quarta-feira, 30 de janeiro de 2019

Prémio Valmor de 1927 – Pensão Tivoli/ Hotel Tivoli / Lis Hotel /Forum Tivoli – Alterado (1930 e 1980)

Lis Hotel, Avenida da Liberdade 176 e 180
Foto(editada) de Gustavo de Matos Sequeira, 1952 

A história do Prémio Valmor de 1927 do arquiteto Manuel Joaquim Norte Júnior, o edifício de linhas modernas nos números 176 e 180 da Avenida da Liberdade, começa em novembro de 1923, quando o construtor civil José de Sousa Brás pede à Camara Municipal de Lisboa autorização para construir um prédio no seu terreno, destinado a albergar uma pensão, o projeto original sofreu alterações, uma vez que em Abril de 1925 era feito um requerimento para substituir a fachada principal do prédio em construção (curiosamente a única parte do edifício original a chegar ao dias de hoje).

Lis Hotel, Avenida da Liberdade 176 e 180
(Aspeto do hotel logo no inicio da sua fundação)
Foto (editada) de António Passaporte, 1927 

As qualidades que mais impressionaram o júri ” (…) foram as condições do conjunto e do remate desse mimo arquitetónico, expresso pela sua fachada (…).”.Este todo, uno que vive do encanto que reside na sua própria balsa que constitui um pequeno notável conjunto de Arte, não podendo ser ramificado por um excerto que lhe duplica a altura, embora de bôa arquitetura e que lhe desmancha por completo o ambiente que se desenvolve com prejuízo da educação do público (…)”

Lis Hotel e Cinema Tivoli, (Grande plano do Hotel e da Avenida da Liberdade)
Arnaldo Madureira, In AML, 1967 

Aquele que começara em 1926 como pensão, passaria um ano depois a Hotel Tivoli pelas mãos de José Francisco Cardoso e Dr. Joaquim Gonçalves Machaz, junto ao Cinema Tivoli onde foi buscar o nome tendo-se transferido para o quarteirão em frente e alugado o Palacete Rosa Damasco que transformaram em hotel entretanto também já transformado num grande edifício.

Lis Hotel, Avenida da Liberdade 176 e 180
Arnaldo Madureira, In AML, 1940 

Edifício marcadamente urbano, traduz uma arquitetura civil comercial eclética, frente muito reduzida onde é ocupada toda a profundidade do terreno e completamente abolido qualquer espaço livre, foi alterada logo em 1930, a propósito destas alterações José Alexandre Soares, Arquiteto Chefe do Conselho de Arte e Arquitetura da Câmara Municipal de Lisboa, opõe-se à execução, embora sem sucesso, considerando o remate da casa, como elemento mais interessante, não podendo este ser ramificado por um excerto que lhe duplica a altura.

Fachada Edificio Lis, integrada no Tivoli Forum, 2000 

Sendo ampliado deu lugar ao Hotel Lis que foi demolido em 1980 à exceção da fachada. Fachada essa, de estrutura marcadamente vertical, dividida em dois corpos, um rematado por frontão triangular com pináculos nos acrotérios e o outro rematado por platibanda em balaustrada. Evidencia-se o tratamento das cantarias, nomeadamente no remate da porta principal com ática triangular interrompida por composição escultórica de festões e medalhão central, assim como nos apontamentos em estuque como festões, dentados ou óvulos, sobretudo a inscrever os vãos, patentes em todo o pano murário. Esta esteve amparada por uma cintura de ferro e depois foi integrada no Hotel NH Liberdade inserido no complexo do Tivoli Fórum.

Manuel Joaquim Norte Júnior


Foto de Manuel Joaquim Norte Júnior , s/d, Autor desconhecido. 

Manuel Joaquim Norte Júnior (1878-1962) foi um dos mais prolíferos arquitetos da sua geração, com uma participação notável em toda a extensão das Avenidas Novas, entre um rol extenso de obras que marcam o seu currículo, sobretudo entre Lisboa, Faro, e Sintra. 

Diplomou-se pela Escola Superior de Belas Artes de Lisboa. Foi um dos mais ativos arquitetos do princípio do século.

Arquiteto da Casa de Bragança, é também autor de vários projetos, entre os quais os da casa e atelier Malhoa, em Lisboa, o pavilhão D. Carlos no Buçaco, o Palace Hotel da Cúria, o Grande Hotel do Monte Estoril, o Hotel Paris no Estoril e o Palácio Fialho em Évora.

A Sociedade a Voz do Operário em Lisboa e a Associação dos Empregados do Comércio em Lisboa, entre muitos outros edifícios e remodelações são também esboços deste importante arquiteto.

Fontes:
A AÇÃO CULTURAL E MECENÁTICA DE FAUSTO DE QUEIRÓS GUEDES, 2º VISCONDE DE VALMOR (1837-1898) E O PRÉMIO VALMOR DE ARQUITETURA (1902-1943), Raquel Maria da Silva Fernandes David, 2016;
cm-lisboa.pt;
arquivomunicipal2.cm-lisboa.pt

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