quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Ruínas do Convento de S. Francisco de Caria

Fachada da Ruína da Igreja do Convento de S. Francisco 

Rua e Caria, hoje duas freguesias do Concelho de Moimenta da Beira, mas nem sempre assim foi, já foram a mesma, exerceram domínio uma sobre outra e agora independentes entre si, pareço falar-vos de relacionamentos interpessoais.. mas o que é a gestão das povoações se não a vontade, relações e interesses de pessoas? 
Designada como Vila de Rua, chegou a ser cabeça do concelho de Caria (ou Caria e Rua), formado em 1512, por foral de D. Manuel. Em 1527, o Cadastro da População do Reino refere que a sede concelhia está em Caria, mas na segunda metade da centúria regressa a Rua. O concelho foi extinto em 1855, data em que passou para o concelho de Sernancelhe, sendo anexo ao de Moimenta da Beira por Decreto de 21 de Maio de 1896. Era priorado da apresentação do ordinário e passou mais tarde a abadia, sendo a sua sede na antiga vila de Caria de Jusã, hoje Vila da Rua. Diocese de Lamego.

Igreja Matriz de Moimenta da Beira 
Também Moimenta da Beira, se terá fixado outrora, em coordenadas geográficas divergentes das que ocupa hoje em dia, sim, crê-se que Moimenta tivesse existido entre Baldos e Fornos, duas das suas freguesias, onde se teria erguido uma igreja que mais tarde foi trazida para o local onde hoje está edificada, este habito de transferir edifícios “pedra a pedra” é mais comum do que possamos pensar e em épocas também muito variadas. 
Por vezes, nas localidades mais pequenas e relativamente interiores, a Igreja Matriz acaba por ser um ex-libris fazendo uma população e talvez mais tarde afamada, como foi o caso de Moimenta da Beira. Contudo, foi difícil reconstruir um esquema urbanístico da Igreja Matriz, tal como era há mais de 150 anos. O altar-mor foi construído tal como a tribuna, não coincidindo com a estética anterior, vindo por isso um especialista de Braga para a reconstrução fidedigna. Em 1932 foi construída a torre, que abrigou os sinos do Convento de São Francisco.

Torre Sineira da Ruína da Igreja do Convento de S. Francisco 

A imagem de São João, o padroeiro da vila, foi para Braga para substituição da cabeça, porque assim quis a população. O adro da igreja, fora do normal, serve de cemitério, tendo sido construído três anos antes de Moimenta pedir o convento para a sua igreja.
Basta juntar vários episódios semelhantes, para perceber como o Convento de S. Francisco chega aos dias de hoje na afirmação de uma “imponente” ruína.

Fonte de S. Francisco e Igreja Matriz da Rua
 
O Convento da Ordem Terceira de São Francisco terá sido construído no século XV. Existe uma Bula de Fundação do convento concedida pelo Papa Eugénio IV que data de 1443. 
Na origem da sua fundação, está uma lenda que diz ter sido sobre a fonte que S. Francisco, um pobre de Assis, profetizou, numa das suas caminhadas a Santiago de Compostela, que aí haveria de ser construído um convento em honra dos seus irmãos Franciscanos. E assim foi. Com a construção do convento, essa fonte terá sido deslocada para o adro da Igreja Matriz da Rua, onde existe também um pequeno coreto.


São Francisco abraçando Cristo na cruz , 1668, 
Óleo sobre tela de Bartolomé Esteban Murillo 
A Rota “francesa” de Santiago, cruzando o norte da Espanha, passava a fronteira em Escarigo, seguindo para Trancoso, e depois para Norte, passando justamente por Moimenta da Beira, a caminho de Lamego. Uma tradição local pretende mesmo que a futura fundação do Convento de São Francisco de Rua tenha sido profetizada pelo santo, que aí passara em peregrinação a caminho de Compostela.
Pelourinho da Rua, que juntamente com a habitação e pátio, 
foram escolhidos como representantes modelo da “Casa Beirã”
Esta representa a existência da ordem franciscana na região e a monumentalidade da freguesia, nomeadamente no Pelourinho da Rua de arquitetura manuelina, um belo exemplar, onde a presença de vieiras parece sugerir uma alusão ao Caminho de Santiago de Compostela. 
O Convento foi um dos primeiros a ser fundado da Ordem Terceira Secular em Portugal, com uma pequena igreja, campanário e dormitórios. Neste local passaram a realizar-se celebrações litúrgicas e atividades ligadas à igreja.


Monumento Homenagem a Manuel A.C. Campos e Maria de Sá 
Campos, pais do antigo Senhores desta Quinta, Amândio Campos 

Eram os frades que ali viviam que sacrificavam as suas vidas em prol dos pobres, dos desamparados, durante séculosa até as reformas liberais.
Era, também, o lugar preferido para último repouso das famílias principais, a que nem sempre reagiu com agrado o reitor da paróquia ruense. Pouco se sabe acerca dos quantitativos da comunidade franciscana de Caria. Neste particular, sabe-se apenas que em 1587 o abade de Alcobaça, frei Guilherme da Paixão, visitou a Terceira Ordem de S. Francisco, encontrando no convento de Caria 17 frades.
A ordem foi extinto em 1834 e adquirido por Amândio Campos em 1919 a Margarida Nápoles Alpoim, sem um projeto expecifico para todos os edifícios da quinta, de exploração agrícola, é na arte sacra que se inicia uma pilhagem das suas pertenças que culmina com o inicio da sua gradual degradação.
Tanque e fonte do jardim da Quinta. 

