quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Prémio Valmor de 1910 – Casa de António Macieira -Demolido (1961)

Prémio Valmor de 1910, Av. Fontes Pereira de Melo, 30, [1910-14].
Foto (editada) de Paulo Guedes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L. 

Localizada na Avenida Fontes Pereira de Melo, n.º 30, em Lisboa, encomendada por António Macieira, nasce aquela que foi uma das obras mais assinaláveis do arquiteto Ernesto Koorodi, distinguida em 1910 com a atribuição do Prémio Valmor. Por contemplar uma exigência perante o conforto interior ou o aconchego do sweet home, como concebem e praticam os ingleses, e sem despender de recursos desnecessários.

Casa António Macieira, Foto da Fachada Principal, 
Ernesto Korridi, 1910 Foto (editada) de Paulo Guedes, in Arquivo Fotográfico da C.M.L. 

A planta de forma quadrangular era dividida com grande rigor, funcional e técnico ao mesmo tempo que a economia de meios se refletia no alçado lateral, virado para o logradouro privado da casa, onde se denotava uma generalizada simplificação decorativa. No fundo, a racionalidade construtiva, aliada à económica, refletia o rigor da obra, relativamente à sua organização espacial e funcional, num registo de continuidade e de inovação.

Casa Antonio Macieira, Planta do piso térreo da casa, Ernesto Korrodi, 1910 

Ernesto Korrodi (1870-1944), fui um dos pioneiros e mais bem sucedidos arquitetos da Arte Nova em Portugal, tendo conquistado duas vezes o Prémio Valmor. Para além da Casa de António Macieira, em 1917 o mesmo galardão lhe foi atribuído pelo prédio na Rua Viriato, n.º 5, propriedade de António Macieira Júnior, destacam-se ainda da sua autoria, os projetos para o Castelo da D. Chica, em Palmeira, o Paços do Concelho e a Recuperação do Castelo de Leiria, Casa Museu Egas Moniz (Avanca), de entre outros.

Castelo da D. Chica, também referido como Castelo de Palmeira, 
Casa da Chica ou Palácio de D. Chica 

As suas obras decorrem de uma atitude paradoxalmente eclética e moderna, apoiando-se por um lado, numa reinterpretação de soluções referenciadas no período medieval ou na Renascença; por outro lado também e simultaneamente, em fórmulas sediadas nos movimentos Arts and Crafts, Arte Nova (Art Nouveau) ou Secessão. Nos seus projetos persistem determinadas dependências e hierarquias, mas estas se cruzam com as necessidades despertadas pelas inovações técnicas, o que faz com que se preocupe também com a resposta à eclosão de novas funções e mobiliário na casa, a par das exigências higienistas do momento.

A Câmara Municipal de Leiria (CML), Foto de 2014. 

O prédio acabaria por ser demolido no finai de 1961 para dar lugar ao Teatro Villaret, infelizmente não foi o único “sacrificado”, numa artéria que praticamente perdeu todo o seu referencial de origem, também o palacete Silva Graça, projeto de Miguel Ventura Terra e Viria, que mais tarde, viria a transformar-se no Hotel Aviz, foi demolido em 1962 para ali se construir o Sheraton e o Imaviz.

Teatro Villaret, foto da Inauguração, 1965. Propriedade da Tebo-Teatros de Bolso, Lda., 
do ator Raúl Solnado, que desempenhava também as funções de diretor do espaço,
teve o nome em homenagem ao ator João Villaret. 

Fontes:
RESDOMUS, Camilo Korrodi: entre a tradição e a modernidade, Ana Filipa Pinto Pinhal (Arquiteta, FAUP/PDA), 2015
lisboasos.blogspot.com
pt.wikipedia.org
restosdecoleccao.blogspot.com
jaimeroriz.com

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