quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Menção Honrosa, Prémio Valmor 1930 (Casa Isidoro Sampaio de Oliveira)

Casa Isidro Sampaio de Oliveira, Avenida da República, 54 e 56,
Foto (Editada) de Mário Novais, In flickr.com 

Localizada nos números 54 e 56 da Avenida da Republica, em Lisboa, destinada a habitação, Isidro Sampaio de Oliveira encomenda o projeto ao Arquiteto Porfírio Pardal Monteiro, edifício de características modernistas é construído entre 1927-1928, e distinguida com uma menção honrosa do Premio Valmor de 1930.

A moradia foi projetada para ocupar a maior parte da área do lote de terreno onde se insere, respeitando igualmente a sua planta quadrangular. A tendência modernista, patente nas linhas simples e na sobriedade decorativa das obras coevas de Pardal Monteiro, traduz-se aqui também no volume único e paralelepipédico, cuja aparência de “caixa” é reforçada pela ocultação do telhado (de 4 águas, com pouca pendente), para lá de uma larga cornija de perfil retilíneo. 

No entanto a linearidade é quebrada por uma varanda de canto, ainda que integrada na estrutura cúbica. A fachada principal é revestida a cantaria, “pormenor” denunciador do nível económico do cliente, bem como do estatuto de residência da alta burguesia que o bairro viria a consolidar progressivamente. De ressalvar ainda o rasgamento de janelas triplas, que seria igualmente utilizado nas outras moradias referidas, e que assume particular destaque no piso nobre. 

Entre os elementos mais propriamente ornamentais, genericamente integráveis na linguagem Art Déco, mas já não puramente académicos, destacam-se os relevos escultóricos de algumas cantarias, mísulas e floreiras, ou os elegantes gradeamentos das janelas e sacadas, com motivos florais que complementam com graciosidade a decoração geometrizante dos painéis e frisos de mosaicos brilhantes, dourados e multicolores, aplicados a intervalos ritmados. Com estes detalhes convivem ainda pilastras, colunas e cornijas de recorte clássico, em aplicações simétricas, ou reforçando a linearidade (horizontal e vertical) do conjunto.

Na época, a avenida da Republica e a Fontes Pereira de Melo ainda eram de la forma desafogada que permitia, da tranquilidade da janela de seu lar, avista a Estátua de Marques de Pombal, longe de imaginarem o triste e relativo precoce desfecho a que o edifício estava condenado, seria demolido em pouco mais de 30 anos, em 1962, dando lugar a um edifício de escritórios.

Porfírio Pardal Monteiro (1897-1957), foi um arquiteto e professor universitário português. É um dos mais importantes arquitetos da primeira metade do Século XX em Portugal. Juntamente com um grupo notável, a que pertenceram Cottinelli Telmo, Carlos Ramos, Luís Cristino da Silva, Cassiano Branco e Jorge Segurado, irá protagonizar a viragem modernista da arquitetura portuguesa. Pardal Monteiro destaca-se como “o que mais construiu e que se celebrizou como primeiro moderno. Sem concessões, foi capaz de pegar no fio da tradição para inovar”. A sua obra marcou a cidade de Lisboa, tendo sido responsável por muitas das mais importantes realizações arquitetónicas entre as décadas de 1920 e 1950.

De entre elas destacam-se: Início do projeto da Nova Biblioteca Nacional de Portugal, Hotel Ritz (actual Four Seasons), 1954; Hotel Tivoli, Avenida da Liberdade, 1950; Pavilhão e Esfera dos Conhecimentos, Exposição do Mundo Português, 1940; Edifício do Diário de Notícias, 1936; Gare Marítima de Alcântara |Gare Marítima da Rocha do Conde de Óbidos, 1934; Igreja de Nossa Senhora de Fátima, 1938; Instituto Nacional de Estatística, 1931; Estação Ferroviária do Cais do Sodré, 1926 e também no Porto foi responsável pelo edifício da Caixa Geral de Depósitos, Avenida dos Aliados,1923, entre outros importantes edifícios e muitos prémios que o prestigiaram.

Fontes:
flickr.com/photos/biblarte
pt.wikipedia.org
toponimialisboa.wordpress.com
patrimoniocultural.gov.pt

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