Neste momento o convento pertencente à Efore-Beiras – Empresa de Formação e Ensino de Moimenta da Beira, Lda e integra património arquitetónico e agrícola da bela “Quinta do Ribeiro”.
O nome “Quinta do Ribeiro”, termo relativamente recente, esta na origem de um pequeno curso de água ou nascente que alí emerge, já a quinta em si tem origem na anexação da Quinta do Paço(Paço dos Bulários), dos senhores de Távoara, doada aos frades da Ordem Terceira de São Francisco pelo rico e nobre Pedro Gil para a erecção de um convento o qual aí se fundou dando posse da igreja aos religiosos que nela celebraram a primeira missa em 28 de Agosto de 1445, dia de Santo Agostinho.

Aquilino Ribeiro (1885-1963) 

Esta Quinta serviu de cenário a uma obra e ficção de Aquilino Ribeiro (A Via Sinuosa). Na Casa de Aquilino, existe um quadro alusivo às ruínas do Convento, assim como pinturas, esculturas alusivas, em alguns casos, a São Francisco e a outros Franciscanos.
Aquilino Gomes Ribeiro(1885-1963), natural do Carregal da Tabosa, Concelho de Sernancelhe, filho de um padre e de uma camponesa, preso acusado de “anarquismo”, estuda em París na faculdade de letras, não termina a licenciatura, regressou derivado a problemas relacionados com a Guerra Mundia, lecionou mas é na escrita que se destaca, considerado por alguns como um dos romancistas mais fecundos da primeira metade do século XX. Iniciou a sua obra em 1907 com o folhetim “A Filha do Jardineiro” e depois 1913 com os contos de Jardim das Tormentas e com o romance A Via Sinuosa, 1918, e mantém a qualidade literária na maioria dos seus textos, publicados com regularidade e êxito junto do público e da crítica.
Miradouro da Quinta 
Descrita por Aquilino como num dos ex-libris das também por ele batizadas “Terras do Demo” o Convento de S. Francisco localiza-se num dos dois extremos mais altos da encosta que circunscreve a quinta, na outra extremidade um colossal miradouro, que justifica qualquer exagero ficcionário da narrativa literária que o escritor lhe inspirou.

Fachada da Ruína da Igreja do Convento de S. Francisco. 

Reminencias criativas à parte, as fotos que acompanham esta tentativa de narração histórica, pretendem transcrever, quanto seja possível, a beleza que ainda descreve cada recanto do lugar.


Pormenores do jardim da quinta 

“Atravessada a quinta por esta via, reclina-se suavemente pela encosta, numa compilação florística, hoje muito diferente do que já foi. Arvoredos verdejantes e floridos com matagais, em doces emanações de frescura que as águas brotam e deslizam a seus pés, e leiras fecundas onde outrora cresciam mimos pujantes e hortas viçosas. Bonita e bem lavada de ares constantes, esta é uma quinta de quietude patriarcal, de viver provinciano. O pronunciado declive tem um pico, onde se ergue altaneiro e senhoril um miradouro, que olha das alturas a líquida fita coleante que se alonga por entre alcantis agrestes e prados verdejantes. Daí lobrigam-se sem fusco, serranias churras, pinheirais, cristas pedregosas e ainda vários povoados.”
Capela da Quinta. 
“Olhando em redor aprisionam-se os sentidos e por ali ficamos, estáticos, como sôfregos na retrinca. Cada recanto de feição rural revela a ancianidade do local. Olhar para estas aguarelas com olhos de ver, é viajar por várias dimensões e rememorar as idades esquecidas, os legados que ainda não findaram. “

Tanque e fonte do jardim da Quinta.
O espaço é bastante generoso e arquitetónica diversificado, embora não possa precisar a construção de cada uma da estruturas, é certo que não foram todas edificadas nas mesmas épocas, além do convento, com duas estruturas físicas, a igreja e casa residencial dos frades, ambos em ruínas, proliferam ainda distribuídos funcionalmente por este espaço fértil, um solar, o Paço dos Bulários com vários anexos transformados em Escola Profissional Tecnológica e Agrária, além de um belíssimo tanque, algumas fonte, um pombal a capela de Nossa Senhora da Conceição, e vários outros apontamentos menores na sua dimensão, mas não em importância, vários arcos, escadas, varandas cuja seus contornos caracterizam os jardins e a distribuição arvorica.

