quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Prémio Valmor de 1907 (Casa Ernesto Empis), Demolido em 1954

Fachada principal da Casa Ernesto Empis
Foto de José Artur leitão Bárcia, In AML 

Casa Empis ou Palacete Empis foi um edifício localizado na esquina da Avenida Duque de Loulé, nº 77, com a Rua Luciano Cordeiro em Lisboa e foi vencedor do Prémio Valmor de 1907, localização que o favorecia aos olhares apreciativos dos seus dois ângulos principais.

Foi mandada construir pelo empresário Ernest Empis com projeto do arquiteto António Couto de Abreu, a construção ficou a cargo do construtor civil João José Alves, os trabalhos de serralharia das oficinas do conceituado industrial Manuel Dias da Silva e as cantarias de Justino Guedes.

António Couto de Abreu (1874-1946)
Foto extraída em: www.forumscp.com 

A sua construção teve destaque na prestigiada revista “A Arquitectura Portugueza” ano I, março de 1908,ao arquiteto António Couto de Abreu (1874-1946), embora novo, já lhe são reconhecidas capacidades artísticas dignas de um mestre. No meio dos arquitetos, as suas qualidades eram tão apreciadas como o seu talento e modéstia. Formado pela Escola de belas Artes de Lisboa em 1899, desenvolver projetos em parcerias com ilustres arquitetos como Ventura terra , nos trabalhos da Assembleia da República e Adães Bermudes no monumento ao Marques de Pombal, ambos em Lisboa.

Paralelamente foi jogador de futebol até 1914, foi Vereador do Municícpio de Lisboa e Diretor da Sociedade dos Arquitetos Portugueses, fez parte também da direção da Sociedade nacional de Belas-Artes e do seu Conselho Superior.

Fachada posterior da Casa Ernesto Empis
Foto de José Artur leitão Bárcia, In AML 

Palácio num estilo eclético e revivalista, com uma clara inspiração francesa radicada no chamado estilo Francisco 1º, segunda fase da renascença, (de que são exemplos o castello de Blois, a casa de Diana de Poitiers, etc.), onde se destancam as três principais qualidades da arquitetura, a proporção, o caracter e harmonia. O autor com a verba que dispunha, de uma forma despretensiosa, conseguir uma estrutura espacial acusa, na sua conceção, uma certa dependência ao edifício de rendimento da época.

Fachada latera da Casa Ernesto Empis
Foto extasiada da revista "A Arquitectura Portugueza", 1908 

Neste sentido a distribuição interior dos espaços não adquire um sentido palaciano mantendo uma certa monotonia interior sem adquirirem características ou proporções que os individualizem.

já no seu exterior, ainda que sem contrastes violentos, mas ao mesmo tempo sem monotonia, os motivos desenvolvem-se harmoniosamente pela suas fachadas.

Jardim da Casa Ernesto Empis
Foto extasiada da revista "A Arquitectura Portugueza", 1908 

As fachadas laterais estão voltadas para as avenidas, na sua condição de gaveto, já as fachadas anteriores abraçam um jardim privativo.

Ficha técnica da planta parcial da Casa Ernesto Empis 

Tanto o vigamento do rés-do-chão como o do primeiro andar, era feito em vigas de ferro e abobadilhas. As divisórias interiores são todas em alvenaria de tijolo, o que dá não só a solidez, ao edifício como o isenta da propagação de qualquer incêndio.

Ficha técnica das fachadas da Casa Ernesto Empis 

Foi o primeiro edifício detentor do Prémio Valmor a ser demolido, em 1954, estando o seu lugar atualmente ocupando por um edifício de dez andares, o Hotel Embaixador, modernamente chamado Comfort Inn., situado na mesma morada, foi inaugurado em 21 de julho de 1956, propriedade de José Teodoro dos Santos, na altura também dono do Casino Estoril, foi projetado pelo Arquiteto Raul Tojal com colaboração do Arquiteto Manuel Coutinho de Carvalho.

Foto do edifício que atualmente ocupa a 
esquina da Avenida Duque de Loulé, nº 77 ,
então Hotel Embaixador, atualmente Comfort Inn. 

Fontes:

A Casa Unifamiliar Burguesa na Arquitetura Portuguesa, Rui Jorge Garcia Ramos, FAUP, 2004.
pt.wikipedia.org;
Revista “A Arquitectura Portugueza” ano I, março de 1908;

Sem comentários:

Enviar um comentário