sábado, 22 de junho de 2019

Minas de Aljustrel

Britagem da Mina de Alentejana, Aljustrel.
Fotografia reproduzida e editada de The South Express.

Aljustrel é uma vila portuguesa, sede de concelho pertencente ao Distrito de Beja, região do Baixo Alentejo, edificada num vale entre colinas. A sua área tem vindo a ser ocupada desde a  Pré-Historia, a exploração remonta aos finais do 3º milénio a.c., durante a Idade do Cobre, são dessa época artefactos encontrados nas proximidades do santuário de Nossa Senhroa do Castelo, local onde se situava o povoado desse período. Na sequência da exploração das suas pirites, entre o século I a.c. e século I d.c., os Romanos atribuíram-lhe o nome de Vipasca(local hoje conhecido como Valdoca ou Vale da Oca). A vila de Aljustrel foi reconquistada ao mouros por D. Sancho II em 1225 e doada a Ordem de Santiago nesse mesmo ano. Recebeu fural de D. Afonso III em 1252 e de D. Manuel em 1510.

Minas da Faixa Piritosa Alentejana, Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida e editada de Radio Pax.

As minas de Aljustrel, conhecida nacional e internacionalmente, situam-se na denominada Faixa Piritosa Ibérica, uma das maiores concentrações mundiais de jazigos de sulfuretos maciços(zona de intensa activada vulcânica) que se localizam entre Grândola e Sevilha e representam um importante património industrial mineiro e geológico para o concelho. Ainda antes do domínio Romano na região, já os cartagineses exploravam as minas de Vipasca e São Domingos ou Riotinto, hoje as minas estão distribuídas por três filões principais, Algares, São João do Deserto, Moinho e Feiras, sendo que os dois primeiros eram já explorados no tempo dos Romanos. 

Minas da Faixa Piritosa Alentejana, Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Das minas extraia-se pirites cúpricas e sulfurosas, com vista à extracção de cobre, enxofre e à produção de ácido sulfúrico. O ciclo de exploração moderno teve início em 1845, consequência da revolução industrial, a exploração era feita sobre a forma de corta a céu aberto e através de poços ou galerias, chegando a atingir uma profundidade de 425 metros.
A extracção de enxofre foi muito importante até meados do século XX devido à aplicação na indústria química (fabrico de ácido sulfúrico), muito importante na fabricação de adubos.

Carregamento de vagões das Minas de Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Todavia, durante vários séculos a exploração esteve suspensa, na verdade desde a queda do Império Romana, por volta do século IV. A primeira referência, posterior ao império Romano, consta no primeiro fural de 1252, em que a Ordem de Santiago da Espada reserva para si os rendimentos da mina, porventura um sinal de que a mina continuava a produzir. Mais tarde, num levantamento efectuado no inicio do século XVI, regulamento Mineiro de Ayres do Quintal, vem mencionada a mina de Aljustrel, mais uma vez sem qualquer indicação laboral.

Minas da Faixa Piritosa Alentejana, Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Todavia o auge da exploração da-se em meados do século XIX, com o aparecimento da industrialização e do capitalismo. No inicio da década de 90 do século XX, foi efectuado um grande investimento em infraestruturas que funcionavam para a lavagem do pirite, que nada mais era do que a purificação das ligas de enxofre depois de extraditadas as impurezas de chumbo e cobre.

Malacete de São João do Deserto, Minas de Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Apesar do grande investimento, a extracção foi suspensa logo em 1993 e só voltaria a ser viável em 2008 com a valorização do cobre, conferindo então uma nova vida  à região. A viabilidade económica das minas da Faixa Piritosa depende actualmente da extracção de cobre, zinco, chumbo e, nalguns casos, de metais preciosos como o ouro e a prata.

Galerias das Minas, Locomotiva de Interior, Minas de Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

A história mostra que a exploração do minério não é uma actividade constante nem previsível a longo prazo por duas razões essenciais, a primeira devido à concorrência de países como a China e a Rússia, à baixa de preço do metal no mercado e à diminuição da procura mundial, a segunda prende-se com o esgotamento dos próprios recursos minérios. Também por esses motivos a mina de Aljustrel possui algumas instalações já desactivadas que testemunham a actividade  ocorrida ao longo do século XIX, das quais se destaca um valioso património histórico a preservar.