Pormenores do jardim da quinta. 
“Louçainho de ricos pormenores de antanho que o mugre fétido parasitamente procura elidir, possidente, o convento encontra-se, hoje, em sepultura de vala aberta. O esqueleto que dele resta está apossado da sôfrega natureza, rubuste milhafre que o abocanha e suga. Sem suficiência, porém, para esconder ricos pormenores de antanho que a incúria do tempo e dos homens não conseguiu letificamente fazer ruir. Da igreja avulta, de nariz arrebitado, altaneira e senhoril, uma torre sineira de três secções verticais que se elevam da base através de colunas de pedraria uniformemente talhada, que suportam o peso de todo o conjunto.”

Fachada da Ruína da Igreja do Convento de S. Francisco. 
“Com janelas circunferenciais e quadrangulares de pequena bordadura granítica exterior, destinadas à luminescência, sobressai o derradeiro elemento seccional, cimeiro, ligeiramente mais estreito, como aquele que mais ornatos permite esquadrinhar. Os quatro cunhais de pilastras quadrangulares, onde convergem as paredes deste elemento seccional quadrifacetado, terminam em jeito de capitel onde assentam quatro lintéis que servem de base ao telhado de cujos vértices saem quatro gárgulas em forma de corneta. Cada uma das faces desta torre possui quatro aberturas em janela pronunciada de onde se vislumbravam e irradiava a equissonância de sineiras composições.”
Pormenor da porta principal da Ruína da Igreja do Convento de S. Francisco.
 
“O resto da igreja apresenta-se sob duas faces. A do meio, contígua à torre, assume a centralidade do edifício. A reentrância do portal de ampla quadratura inicia-se com arco de três arestas ladeado de cunhais encimados de remate. Segue-se uma portentosa janela rectangular com bordadura exterior, como todas as outras do edifício, por onde se fazia a iluminação do interior. Ombreia com duas outras, igualmente de traçado rectangular mas com menor área, que estreitecem para dentro, isto é, com traçado oblíquo na espessura da parede em jeito de lancis de quebra-luz. Termina o conjunto em telhado triangular de face ornada com arco semi circunferencial a guardar nicho granítico de traçado esbéltico, assente em base saliente e suportado por pequenas colunas de base fuste e capitel, destinado, por certo, ao patrono. A outra face, no cerne de dois poderosos cunhais, autênticas longarinas, comporta um portal robusto, de menor área do que o anterior, em conjunto quadrangular encimado de janela circunferencial elevada a cerca de 6 metros.”

Citações do meu conterrâneo e também contemporâneo de Escola Dr. Joaquim Dias Rebelo (Homenagem a titulo “Pretumo”), Dr. Jaime Gouveia em “A História da Nossa Terra”, 30 de março de 2013.

Ruína da fachada da Casa dos Frades da Ordem Terceira de São Francisco. 

Em completo abandono, restam apenas as ruínas da igreja, onde sucintamente é visível uma fachada em granito, característica própria do modo de vida da Ordem que lhe deu origem, pobre e modesta todo o edifício apresenta ainda pequenos elementos decorativos, com algumas referências classicistas e uma torre sineira. Existe também um outro edifício anexo,mais recente de traça barroca – a Casa dos Frades da Ordem Terceira de São Francisco.
Ruínas de edifícios anexos 

Hoje restam as memórias e lendas que por ali passaram.

Prato exemplificativo do aspeto da Marrâ 

E são muitos os que por alí passam e param de quando em vez, é realizada uma feira anual que assinala o fim das colheitas, num largo com o mesmo nome e em honra do patrono do convento S. Francisco, esta feira é realizada pelo menos desde 1664, data em que aparecem relatos em manuscritos relativos à congregação, é popularmente conhecida como a feira da “Marrã” cujo termo muito antigo, designa a bácora que já deixou de mamar ou simplesmente a sua carne. Marrã, também popularizado em outras feiras pelo pais, cuja variedade vai de encontro às tradições gastronómicas da região, “nós por cá”, vulgo carne de porco ou torresmos, são os mais comuns.

Bom apetite!!!

Ruína da Torre da Igreja e da fachada da Casa dos
Frades da Ordem Terceira de São Francisco 

Fontes:
cm-moimenta.pt
freguesias.pt
pt.wikipedia.org
patrimoniocultural.gov.pt
avataresdamemoria.blogspot.com
As fotos não assinadas foram retiradas das fontes ou de outros sites.

Arcos do jardim da quinta 

Restauro do Palacete Marques Gomes


A vinte e poucos de dezembro de 2018, foi descontraidamente passear pelo estuário do Duro com a maquina fotográfica em punho tentando perceber as melhores oportunidades de a poder usar, entre elas tinha em mente fotografar o Palacete Marques Gomes que é sobranceiro ao estuário, da Rotunda do Largo de Linhó, sobe a rua com o mesmo nome e na outra extremidade numa outra rotunda, estamos de frente à entrada da quinta, de onde podemos avistar logo o imponente palacete.


Tinha visto fotografias das suas ruínas em vários lugares, pela net, e gostava também de lhe poder “tiras as medidas”. Se é certo que a vida dos homens é mais curta do que a das casas que constroem, também o é que estas exigem alguns cuidados de preservação e restauro, quase sempre proporcional à sua dimensão.


