à família e novos investimentos como o Teatro Éden, em Lisboa.


Palácio dos Marqueses da Foz , Palácio Castelo Melhor ou Palácio Foz, 1999
Fotografia de autor não identificado, arquivo SIPA.


O Palácio dos Marqueses da Foz estava na família desde 1910,  quando o 1.º Conde de Sucena o adquire ao Crédito Predial, detentora de uma hipoteca sobre este. Durante vários anos o edifício foi arrendado à várias empresas que nele desenvolveram as suas actividades comerciais. Todavia, na sequência de dificuldades económicas e financeiras  que o 2.º Conde de Sucena, José Rodrigues, passou a atravessar, não sendo capaz de satisfazer os seus compromissos, seus bens foram postos em leilão e em 1939 a Caixa Geral de Depósitos, comprou em hasta pública o palácio. 
Pertença do Estado desde 1940, o edifício está classificado como Imóvel de Interesse Público desde 1971.


Palácio de Seteais - Vista geral da fachada sul e terreiro fronteiro
Fotografia de autor não identificado, arquivo DGPC.

O Palácio de Seteais foi comprado pelo Conde de Sucena, em sociedade, e vendido, alguns anos depois, à família Mendonça e Melo. No mesmo ano, em 1926, o palácio acaba por ser vendido ao 2.º Conde de Sucena, (filho de José Rodrigues de Sucena) que no mês seguinte o hipoteca a favor de Mário Godinho dos Campos, como garantia de um empréstimo concedido por este, em seu favor, no valor de 130 000$00, anos mais tarde, em 1933, o Conde de Sucena salda a dívida contraída, contraindo um novo  empréstimo da Caixa Geral de Depósitos, Crédito e Previdência, sobre nova hipoteca da propriedade. Apesar de projectos que tinha pensados para o Campo do Seteais, por pressão popular e dificuldades financeiras abandona os mesmos. Em 1939 o palácio é penhorada a favor do Estado e em 1946 passa a sua propriedade, um ano depois é classificado como Monumento de Interesse Público.


Praça dos Restauradores, à esquerda o palácio Foz e o Teatro Éden
Bilhete Postal de Lisboa, este e outros postais em delcampe.net

O actual edifício do Teatro Éden, foi mandado construir em 1930 pelo 2º Conde de Sussena, com projecto inicial do arquitecto Cassiano Viriato Branco, mas terminado por outro arquitecto, Carlos Dias, em substituição de um primitivo teatro então demolido. O teatro é inaugurado em 1937, e funciona muito bem até a década de 50, posteriormente é vendido para nele se instalar um Hotel.

Com efeito a gestão dos seus bens demonstrou-se bastante complexa, apesar do seu espirito empreendedor, os investimentos não fluíram como seria de esperar e pouco a pouco a situação foi-se agravando, no final da sua vida, a fortuna que havia herdado do seu pai encontrava-se diluída e este numa situação financeira menos boa. O 2.º Conde de Sucena morre em Borralha a 29 de outubro de 1952, com uma condição financeira bastante desfavorável.

A Quinta dos Condes de Sucena:

  
Palacete do Conde de Sucena, Borralha
Bilhete Postal, Águeda, In delcampe.net

Na sua terra natal, Borralha, uma pequena freguesia de Águeda, recentemente constituem uma única freguesia, sequência das recentes reformas, o 1.º Conde de Sucena Borralha manda construir um palacete numa vasta propriedade que domina a encosta da localidade. O palacete de configuração praticamente quadrangular com pequenos avanços de duas fachadas opostas, pouco significativos. De arquitectura simples, onde apenas se destaca uma grande clarabóia que remata ao centro o telhado principal com caimento de quatro águas, cuja as duas mantas opostas, correspondentes aos pequenos volumes que avançam nas duas fachadas, e que são interrompidas pela formação de nova comeeira que apesar de curta, forma mais dois espiões e dois pequenos telhados de três águas de caimento, onde se destacam ainda, duas pequenas mansardas com uma janela e telhado de duas águas.

Palacete do Conde de Sucena, Borralha
Bilhete Postal, Águeda, In delcampe.net

Na fachada principal são de destacar um frontão que sustenta as armas da família e uma varanda fechada em formato hexagonal integralmente construída em ferragens e vidro.
Toda a propriedade é delimitada por um muro que protege o exótica jardim dos olhares mais indiscretos. De acordo com o meio social no qual se movimentava, também a propriedade era frequenta por personalidades ilustres, como o seu amigo, o Bispo-Conde de Coimbra de entre outras.