Desenvolvimento de actividades na base de um Malacete das Minas de Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Perante um futuro que se adivinha incerto e na certeza de um património industrial e arqueológico que se degrada,  Aljustrel elaborou um projecto turístico que permitiu integrar as minas e estruturas desactivadas no Roteiro da Faixa Piritosa Ibérica, potencializando a divulgação da cultura regional e promovendo o artesanato local. Contribuindo assim para que o nome e a história de Aljustrel chegue cada vez mais longe, a um maior número de pessoas.

Central Eléctrica  das Mina de Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Das antigas instalações, são de realçara ainda uma antiga cementação com edifícios anexos onde se obtinha cobre a partir da sucata de ferro e das águas que vinham do interior da mina, da central eléctrica, uma das mais antigas do Baixo Alentejo e que chegou a fornecer energia a localidades vizinhas, os edifícios de entrada e descida para as antigas galerias e a sala dos compressores de ar para os trabalhos de exploração dos trabalhos mineiros.

Central Electrica da Mina de Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

O património mineiro está organizado em duas formas distintas, o património arqueológico que se encontra no Museu Municipal de Aljustrel, o património industrial disperso pelo couto mineiro, como os imóveis e as locomotivas, uma encontra-se no centro de uma rotunda como memorial ou monumento de homenagem.

Bairros Mineiros da Faixa Piritosa Alentejana, Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Os primeiros bairros sociais aparecem no final do século XIX, sequência da intensificação da actividade de exploração. Com publicação a 12 de Outubro 1847 da legislação setembrista, que pôs termo ao monopólio régio sobre o sector, foi concedida a Sebastião de Gargamala (cidadão espanhol), a primeira concessão da mina de S. João, que promoveu melhorias tecnológicas e sociologias bastante substanciais no couto minério. Os bairros foram-se multiplicando no sentido de albergar o numero crescente de operários e familiares. Os bairros eram organizados com casas em bandas contínuas paralelas entre si. As casas situadas nos extremos das bandas eram de maiores dimensões e atribuídas aos capatazes, para cada unidade era permitido o usufruto de um pequeno quintal nas traseiras.  Os engenheiros e quadros superiores possuíam vivendas na rua que ligava a vila à área administrativa da mina e os directores possuíam mansões junto à vila, rodeadas de muros e jardins.

Constituição do primeiro capital da Companhia de Mineração Transtagana, 31/7/1868
Documento reproduzido e editado de numisbids.com.

A concessão da mina passa mais tarde para a Lusitanian Mining Company e logo em seguida para a Companhia de Mineração Transtagana que inicia então a exploração de minério em larga escala, construindo um estabelecimento metalúrgico na Herdade das Pedras Brancas, a cerca de 10 quilómetros de Aljustrel, com campos de ustulação e cementação da pirite.

Concurso para a construção da Travessa Figueirinha, Aljustrel, 1875.
Recorte do Diário Ilustrado n.º 925 de 23 de maio de 1857.

A Companhia de Mineração Transtagana foi a empresa responsável pela construção da linha ferrea que ligava a mina à Estação de Figueirinha, no Caminho de Ferro do Sul, em Portugal. Com esta ligação o transporte para os portos de embarque ficou mais facilitada. Todavia a queda  dos preços do minério nos mercados internacionais e o elevado custo do transporte do minério  haviam de levar  a empresa à falência.

Locomotiva da sociedade belga, mina de Algares, s/d
Fotografaria reproduzida e editada de Open Edition.

Desde os finais do século XIX, que Aljustrel possuia caminho de ferro de grade serventia para o transporte do minério, através da Linha do Alentejo, em 1929 esta infraestrutura deu origem ao Ramal de Aljustrel que pelo declínio da extracção do minério, havia de ser encerrada em 1991.

Impresso da Sociétè Anonyme Belge des Mines d'Aljustrel, relacionado com registos de acidentes.
Documento reproduzido e editado de mineralogie.