No início do século XX, Marques Gomes fez fortuna no Brasil. A casa grande que mandou edificar, sobranceira à barra do rio Douro, prestou o serviço que lhe competia até que, ao fim de cerca de trinta anos, não resistiu à desarticulação da estrutura familiar que a justificava. As matas foram tomando conta do antigo montado, absorvendo as espécies exóticas e as plantações ordenadas. E o abandono marcou indelevelmente a arquitectura do lugar. Até que, a ruína, o fogo e a pilhagem destruíram o cenário da memória possível.


De encontro a essas ruínas de poucas memórias, eis que me deparei com uma coisa que não é muito habitual, para meu espanto, e contra as minhas espetativas (pensei que já nada restasse do edifício), encontrei este praticamente restaurado, no seu esplendor do que foi outrora.
Foi pesquisar e percebo que a Quinta Marques Gomes, está inserida num projeto que visa o desenvolvimento de um empreendimento residencial de luxo, composto por vários edifícios de habitação coletiva, zona de moradias geminadas e isoladas, edifícios de escritórios, um lote destinado a uma escola e outro a um supermercado, bem como o desenvolvimento de um projeto de reabilitação do palacete existente e uma zona de estar (com health club e business center).


Uma daquelas poucas vezes em que se fica satisfeito, por vez frustradas as nossas espetativas, são de louvar iniciativas como esta!

Duas histórias e um mesmo destino:

Mintaro, 1881, Malbourne, Itália



Mintaro é um palacete italiana de 1881 com dependências associadas a um ambiente paisagístico perto de Romsey, 58 km ao norte de Melbourne.
Diz a lenda urbana que a casa é inspirada na Casa do Governo de Melbourne. Não seria de todo impossível que o arquiteto James Gall se tivesse inspirado nessa edifício histórico, uma vez que o mesmo foi edificado 6 anos antes da construção de Mintaro, num estilo bastante popular na época – “Italianated vitoriano (alto)” – também não seria descabido se Gall estivesse apenas construindo um palacete moderno contemporâneo, cujo estilo de Gall, também evidenciado em outras construções, apresentava características contemporâneas do estilo Vitoriano.


A terra onde Mintaro se encontra, fezia parte de grandes prados destinados à pastorícia, sabe-se que em 1844, pertencia a John Pascoe Fawkner. Em 1860, a propriedade foi tomada pelo Capitão Robert Gardiner, um escocês que fez uma fortuna nos transporte marítimo, na caça de baleias, mineração de ouro e exploração agricula.

No final da década de 1870, Gardiner contratou o arquiteto de Melbourne, James Gall, para projetar uma grande casa, em 1879, os concursos foram solicitados para sua construção e, em abril de 1881, estava concluída a constroção do edifício. 
Os interiores foram desenhados pelo distinto artista de decoração W Brettschneider, nascido na Alemanha. O Seu interior apresenta um tipo de luxo muito urbano, com extensos tratamentos de parede, trabalho em mármore e tratamentos de teto normalmente não encontrados em outras propriedades rurais da época. Um dos mais proeminentes historiadores da arquitetura australiana, Miles Lewis, abordou a sofisticação dos interiores de Mintaro em várias de suas palestras.



Após a morte de Gardiner, em 1890, Mintaro foi comprado pela “Methodist Church” e tornou-se um “Reformatory Home for Girls”, onde as meninas aprendiam habilidades domésticas.

Foi comprado em 1914 pelo Dr. Crivelli como uma casa de família. Em 1934, a propriedade foi adquirida pela família Real e, depois de ser usada pelo exército para abrigar alojamentos, entre 1941 e 1946, permaneceu na família Real até 2012.


Em 2014 e 2015, o palacete e propriedade serviram de cenário para a Série televisiva Glitch, produzida pela Netflix, correspondiam à propriedade oitocentista da personagem do Governador Paddy Fitzgerald que ironicamente a encontrou arruinada pela família, quando voltou do mundo dos mortos para a reclamar. O edificio despertou o meu interesse, primeiro pelas semelhanças estruturais que partilha com o Palaçete do Rei do Lixo em Coina, em segundo lugar por ter verificado os sinais de degradação que o edificio apresentava na série e comprovadamente na vida real tambem, por entre as demais coincidências da ficção e da realidade que partilham.



O destino mais recente da casa não é “tão alto”. A propriedade de quase 10 hectares está a ser utilizada para albergar mais de 150 carros antigos e sucatas que esperam ser vendidos, o mais triste é que o estado degradado da mansão não destoa da “decoração” do meio envolvente, quase se conseguem ouvir os gritos de pedidos de ajuda do edifício solicitando a merecida recuperação.


Palácio do Rei do Lixo, 1910, Barreiro, Portugal



Palácio do Rei do Lixo, também conhecido como a Torre de Coina, ou Palácio da Bruxa, está situado na freguesia da Coina, Barreiro, sendo bem visível da estrada nacional n.º 10.
Trata-se de um local misterioso e repleto de lendas urbanas que se perpetuaram no tempo sem que, nos dias de hoje, se saiba ao certo de são verdade ou mentira. O certo é que esta imponente torre salta facilmente à vista e desperta a curiosidade e o imaginário de quem com ela se depara. A sua traça além de estranha e de gosto duvidoso, não deixa de ter imponência e de ser um marco incontornável da nossa arquitetura, a sua simetria e ornamentação, construção isolada em altura e cheia de ângulos, torre e muitas portas e janelas, são características contemporâneas do estilo de arquitetura Vitoriano.


