quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

Duas histórias e um mesmo destino:

Mintaro, 1881, Malbourne, Itália



Mintaro é um palacete italiana de 1881 com dependências associadas a um ambiente paisagístico perto de Romsey, 58 km ao norte de Melbourne.
Diz a lenda urbana que a casa é inspirada na Casa do Governo de Melbourne. Não seria de todo impossível que o arquiteto James Gall se tivesse inspirado nessa edifício histórico, uma vez que o mesmo foi edificado 6 anos antes da construção de Mintaro, num estilo bastante popular na época – “Italianated vitoriano (alto)” – também não seria descabido se Gall estivesse apenas construindo um palacete moderno contemporâneo, cujo estilo de Gall, também evidenciado em outras construções, apresentava características contemporâneas do estilo Vitoriano.


A terra onde Mintaro se encontra, fezia parte de grandes prados destinados à pastorícia, sabe-se que em 1844, pertencia a John Pascoe Fawkner. Em 1860, a propriedade foi tomada pelo Capitão Robert Gardiner, um escocês que fez uma fortuna nos transporte marítimo, na caça de baleias, mineração de ouro e exploração agricula.

No final da década de 1870, Gardiner contratou o arquiteto de Melbourne, James Gall, para projetar uma grande casa, em 1879, os concursos foram solicitados para sua construção e, em abril de 1881, estava concluída a constroção do edifício. 
Os interiores foram desenhados pelo distinto artista de decoração W Brettschneider, nascido na Alemanha. O Seu interior apresenta um tipo de luxo muito urbano, com extensos tratamentos de parede, trabalho em mármore e tratamentos de teto normalmente não encontrados em outras propriedades rurais da época. Um dos mais proeminentes historiadores da arquitetura australiana, Miles Lewis, abordou a sofisticação dos interiores de Mintaro em várias de suas palestras.



Após a morte de Gardiner, em 1890, Mintaro foi comprado pela “Methodist Church” e tornou-se um “Reformatory Home for Girls”, onde as meninas aprendiam habilidades domésticas.

Foi comprado em 1914 pelo Dr. Crivelli como uma casa de família. Em 1934, a propriedade foi adquirida pela família Real e, depois de ser usada pelo exército para abrigar alojamentos, entre 1941 e 1946, permaneceu na família Real até 2012.


Em 2014 e 2015, o palacete e propriedade serviram de cenário para a Série televisiva Glitch, produzida pela Netflix, correspondiam à propriedade oitocentista da personagem do Governador Paddy Fitzgerald que ironicamente a encontrou arruinada pela família, quando voltou do mundo dos mortos para a reclamar. O edificio despertou o meu interesse, primeiro pelas semelhanças estruturais que partilha com o Palaçete do Rei do Lixo em Coina, em segundo lugar por ter verificado os sinais de degradação que o edificio apresentava na série e comprovadamente na vida real tambem, por entre as demais coincidências da ficção e da realidade que partilham.



O destino mais recente da casa não é “tão alto”. A propriedade de quase 10 hectares está a ser utilizada para albergar mais de 150 carros antigos e sucatas que esperam ser vendidos, o mais triste é que o estado degradado da mansão não destoa da “decoração” do meio envolvente, quase se conseguem ouvir os gritos de pedidos de ajuda do edifício solicitando a merecida recuperação.


Palácio do Rei do Lixo, 1910, Barreiro, Portugal



Palácio do Rei do Lixo, também conhecido como a Torre de Coina, ou Palácio da Bruxa, está situado na freguesia da Coina, Barreiro, sendo bem visível da estrada nacional n.º 10.
Trata-se de um local misterioso e repleto de lendas urbanas que se perpetuaram no tempo sem que, nos dias de hoje, se saiba ao certo de são verdade ou mentira. O certo é que esta imponente torre salta facilmente à vista e desperta a curiosidade e o imaginário de quem com ela se depara. A sua traça além de estranha e de gosto duvidoso, não deixa de ter imponência e de ser um marco incontornável da nossa arquitetura, a sua simetria e ornamentação, construção isolada em altura e cheia de ângulos, torre e muitas portas e janelas, são características contemporâneas do estilo de arquitetura Vitoriano.


A quinta onde se encontra o palácio foi propriedade rural, no século XVIII, de D. Joaquim de Pina Manique, irmão do intendente de D. Maria I, Diogo Inácio Pina Manique. A propriedade foi depois adquirida, no século XIX, por Manuel Martins Gomes Júnior, comerciante de Santo António da Charneca, que em 1910 mandou construir o palácio, diz-se, para que “conseguisse avistar a propriedade que possuía em Alcácer do Sal”.
Manuel Martins Gomes Júnior era conhecido como o “Rei do Lixo”, devido ao exclusivo que tinha para a recolha dos detritos da cidade de Lisboa, e tendo feito fortuna a comprar e vender lixo. Profundamente ateu, Manuel Gomes Júnior transformou a ermida da propriedade em armazém e estábulo e batizou a herdade de “Quinta do Inferno”.


Manuel Martins Gomes Júnior morreu em 1943 em circunstâncias estranhas, a causa da sua morte nunca viria a ser apurada. Deixou um enorme legado de propriedades e 143 mil contos que doou à Misericórdia. Assim a Quinta do Inferno passou para o seu genro António Ramada Curto, que a transformou numa importante casa agrícola.
Em 1957, foi vendida aos grandes proprietários e industriais de curtumes Joaquim Baptista Mota e António Baptista, contudo o palácio, nunca foi habitado, retomaram o cultivo da quinta, introduziram exploração pomícola e melhoraram os seus jardins palacianos. A Quinta do Inferno mudou então de nome e passou a chamar-se Sociedade Agrícola da Quinta de S. Vicente.



Em 1972 foi novamente vendida, desta vez a António Xavier de Lima, conhecido urbanizador da margem sul. Este último afirmou publicamente ter um projeto para reconverter a quinta, e transformar o palácio numa pousada de cerca de 85 quartos.
Mas noite de 5 de Junho de 1988 o palácio foi totalmente devorado pelas chamas, Xavier de Lima disse ao jornal “A CAPITAL” que o restauro implicava um investimento não suportável. Desde aí o palácio encontra-se num total abandono e recentemente abateu toda a parte intermédia e o terceiro terraço. Transformando-se dia para dia a transformar-se numa enorme ruína.


Fontes:

vhd.heritagecouncil.vic.gov.au/places/2879
radicalterrace.com/…/mintaro-james-gall-monegeetta-l… 
vortexmag.net/a-incrivel-historia-do-palacio-d…/
ruinarte.blogspot.com/…/o-palacio-do-rei-do-lixo-coi…

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