Depois da falência da Companhia de Mineração Transtagana, a concessão mineira foi então adquirida em 1898, pela Sociétè Anonyme Belge des Mines d'Aljustrel, tendo mantido a concessão até 1973, posteriormente nacionalizada em 1975. Durante este período foram explorados os filões de S. João e Algares e descobertos novos filões como os do Moinho, Feitais e Gavião.

Trabalhadores das Minas de Aljustrel, s/d.
Fotografia reproduzida de publicação de António Pacheco.

Durante o período em que as minas foram confeccionada à empresa belga, os trabalhadores viram aumentados os seus direitos sociais, foram criadas cooperativas de consumo, uma banda filarmónica, um campo de futebol, um hospital, a empresa promoveu ainda o financiamento da construção de escolas.

Documento relativo à aprovação dos Estatutos da Associação de Classe dos Operários Mineiros de Aljustrel, 1891.
Documento do arquivo do Gabinete de Estratégia e Planeamento.

O Sindicato da Associação de Classe dos Operários das Minas de Aljustrel foi aprovado em 1898,  e foi um dos primeiros a ser constituído em Portugal, com um espírito sobre tudo associativista e cooperativista, esta associação realizou diversas acções no sentido da promoção dos seus associados.
A Associação do Socorro Mútuo Mineira Aljustrelense fundada em 1906, esteve na origem da fundação do "Montepio" Aljustrelense, instituição que auxiliava na prestação de apoio médicos e farmacêuticos aos trabalhadores e família, incluindo subsidio de doença e de funeral.

Imagem de Apresentação da empresa ALMINA, S.A.
Reprodução de frame do video de apresentação da empresa, na sua página, almina.pt.

Em 2001 as minas de Aljustrel foram vendias à empresa canadiana EuroZinc Mining Corporation que, por sua vez as vendeu, em 2009, à empresa, hoje denominada ALMINA - Minas do Alentejo, S.A. Actualmente é produzido concenrado de cobre e a partir das minas de Feitais e Moinhos.

 Roteiro da Pirite na Faixa Piritosa, 2005. Mapa cartográfico adaptado para o Roteiro Turístico de Aljustrel: Arqueologia Mineira - Visita à mina de sulfuretos.

"A Faixa Piritosa Ibérica é uma das principais regiões mineiras da Europa, sendo caracterizada por mais de 90 depósitos de sulfuretos maciços polimetálicos e centenas de jazigos de manganês e de filões de cobre, de chumbo, de bário e antimónio. A pirite é o mineral mais comum, ocorrendo em jazigos com mais de 200 milhões de toneladas de sulfuretos, como Rio Tinto, Neves Corvo e Aljustrel. As mineralizações de sulfuretos formaram-se no Devónico superior – Carbónico inferior (tempo geológico entre 362 e 346 milhões de anos) em ambiente vulcânico e sedimentar submarino. Inserida na Zona Sul Portuguesa a Faixa Piritosa caracteriza-se por um vasto património geológico patente nas suas minas principais (em Portugal, Neves Corvo, São Domingos, Aljustrel, Lousal e Caveira) e em estruturas geológicas como Pomarão, Ourique, Castro Verde, Cercal, Serra Branca e Albernôa e nos vales dos rios Guadiana e Sado, ou das ribeiras de Barrigão, Foupana e Odeleite. Percorra as minas da Faixa Piritosa onde poderá encontrar um património mineiro muito rico e diversificado. Aconselha-se a visita ao Museu de Aljustrel e ao Centro Ciência Viva do Lousal, bem como o percurso nas vilas e aldeias mineiras."

Percurso das Minas de Aljustrel, 2005. Mapa cartográfico adaptado para o Roteiro Turístico de Aljustrel: Arqueologia Mineira - Visita à mina de Aljustrel.

O município de Aljustrel reabilitou as infraestruturas inutilizadas, criando um Parque Mineiro turístico que visou valorizar e divulgar a história desta região, afinal o local despertava já o interesse de muitos curiosos que o visitavam. Assim, criou condições de segurança para que o possam visitar, o projecto inclui percursos pedestres entre crateras e paisagens lunares, chapéus de ferro, chaminés, locomotivas e malacates, e ainda descidas a uma galeria subterrânea.