A quinta onde se encontra o palácio foi propriedade rural, no século XVIII, de D. Joaquim de Pina Manique, irmão do intendente de D. Maria I, Diogo Inácio Pina Manique. A propriedade foi depois adquirida, no século XIX, por Manuel Martins Gomes Júnior, comerciante de Santo António da Charneca, que em 1910 mandou construir o palácio, diz-se, para que “conseguisse avistar a propriedade que possuía em Alcácer do Sal”.
Manuel Martins Gomes Júnior era conhecido como o “Rei do Lixo”, devido ao exclusivo que tinha para a recolha dos detritos da cidade de Lisboa, e tendo feito fortuna a comprar e vender lixo. Profundamente ateu, Manuel Gomes Júnior transformou a ermida da propriedade em armazém e estábulo e batizou a herdade de “Quinta do Inferno”.


Manuel Martins Gomes Júnior morreu em 1943 em circunstâncias estranhas, a causa da sua morte nunca viria a ser apurada. Deixou um enorme legado de propriedades e 143 mil contos que doou à Misericórdia. Assim a Quinta do Inferno passou para o seu genro António Ramada Curto, que a transformou numa importante casa agrícola.
Em 1957, foi vendida aos grandes proprietários e industriais de curtumes Joaquim Baptista Mota e António Baptista, contudo o palácio, nunca foi habitado, retomaram o cultivo da quinta, introduziram exploração pomícola e melhoraram os seus jardins palacianos. A Quinta do Inferno mudou então de nome e passou a chamar-se Sociedade Agrícola da Quinta de S. Vicente.



Em 1972 foi novamente vendida, desta vez a António Xavier de Lima, conhecido urbanizador da margem sul. Este último afirmou publicamente ter um projeto para reconverter a quinta, e transformar o palácio numa pousada de cerca de 85 quartos.
Mas noite de 5 de Junho de 1988 o palácio foi totalmente devorado pelas chamas, Xavier de Lima disse ao jornal “A CAPITAL” que o restauro implicava um investimento não suportável. Desde aí o palácio encontra-se num total abandono e recentemente abateu toda a parte intermédia e o terceiro terraço. Transformando-se dia para dia a transformar-se numa enorme ruína.


Fontes:

vhd.heritagecouncil.vic.gov.au/places/2879
radicalterrace.com/…/mintaro-james-gall-monegeetta-l… 
vortexmag.net/a-incrivel-historia-do-palacio-d…/
ruinarte.blogspot.com/…/o-palacio-do-rei-do-lixo-coi…

Sanatório de Mont’Alto ou Sanatório de Valongo

Fachada do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018

Uma Necessidade;

Cartaz: B.C.G. Mais Vale Prevenir do que Remediar 
Coleção da Tuberculose – 1955, In http://www.insa.min-saude.pt

A propagação da tuberculose teve um exponencial crescimento nas duas ultimas décadas do século XIX, o elevado nível de contagio e o desconhecimento das precauções para com a epidemia, estiveram na origem da sua dimensão.

Cartaz: Assitencia Nacional aos Tuberculosos
Coleção da Tuberculose – 1930
Também Portugal viria a ser atingido com o surto e assim como a maioria dos países desenvolvidos ou, tecnicamente, em vias de desenvolvimento, teve que adotar medidas que podassem dar resposta não só aos casos diagnosticados, mas também salvaguardar os sãos. A capacidade hospitalar para os receber, com o acrescido risco de contagio e a necessidade de isolamento, ficavam muito aquém do necessário.

Foto de funcionárias do Sanatório Mont’Alto numa sala de tratamentos.
Já no inicio do século XX começam a surgir sanatórios por todo o país, de norte a sul, do inteiro ao litoral. O aparecimento destas unidades hospitalares está diretamente relacionado com a doença, desde a escolha da sua localização geográfica até a sua especialização médica.
Ilustração Alusiva a Homenagem à Rainha Dona Amélia 
pelo reconhecimento das suas acções beneméritas. 
A Rainha Dona Amélia, esposa do Rei Don Carlos e ultima a ocupar esse cargo antes do asilo entre França e Inglaterra, fundou a 11 de junho de 1899 o Instituto Nacional de Assistência aos Tuberculoso, que esteve na origem da construção dos sanatórios em todo o país.

 
A ATNP (Assistência aos Tuberculosos do Norte de Portugal ) , hoje é uma IPSS que tem como objetivos o apoio a crianças, jovens e famílias, na saúde, educação, cultura,  desporto e intervenção comunitária. In Facebook da ATNP 

Outras instituições surgem com o intuito do combate à doença, em 1930, com a fundação da Assistência aos Tuberculosos do Norte de Portugal (ATNP) pelo professor António Elísio Lopes Rodrigues, a região ganha novo fôlego no combate ao flagelo. É então que o Sanatório de Mont’Alto, conhecido como Sanatório de Valongo, mas localizado em São Pedro da Cova, concelho de Gondomar, começa a ganhar vida, ultimo a ser construído no país, as obras arrastaram-se anos e anos e o Sanatório, que começou a ser construído em 1932, só foi inaugurado em 1958, entre financiamentos bloqueados e petições populares.

