Foto da fachada da Casa do Sr. Dr. Fortunato Guimarães, na Av. Duque de Loulé
Mesmo atrás da paragem de autocarro, ocupando o número 72 da Avenida Duque de Loulé, destacava-se pelas varandas e azulejos a casa do Sr. Dr. Fortunato Guimarães, que em 1909 recebeu uma das menções honrosas do Prémio Valmor.
Gravura da fachada da Casa do Sr. Dr. Fortunato Guimarães, na Av. Duque de Loulé
No que respeito diz à riqueza artística, segundo os especialistas do assunto, o edifício só perdia pontos para a também premiada e já demolida A Casa Empis, do arquiteto António Couto de Abreu.
O Autor do projeto, Arq. A. Marques da Silva, um dos novos artistas de comprovado talento e indiscutível merecimento quis contribuir por sua parte não só para que Lisboa tenha mais um edifício mas também, que este lhe traga prestígio. O porjeto foi publicado na prestigiada revista “A Architectura Portuguesa”, ano II, n° 11, 1909, p.41-44.
Gravura de busto em relevo, pormenor da fachada da Casa do Sr. Dr. Fortunato Guimarães,
na Av. Duque de Loulé
Apesar da sua relativa limitada área, como se calcula pelas gravuras, a sua fachada é de linhas corretas e elegantes e um gosto artístico arrojado, a pintura dos azulejos pertence ao artista Jorge Pinto (Foi um dos mais representativos pintores figurativos da azulejaria Arte Nova, entre outros exemplos, está representado em quiosques dos jardins do Cais do Sodré (1916), do Constantino, em Arroios, e de Silva Porto (1915), em Benfica) e baixo-relevo no frontão da fachada é da responsabilidade do celebre escultor José Netto (O Lançador do Disco”, no Pavilhão Carlos Lopes; Busto de António Enes, em mármore, teatro D. Maria II; Escultura decorativa da Assembleia da República; Corpo central do Mosteiro dos Jerónimos, entre outras).
Gravura de escada interior, pormenor do interior da Casa
do Sr. Dr. Fortunato Guimarães, na Av. Duque de Loulé
Dos três pisos, fez de sua habitação o terceiro, sendo o rés-do-chão e primeiro andar destinados a aluguer, os seus interiores acompanhavam a qualidade do exterior, não era habitual quando se tratava de habitações para aluguer não só o indispensável conforto, mas até luxo, casas de banho e retretes com tecnologia de ponta para a época, estima-se que o total da obra tenha ficado perto dos 18.000$00 réis, sabemos que 1000 réis foram convertidos em 1 Escudo, em 1911 e ainda que a desvalorização do Escudo, entre 1911 e 1999 foi de 2800 vezes, à volta de 50.400$00 escudos.
Gravura de porta, teto e móveis, pormenor do interior da Casa
do Sr. Dr. Fortunato Guimarães, na Av. Duque de Loulé
Infelizmente o prédio depois de desabitado, foi vendido e viria a ser demolida em 1965, em seu lugar emergiu um edifício com oito andares, no seu rés-do-chão está instalado o CAAD – Centro de Arbitragem Administrativa de Lisboa.
Talvez o seu vizinho do número 70 tenha melhor sorte, em 2015 o Grupo GFH, comprou vários edifícios na avenida para “reabilitação urbana”…
Fontes:
Revista – A Architectura Portugueza, Anno II, N.º 11, Novembro de 1909
idealista.pt/news/financas/investimentos
hvortexmag.net
Sem comentários:
Enviar um comentário