Casa do Procurador, ruínas da antiga vila romana de Vipasca, Século I - II, 2015
Fotografia reproduzida e editada de Júlia Fernandes.

Casa do Procurardor é uma estrutura integrante do povoado mineiro-metalúrgico romano dos séculos I e II, denominado de Vipasca, relacionado com a exploração do minério, esta estrutura foi descoberta em escavações realizadas em meados do século XX. Já antes das escavações, haviam sido encontrados diversos materiais cerâmicos neste local, que hoje se encontram  no Museu Municipal. 


Campos de Cementação de Pedras Brancas, Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada da empresa edm, S.A.

A primeira cementação das minas de Aljustrel foi construída por volta de 1867 pela Companhia de Mineração Transtagana  na Herdade das Pedras Brancas e funcionou até meados dos anos 70, nas suas instalações era extraído oxido de cobre. numa espécie de reservatórios, era estagnada água rica em cobre ao passar pela sucata de ferro, dissolvendo-o, depositando o cobre no fundo dos tanques ou canais, formando uma espécie de lama, o cemento. Esta lama (cobre puro) é recolhida e seca em fornos. As escombreidas de Pedras Brancas, uma vasta área abandonada em 1875, ainda hoje se conserva infértil devido à drenagem ácida do minério.

Cementação de Algares, Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada da empresa edm, S.A.

A Cementação de Algares foi construída no inicio do século XX pela empresa concessionária belga na zona da Mina de Algares. Nestas instalações era produzido óxido de cobre através de um processo idêntico ao sumariamente descrito na Cementação de Pedras Brancas.

Central de Compressores de Ar, Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada do Município de Aljustrel.

A Central dos Compressores foi construída  em 1952 e equipada por três compressores nas minas de Algares e funcionou até 1992. Um dos compressores foi construído no Luxemburgo em 1928 os outros dois eram já mais modernos, ambos  funcionavam a energia eléctrica e a diesel. 

Ruína da Chaminé da Transtagana, Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada da empresa edm, S.A.

A Chaminé da Transtagana, hoje recuperada,  faz parte de u um conjunto de 3 chaminés projectadas pela Companhia de Mineração Transtagana no séc. XIX, durante o período em que esta empresa foi concessionária das minas de Aljustrel.  Estas chaminés seriam utilizadas na queima da pirite para produção de anidrido sulfuroso, utilizado posteriormente na cementação para a obtenção de cobre.

Teleiras das Pedras Brancas, Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada do Município de Aljustrel.

Teleiras das Pedras Brancas era uma estrutura que servia para queimar a pilha do  minério proveniente das minas de Algares e S. João do qual se extraiam os diversos componentes como cobre, ferro, zinco ou chumbo, para além de outros em menores quantidades, como estanho, prata e cobalto. Sob a pilha de minério colocava-se uma camada de lenha, a que se pegava fogo para que a pirite entrasse em combustão lenta.

Malacate de São João do Deserto, Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada da Município de Aljustrel.

Malacate é uma palavra de origem espanhola,  para designar o elevador metálico sobre o poço de uma mina, utilizada apenas nas minas da Faixa Piritosa.  Malacate de São João do Deserto era uma torre metálica cuja função era transportar pessoal, vagonetas de minério ou materiais que se acomodavam dentro de umas gaiolas ou jaulas que eram deslocadas por cabos verticais sobre o poço da entrada na mina, o movimento dos cabos era accionado por potentes motores eléctricos. Num entanto as jaulas só passaram a transportar também trabalhadores a partir de 1938.

Malacate Poço de Viana, Minas de Aljustrel.
Fotografia reproduzida e editada de mapio.net.

Os primeiros malacartes das minas de Aljustrel foram construídos em maneira meados do século XIX, e eram movidos atraves das primeiras energias fosseis, lenha ou a carvão e, mais tarde, com motores de gás pobre.  O Malacarte do Poço de Viana foi durante largos anos o principal poço de acesso à Mina de Algares e o nome foi atribulado  deriva do apelido de Francisco Vianna, administrador da Casa Bancária Fonseca, Santos & Vianna em finais do séc. XIX, proprietário da concessão mineira.