Fachada do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto,
Ruína em 2018 
O local escolhido, Monte de Santa Justa, um dos três pontos de maior elevação das “Serras de Valongo”, a pouco mais de 6 km da cidade do Porto e repartidas entre os concelhos de Valongo, Gondomar e Paredes, foi escolhido pela proximidade dos grandes centros e ao mesmo tempo pelo isolamento geográfico e ainda porque a altitude de 367 metros proporciona um ar de qualidade superior, fator importantíssimo para o tratamento da doença sobretudo relacionada com os pulmões.

A Memória e Obra de um Arquiteto:


Júlio José de Brito (1896-1965), Arquiteto, Engenheiro e Professor.
In sigarra.up.pt 
A obra de Júlio de Brito contribuiu para a construção da imagem da cidade do Porto na primeira metade do século XX, no entanto a sua obra extensa e distinta tem hoje maior visibilidade do que seu próprio nome. Filho do pintor homónimo Júlio de Brito, seguiu os passos do pai enveredando pelo mundo das artes, estudou também na Escola de Belas Artes do Porto, onde se formou em arquitetura e onde acabou por lesionar durante vários anos, mais tarde inscreveu-se também na Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto onde se viria a formar em engenharia civil.
Foto do Teatro Municipal Rovoli, Projeto de arquitetura e engenharia da responsabilidade  de Júlio Brito, propriedade da Câmara Municipal do Porto, situa-se na Praça D. João I e foi inaugurado em 1913 como teatro e em 1932 reinaugurado com as adaptações como cinema. In Wikipédia.pt e editada.

Paralelamente ao ensino, desenvolveu importantes projetos de engenharia e arquitetuta, projectou grandes e pequenas construções, umas mais notáveis, outras dentro dos gostos encomendados. Seguidor do mestre José Marques da Silva, um dos principais responsáveis pela introdução da era modernista na cidade do Porto, Brito soube desenvolver e, nalguns momentos, evoluir em paralelo.
Foto do Coliseu do Porto, Projeto arquitetónico estilo “Arte Deco” resultado da pareceria  dos arquitetos Júlio Brito, Cassiano Branco e Mário Abreu, propriedade da “Companhia de  Seguros Garantia”, situa-se na Rua Passos Manuel e inaugurado em 19 de dezembro de 1941.
Foto de Paulo Pimenta in Jornal Público e editada. 
Parte da sua obra fica para a História como o Teatro Municipal Rivoli e o Coliseu do Porto, mas também a Faculdade de Engenharia e os Edifícios Garantia (da Rua de Sá da Bandeira, da Avenida dos Aliados e de Famalicão), cujos formulários serviram de paradigma às gerações de arquitectos que se seguiram. 

Foto de funcionárias do Sanatório Mont’Alto, é possível observar o aspeto da fachada principal
do edifício ainda em funcionamento. In http://portugalparanormal.com, s/d 
Júlio de Brito esteve perfeitamente integrado na “Escola do Porto”, movimento caracterizado por um modernismo arquitetónico estabelecendo ligações entre a arqutetura clássica e o “Arte Deco”, potenciadas pelas tecnologias e necessidades atuais. No entanto nunca abandonou de fato a arquitetura tão apreciada pelo regime do Estado Novo, a “Casa Portuguesa” com caraterísticas ancestrais e intrínsecas da cultura portuguesa.
Júlio José de Brito foi um artista do seu tempo, lembrado pela Câmara Municipal, que, por deliberação de 7 de Julho de 1992, atribuiu o seu nome a uma rua da freguesia da Foz do Douro Rua de Júlio de Brito.
Foto de visitantes e familiares de doentes internados no Sanatório Mont’Alto, é possível observar o aspeto da entrada principal do edifício, localizada na lateral  e ainda a escola no lado direito. In http://portugalparanormal.com, s/d 

Uma das suas primeiras grandes obras viria a ser o imponente Sanatório de Mont’Alto, Inaugurado em 1958, o enorme edifício está inserido numa área de 88.000 metros quadrados, aproximadamente nove campos de futebol,possuía 5 pisos e um recuado, camas para internamento com capacidade de 500 pacientes, para além da imensidão do Sanatório, a área envolvente contava ainda com uma escola, uma lavandaria, uma igreja com acesso interior direto, uma capela e um reservatório de água, todos eles estão hoje devolutos e em avançado estado de degradação.
Vista Aérea do Complexo dos Edifícios que Integram o Sanatório de Mont’Alto.
Foto in avalache-lazer.blogspot.com, num artigo relacionado com o desporto PAINTBALL. 