Lago Artificial do Jardim do Conde de Sucena, Borralha
Bilhete Postal n.º 3, Edição da Casa Sousa Sucena, Águeda, In delcampe.net

Na propriedade onde se estabeleceu, na sua terra natal, o Conde Sucena utilizou uma grande parte da mesma para desenvolver um arquitectado jardim onde pôde exibir um autentico cenário exótico que de certa forma o transportava para as lembranças dos locais por onde já tinha passado. De entre os quais, e como pode ser observado na figura anterior, um grande lago artificial que envolvia uma pequena ilha central sobre a qual se elevava um mirante que mais se assemelhava a um pequeno coreto.

Parte do Jardim do Conde de Asucena, Borralha
Bilhete Postal n.º 16, Edição da Casa Sousa Sucena, Águeda, In delcampe.net

O Conde de Sucena era bastante próximo do Rei D. Carlos e com ele frequentou as melhores quintas e palácios do país, sobre tudo os cenários românticos de Sintra, que se crê, terem influenciado também a construção da sua obra prima. De facto dedicou cerca de um terço da sua quinta  à implantação do idílico jardim, que apesar de artificial, foi construído com alma o que fez com que as lindas grutas ficassem conhecidas como as mais belas grutas artificiais do país.

Pequeno Castelo do Jardim do Conde de Asucena, Borralha
Bilhete Postal n.º 16, Edição da Casa Sousa Sucena, Águeda, In delcampe.net

O jardim dispunha de uma vasta área arborizada rasgada por pequenas vias sinuosas por onde os convidados podiam passear e desfrutar do belo jardim, e que pelo trajecto eram surpreendidos por pequenas mas ambiciosas construções como o lago, já referido, um moinho eólico e um castelo que conferiam uma certa grandeza, riqueza e requinte. Com efeito tudo era de um extremo bom gosto, desde  as clareiras propositadas, os canteiros floridos e os arbusto bem aprumados, mas sobretudo uma flora variada e harmoniosa.

Pombal do Jardim do Conde de Asucena, Borralha
Bilhete Postal n.º 1, Edição da Casa Sousa Sucena,
Águeda, In delcampe.net

Com efeito a parte ocidental da quinta estava toda ela preenchida com o belo parque que convidava a  desfrutar das suas belezas, susceptíveis de despertar os sentidos e contemplar uma bela obra arquitectónica, que mais se assemelhava a um pequeno palácio e que se destinava, uma parte à columbofilia, e a parte posterior a uma pequena estufa.
A parte oriental da quinta, cerca de dois terços do total da área, era utilizada para exploração agriculta, que dispunha de grandes abegorias e estrebarias, dependências onde guardavam as alfaias e os animais destinadas à exploração da terra, que eram de uma grandeza palaciana, cujas fachada  ricamente decoradas com painéis de azulejaria, alusivos às mais variadas tradições portuguesas.
Toda a utilidade comum e necessária para a gestão de uma quinta agrícola, não se fazia adivinhar pela arquitectura romântica que os edifícios exibiam no seu exterior, uma conjugação de funcionalidade e beleza muito bem conseguida.


Palacete do Conde de Sucena, Borralha
Fotografia do autor Álvaro Breda, 2018.

Depois da propriedade passar para as mãos do 2.º Conde Sucena, a quinta continua a ser merecedora dos maiores cuidados, inclusivamente a casa principal vai ser alvo de profundas alterações que se devem ao gosto pessoal do novo proprietário, revestindo-a de um arquitectura mais simples ao gosto contemporâneo.

Palacete do Conde de Sucena, Borralha
Fotografia do autor Álvaro Breda, 2015
.

Infertilize, como sumariamente referido, a sua situação financeira evoluiu de forma desfavorável e os seus herdeiros não conseguiram reverter a situação o que impossibilitou garantir a manutenção da quinta, que apesar de ser explorada, a nível agriculta, não produz rendimento capaz de garantir autossuficiência. 

Pombal do Jardim do Conde de Sucena, Borralha
Fotografia do autor Álvaro Breda, 2015.

Da mesma forma que o palacete recebe actualizações ao gosto arquitectónico contemporâneo, também o pombal  foi transformado num curioso edifício acastelado, composto por um corpo central quadrangular, enquadrado entre quatro torres, localizadas nos vértices e encimadas por cúpulas abertas em forma de arcos. outros volumes mais pequenos se encontravam adjacentes ao corpo principal, decorados com cimalhas em forma de ameias.  