Malacate Vipasca, Minas de Aljustrel.
Fotografia reproduzida e editada de lifecooler.com

O Malacate do Poço da Vipasca foi inicialmente apelidado de Eyben, derivado do nome do primeiro administrador belga das Minas de Aljustrel em finais do século XIX. Em meados do século XX, a mina de Algares foi remodelada e estabelecida ligação à Mina do Moinho, tendo então o seu nome sido alterado para Vipasca como sinónimo de uma nova mina.

Represa das Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada da Município de Aljustrel.

A represa foi construída no inicio do século XX pela emprega concessionária belga para a obtenção de água  para os trabalhos mineiros. Esta albufeira era ainda aproveitada pela população para lavar roupa. Em 1989 foi aumentada a capacidade tendo sido destruído o espaço de lazer que lhe estava adjacente.

Toldas das Minas de Aljustrel, 2016.
Fotografia reproduzida e editada da Município de Aljustrel.

Estas condutas em betão foram construídas para funcionarem como cais carga dos comboios com o minério britado, na parte inferior circulavam os comboios e na parte superior circulavam as vagonetes.

Val'Doca Bairro mineiro , Minas de Aljustrel, 2015.
Fotografia reproduzida e editada do Grupo Alentejo Terra e Gente.


Para além do património material, o município levando os visitantes a conhecer a história e memórias dos locais mais emblemáticos da identidade local, como os bairros mineiros, as tascas ou o sindicato dos mineiros. A visita pode ainda contemplar uma performance do Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel, pioneiro no cante alentejano e símbolo máximo da alma mineira.


Hino dos Mineiros 

Nas minas de São João
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Morreram quatro mineiros
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Morreram quatro mineiros
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá

Eu traga a cabeça aberta 
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
que me abriu uma barrena
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá

Eu trago a camisa rota
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
E sangue dum camarada
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
E sangue dum camarada
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá

Ó Senhora Santa Bárbara
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Padroeira dos mineiros
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Padroeira dos mineiros
Vê lá, vê lá companheiro
vê lá.vê lá, como venho eu
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá
Lá.lá,lálá,lá,lá,lá

O Grupo Coral do Sindicato Mineiro de Aljustrel




O Grupo Coral do Sindicato Mineiro de Aljustrel foi fundado em Janeiro de 1926, é composto por 25 elementos e tem participado em concursos onde tem obtido várias classificações honrosas. Constituído por operários mineiros tem um longo historial de apresentações quer em Portugal quer no estrangeiro. A sua característica mais marcante é o seu traje, fardados com um fato de mineiro azul, um capacete de protecção e ao pescoço trazem  um "lenço tabaqueiro"  com as cores da bandeira Portuguesa impressa. São estes os elementos que constituem um dos mais carismático e singular grupo na história do cantar tradicional do Alentejo e de Portugal.
O Cante Alentejano é desde 2014 Património Cultural Imaterial da Humanidade, entoado por um grupo coral, "em que alternam um ponto a sós e um coro, havendo um alto preenchendo as pausas e rematando as estrofes. O canto começa invariavelmente com um ponto dando a deixa, cedendo o lugar ao alto e logo intervindo o coro em que participam também o ponto e o alto. Terminadas as estrofes, pode o ponto recomeçar com um nova deixa, seguindo-se o mesmo conjunto de estrofes. Este ciclo repete-se o número de vezes que os participantes desejarem. Esta característica repetitiva, assim como o andamento lento e a abundância de pausas contribuem para a natureza monótona do cante".
Cante Alentejano - Wikipédia, 2019

Fontes:

"Historia da Mineração", Câmara Municipal de Aljustrel, in www.mun-aljustrel.pt;
"Aljustrel", Guia Turístico de Portugal de A a Z, Círculo de Leitores, Manuel alves de oliveira, 1990;
"Património Cultural, Património Industrial Português - Minas da Aljustrel", Artur Filipe dos Santos, Universidade Sénior Contemporânea, 2015, pt.slideshare.net;

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