Fachada rpincipal da pequena escola do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 

Fachada lateral da igreja em primeiro plano, parte da lavandaria em segundo plano e o reservatório de agua ao fundo em terceiro plano, Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 

Como já referido anteriormente a ideia da construção do Sanatório no inicio dos anos 30, aparece ligada a fundação da ATNP, o problema é que para alem da demora da sua conclusão, cerca de 26 anos, chega numa altura em que a doença começa a ser tratada em deambulatório, desde 1958 a 1972 podemos dizer que para a dimensão e capacidade do edifício, foi um período de funcionamento muito curto, face ao investimento projetado.

Fachada lateral do edifício e porta principal do Sanatório de Mont’Alto, 
ao fundo o que resta da pequena escola. Ruína em 2018 

A partir dos anos 70, os sanatórios perdem a sua importância com o aparecimento de tratamentos mais eficientes sem necessidade de internamento e por isso tornam-se obsoletos, sendo relegados para o esquecimento: Em 1972, já havia muito poucas pessoas no Sanatório e a grande maioria funcionários do Couto das Minas de Carvão de S. Pedro da Cova, alí muito próximo e também extinto nos anos 70, fruto da descida do preço do petróleo que passou a configurar uma opção mais rentável para a industria.

Atualmente o Sanatório de Mont’Alto;

Fachada do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 
Um complexo hospitalar cujo pico de atividade terá rondado os 300 pacientes no inicio dos anos 60, atualmente, relativamente às funções para que fora projetado, já só restam memórias, não se encontram vestígios óbvios de que, um dia, aquele lugar tenha sido um hospital de fato.

Pormenor das janelas da área de serviço do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018.

Vista de cima das pequenas escadas de serviço do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 

5.º Patamar, vista parcial da sala principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 

Corredor de acesso aos quartos do Sanatório de Mont’Alto,
Ruína em 2018 

Sem uma única porta, uma janela, apenas salas amplas completamente vazias, corredores descaracterizados, casas de banho completamente vandalizadas, ausência de corrimão e caixas de elevadores vazias são traços em comum nos seis pisos que compõem o edifício.

Pormenor da paredes do ultimo andar do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 
Terraço da varanda e fachada exterior do piso recuado de Mont’Alto, Ruína em 2018 

As paredes, principalmente a do ultimo andar, são dos poucos elementos que apresentam alguma vida, cobertas de grafites que embora não combinem com o lugar, conferem alguma beleza artística que talvez um dia tenha tido.
Perspetiva do ultimo andar do Sanatório de Mont’Alto, sobre Gondomar e parte do Porto
Ruína em 2018 

Vista do ultimo andar do Sanatório de Mont’Alto, sobre Gondomar e parte do Porto
Ruína em 2018 
Vista do ultimo andar do Sanatório de Mont’Alto, sobre as serras de Valongo
Ruína em 2018 
O ultimo piso, um recuado já sem teto e com uma ampla varanda a todo o cumprimento do edifico, é talvez a maior atratividade ou a melhor recompensa para quem explora o local, a vista fabulosa que proporciona, num dia completamente limpo, prolonga-se até ao mar.
Capela do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018
Interior da Capela do Sanatório de Mont’Alto, sobre as serras de Valongo, Ruína em 2018
Igreja do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018
Interior da Igreja do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018
Também da igreja e da capela não há vestígio de qualquer aspeto artístico original, as paredes destas encontram-se também decoradas ao gosto casual de quem por lá passa e deixa testemunhada a sua arte.

Fachada do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018
 
Não foi apenas o tempo o grande responsável pelo estado de degradação dos edifícios, depois que a instituição deixou de trabalhar com doentes de tuberculose, e com o estrito relacionamento que mantinha com o Estado Novo, depois do golpe militar, os seus edifícios foram saqueados, extinguiram-se os mecenas e o sanatório de Mont’Alto foi-se degradando.

Grande plano da fachada do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 

Após o saque de que foi alvo, ainda é possível encontra objetos pertencentes ao sanatório por várias casas da região, desde camas, cadeiras, de entre outros utensílios. O Sanatório foi também fustigado por incêndios como é possível constatar pelo seu estado débil assim como pelas árvores queimadas nas imediações do espaço.

Pormenor das cosinhas e casas das máquinas do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto,
Ruína em 2018 
Das atividades que caracterizavam o lugar há mais de 50 anos, não há vestígios, muito embora saibamos que a medicina, a religião e o ensino tenham sido atividades de grande relevância para os utentes.
Ângulo da Fachada do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018
Hoje o potencial do lugar é explorado por um leque de atividades mais diversificados, a criatividade é o limite de quem visita o lugar.
Foto da organização de um simulacro no edifício do Sanatório de Mont’Alto,
Ruína s/d 

Foto do Exercício de simulação de situação sísmica na capela do Sanatório de Mont’Alto,
Ruína 2015, In verdadeiroolhar.pt Talvez das mais importantes e com maior interesse para a população em geral, estão os testes e simulacros promovidos pelos Bombeiros e Proteção Civil, apesar de estes provocarem alguns danos acrescidos ao já degradado edifício.