Edifícios anexos da quinta do Conde de Sucena, Borralha
Fotografia do autor Álvaro Breda, 2015.

Os edifícios anexos da quinta dispunham-se em forma de "U", orientados em direcção ao palacete, no centro do "U" encontra-se o edifício acastelado que precedeu o pombal, exibido na foto anterior. Estas dependências mantiveram a função original para a qual foram criadas, num entanto a estufa que se encontrava no edifício do pombal, foi transferida para um dos edifícios laterais, onde ainda são visíveis as suas estruturas metálicas. Também este edifício se encontra bastante degradado, as caixilharias das janelas assim como alguns dos painéis exibidos nas fachadas foram destruídos ou subtraídos.

Grutas artificias do Jardim do Conde de Sucena, Borralha
Fotografia do autor Álvaro Breda, 2015.

As famosas grutas artificiais do parque mantiveram-se e ainda apresentam alguma da sua beleza original, ainda que a falta de manutenção seja evidente, o tipo de construção não facilita que a estrutura seja agredida pela vegetação.

Lago Artificial do Jardim do Conde de Sucena, Borralha
Fotografia do autor Gabriel Soares, 2016.

O lago também artificial, ainda apresenta água no seu circuito e o mirante construído na pequena ilha ainda é possuidor de uma grande beleza, sinal da qualidade dos materiais incorporados na sua construção. É realmente uma pena perceber o declínio em que este património se encontra... 

Pequeno Castelo do Jardim do Conde de Sucena, Borralha
Fotografia do autor Gabriel Soares, 2016.

O castelo talvez seja a estrutura que melhor se encontre preservada e fiel à sua construção original. A vegetação cresce livre de forma a revestir uma parte da fachada do castelo e das suas torres.
Do parque arborizado e organizado com pequenos canteiros e caminhos de percurso ou passeio, já nada sobeja, essa organização foi completamente engolida pelo crescimento aleatório e descontrolado das espécies vegetais com maior resistência  e adaptabilidade que acabaram por anular outra espécies mais cativas, que exigem maiores cuidados, ou menos adaptadas à região

Não tenho conhecimento de projectos que estejam a ser criados de forma a garantir um futuro para estes edifícios e jardins, assim como também não consegui apurar se a mesma se encontra disponível para venda...


Fontes:

Dados biográficos de 1.º e 2.º Conde de Sucena, em: geni.com;

 O Palácio da Foz, Palácio Seteais e Teatro Eden em Direcção Geral do Património Cultura e Sistema de Informação para o Património Arquitectónico;

Outras fontes digitais variadas para confirmação e cruzamento de dados;

9 comentários:

  1. Deixar apenas o seguinte reparo: o retrato que pretende representar o 2º Conde de Sucena, trata-se, na verdade, do poeta Pedro Homem de Mello, aliás, sobrinho do Conde de Águeda.

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  2. O Sr. Daniel Lima tem razão, e essa confusão é frequente.
    Os "condes de Sucena" são do concelho de Águeda; mas, há também os "condes de Águeda" - família Homem de Mello. Digo isto por experiência própria, dado que conheço quem sempre tenha ouvido na sua própria família a menção a que era ainda parente dos "condes de Águeda" quando, efectivamente, a parentela vem pelo ramo Rodrigues dos condes de Sucena.
    Águeda teve duas "famílias condais".
    Não conheço fotografia do 2º conde Sucena mas haverá, seguramente.

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  3. Fantástico trabalho de pesquisa, Sr. Daniel. Falta apenas satisfazer uma das minhas grandes curiosidades acerca deste lugar: os túneis subterrâneos. Para que serviam? Sei que um liga a casa principal às grutas. Eu próprio o percorri há muitos anos. Mas há mais túneis. Há quem me garanta haver vários na cidade também. Sabe alguma coisa?
    Abraço

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  4. Não era Daniel mas sim Pedro, o autor desta publicação.

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  5. Tem algum contacto do dono do palácio?

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  6. Há aqui muita falta de informação acerca dos filhos,netos e bisnetos do segundo Conde de Sucena,eu conheço alguns em Portugal e no Brasil.

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    1. Bom dia, sabe-me dizer se esta familia está ligada á linhagem La Salette??

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  7. Qual a razão dos túneis debaixo de terra? Para que serviam??

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