terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Menção Honrosa Premio Valmor em 1908 (Palacete Branco Rodrigues)


Palacete Branco Rodrigues, 
Avenida da República, 36,esquina da Av. Visconde de Valmor (1908), 
Antiga Avenida Ressano Garcia (1910). Paulo Guedes, in AML 


A Casa de José Cândido Branco Rodrigues (fundador das escolas portuguesas para cegos), que também foi conhecida por Palacete Branco Rodrigues, devido à sua conceção, foi edificado entre 1906 e 1908, situava-se frente ao Palacete Valmor (Post Anterior) na Avenida da República em Lisboa e recebeu uma Menção Honrosa (Prémio Valmor), em 1908 e uma publicacão na pristigiada revista “A Architectura Portugueza”, ano l, n°10,1908,p.37-38.


Avenida da República, 36 e 38, esquina da Av. Visconde de Valmor (1908), 
Palacete Valmor Prémio Valmor 1906, a direita palacete Barreiros Mensão Honrosa do Prémio Valmor de 1908. Paulo Guedes, in AML 

Com um perfil movimentado que lhe confere um aspeto que remete para arquitetura medieval, apresenta um torreão central dominante, com um que domina todo o corpo do edifício, no entanto todo o edifício foi equilibradamente revestido de pormenores com uma minúcia na execução do seu detalhe primoroso.

Vista fachada principal e a norte da casa Branco Rodrigues
Revista "A Architetura Portugueza", 1908. 

O edifício dispõe, à data da sua construção, de um isolamento que lhe confere a execução libre de quatro fachadas diferenciadas, a fachada voltada para a Avenida Ressano Garcia, onde são visíveis de forma clara os aspetos ao estilho românico, como a lógia que encima a entrada principal, ou ainda o arco lateral que sustenta a varanda da casa, os acabamentos de cantaria de textura pouco polida também remetem para a mesma época.





Vista da fachada principal da casa.
Revista "A Architetura Portugueza", 1908. 

De destacar ainda o grande arco que enquadra a fachada principal, causando um duplo efeito, por um lado dá a ilusão de um holl de entrada ao nível do segundo andar, por outro lado as pilastra de sustentação da abóbada, diferenciam-se da composição ao nível do primeiro andar.

Vista lateral Avenida Visconde de Valmor
Revista "A Architetura Portugueza", 1908. 

Já a fachada que se volta para a Rua Visconde de Valmór, a composição é nos apresentada de forma mais sóbria, grandes superfícies lisas onde o destaque vai para as grandes arcadas que enquadram as aberturas das as portas e janelas combinadas que lhe proporcionam um equilíbrio estético.

Vista lateral de sul da casa.
Revista "A Architetura Portugueza", 1908. 

No interior a casa é de garnde simplicidade, salienta-se o desenvolvimento da zona social da casa em altura, acompanhando o torreão e da escada a ele associada, no rez-do-chão, além do vestíbulo, ha um escritório, gabinete, oratório, casa de jantar e dependências, tais como a cozinha, quartos de criados, casa de engomados, casa de banho, etc. No primeiro andar, fica uma sala para visitas, quarto grande, quarto para hóspedes, varias dependências e o terraço. O torreão é aproveitado para uma ampla sala de bilhar.

Pormenor do arco e da varanda.
Revista "A Architetura Portugueza", 1908. 

Este edifício seria demolido nos anos 1949-1950, dando lugar a um prédio de habitação com 8 andares e lojas no piso terrio.

Ficha técnica da planta do Palacete Branco Rodrigues
Avenida da República, 36 e 38


Arquiteto Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962)
Diplomado pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa, Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) é uma figura de enorme importância na construção da imagem arquitetónica de Lisboa e do país, contando com uma imensa produção edificada, dentro e da qual vários Prémios Valmor. Arquiteto da Casa de Bragança, é também autor de vários projetos, entre os quais os da casa e atelier Malhoa, em Lisboa, o pavilhão D. Carlos no Buçaco, o Palace Hotel da Curia, o Grande Hotel do Monte Estoril, o Hotel Paris no Estoril, o Palácio Fialho em Faro e a Villa Sousa que também já mereceu a nossa atenção num post anterior por ter sido valmor em 1912 e se encontrar em estado avançado de ruina.

Fontes:
A Casa Unifamiliar Burguesa na Arquitectura Portuguesa, Rui Jorge Garcia Ramos, FAUP, 2004;
Revista "A Architetura Portugueza" Anno 1, n.º10, Outibro de 1908;

Sem comentários:

Enviar um comentário