Reflexo do Interior da Igreja do Sanatório de Mont’Alto, 
Ruína em 2018 

Outra das atividades óbvia e com maior intensidade, até pela dimensão e versatilidade do espaço são os grafites, não equaciono a legalidade nem tenciono, o fato é que edifícios abandonados, pelo menos os que visitei, são lugares bastante apetecíveis para a realização desta atividade que nem sempre está relacionadas com a arte, mas não no meu ponto de vista.
Programa da organização de uma atividade radical  no Sanatório Mont’Alto, Ruína, 2018 

Parede do corredor de um dos pisos, fustigada com as balas do paintball, Ruina 2018
 
Ainda dentro das utilizações mais comuns, está o paintball, quem já explorou o lugar e conhece os recantos do complexo consegue perceber o interesse que existe associado para a prática deste desporto, estruturas labirinticas cheias de corredores, aberturas de portas e janelas, edifícios de várias altitudes e o próprio isolamento, são características do agrado dos amantes da modalidade. Várias as empresas “vendedores de experiências” desportivas, promoverem eventos no local. São visíveis nas paredes as pintas coloridas dos disparos falhados do decorrer da “caçada”
Foto de noiva as ruínas do sanatório de Valongo, s/d, In fotofigueiredo.com 

O edifício acolhe ainda, casualmente, fotógrafos de várias áreas de atividade, desde eventos familiares, fotógrafos de moda, fotografia artística entre outras que encontrem potencial nos cenários proporcionados pelo local.
Foto de registos alegadamente sobnaturais. Ruínas, s/d In http://portugalparanormal.com


Foto de um dos corredores do edifício principal do Sanatório 
de Mont’Alto, Ruína em 2018 

É também muito conhecido pelo “darck tourism” é mesmo um dos mais conhecidos do país, talvez pela sua atividade associada a morte, tenha popularizado como um local ligado ao mundo sobnatural, certo é que das duas vezes que o visitei reparei em algumas situações evidentes de “atividades” decorrentes ligadas ao oculto mais conhecidas como rituais. Encontram-se com alguma facilidade reportagem filmadas no local sobre o tema, no youtube, por exemplo.
Foto das janelas de um salão do edifício principal do Sanatório 
de Mont’Alto, Ruína em 2018 

Também percebi que no piso térreo, pelo menos, até há bem pouco tempo, o espaço serviu de abrigo para pessoas sem condições financeiras, os vestígios eram bastante recentes.
Foto do ultimo patamar das escadas principais, onde é visível a reconstrução com tijolos da 

vedação do patamar, edifício principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018
Toda via é visível alguma manutenção no espaço, claramente é efetuada a remoção de resíduos e também se tenta asseguara a limitação de acesso a locais que possam oferecer maior perigo, como por exemplo o acesso as escadas e poços de elevadores.

Especulação sobre o Sanatório de Mont’Alto;


Captação Aérea efetuada o complexo do Sanatório de Mont’Alto, s/d In datario.net .
Em cada abordagem que é feita a história do sanatório, são varias as especulações que se atribuem ao futuro do lugar.
Foto das janelas de um salão do edifício principal do Sanatório 
de Mont’Alto, Ruína em 2018 
A ATNP, instituição responsável pela gestão do local, tem uma ambição definida para o complexo, é imperativo promover a sua reabilitação, entendem que o potencial do lugar deverá ser canalizado para a saúde ou o turismo, de uma forma integrada com os cerca de 9 hectares de terreno. Turismo porque beneficiaria toda aquela zona de Gondomar e saúde para ser usado pela comunidade. O Sanatório cresceu com o apoio da população para ajudar as pessoas mais debilitadas e enquanto IPSS, os objetivos de vertente social são prioritários.
Capela do Sanatório de Mont’Alto, vista do terraço, Ruína em 2018 
O equacionamento de projetos ambiciosos para o local, pela dimensão do investimento e pelo interesse publico local, passa por parcerias, nomeadamente com a Câmara Municipal de Gondomar.

Fachada lateral do edifício e porta principal do Sanatório de Mont’Alto, ao fundo o que resta da 
pequena escola. Ruína em 2018
A verdade é que o Sanatório de Mont’Alto continua ao abandono há quase 50 anos e, apesar de terem surgido ideias de alguns projetos na comunicação social local, como um hospital para os retornados do Ultramar ou um hospital psiquiátrico, um lar de idosos também foi uma possibilidade, mas a verdade é que nada avançou e ainda hoje se especula sobre a reabilitação do edifício principal, espero que encontrem uma solução, com maior antecipação face ao eventual estado irreversível de ruína, do que foi a sua inauguração em função dos tratamentos efetivos para a época.
4.º Patamar da escadaria principal do Sanatório de Mont’Alto, Ruína em 2018 

Fontes:
portugalparanormal.com/
monumentosdesaparecidos.blogspot.com/
jpn.up.pt/
flickr.com/
Júlio José de Brito, arquitecto e engenheiro civil– um artista no Porto – Manuel de Sampayo Pimentel Azevedo GRAÇA
Foto das janelas de um salão do edifício principal do Sanatório de Mont’Alto, 
vista sobre o Porto, Ruína em 2018