quarta-feira, 22 de maio de 2019

As Ruínas da Ponte de Nossa Senhora da Ajuda, Elvas e Olivença


A Ponte de Nossa Senhora da Ajuda, também referida simplesmente como Ponte da Ajuda ou ainda Ponte de Olivença, localiza-se no Alentejo sobre o Rio Guadiana, na freguesia de Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso, concelho de Elvas e distrito de Portalegre. Foi mandada construir pelo Rei D. Manuel I a 19 de dezembro de 1510, para ligar as então portuguesas localidades de Elvas e Olivença, com a principal função de assegurar as operações das forças militares na margem esquerda do rio Guadiana, em apoio ao Castelo de Olivença.


A ponte foi construída sobre os rochedos da passagem da Senhora da Ajuda, utilizando-os como alicerces, a obra é atribuída aos mestres Diogo e Francisco Arruda. Inicialmente a ponte fortificada tinha cerca 450 metros de comprimento, 18 arcos, quase 6 metros de largura e um torreão de três pisos a meio, localizado sobre o 6.º arco da margem direita. Actualmente a ruína da ponte possui 8 arcadas na margem direita e 5 na esquerda, da antiga torre que se alicerçava sobre grandes penedos, restam apenas ruínas.


Apesar da robustez da ponte, a instabilidade do caudal do rio constituía um problema sério, as primeiras barragens sobre o Guadiana só viriam a ser construídas no inicio do século XX. Assim, ainda a ponte não tinha comemorado seu 1.º centenário, quando na sequência de uma cheia, em 1597, alguns dos arcos centrais desabaram.


A ponte havia de ficar cortada durante vários anos, só quando encontraram uma solução capaz de resistir ás variações do caudal do rio, restituíram a ligação da mesma. Com efeito, entre 1640 e 1642, enquanto Mathias de Albuquerque, Governador do Alentejo, reforçava as defesas das muralhas de Olivença, tambem a ponte era era reedificada. Por ordem do General D. João da Costa, foram substituídos os arcos deficientes por pontes levadiças.
Num entanto a ponte não havia de permitir a sua travessia por muitos anos, pois logo em 1646, na sequência da Guerra da Restauração, o exercito castelhano destrói parte do tabuleiro da ponte, impedindo a passagem, com o intuito de isolar Olivença.


No mesmo ano, na sequência das tensões vividas nas fronteiras, e que duraria muitos anos, o General Joane Mendes de Vasconcelos, Governador do Alentejo, de modo a impedir as incursões do inimigo, solicita, a Nicolau Langres, desenhos para novas intervenções na ponte. Que mais uma vez, em 1657, acaba parcialmente derrubada pela tropa espanhola e reedificado ainda no mesmo século.


Alguns anos mais tarde, por volta de 1709, durante a Guerra da Sucessão Espanhola, o exército castelhano fez explodir a ponte, derrubando seis dos seus arcos centrais. A partir de então a ligação entre Elvas e Olivença passou a ter que ser realizada através de terras espanholas, a ligação da Ponte da Ajuda não voltaria a ser restabelecida, nem mesmo no inicio do século XIX, na sequência da Guerra das Laranjas e nem mesmo após o tratado resultante desse conflito.

É provável que o restabelecimento da ligação da ponte tenha fica comprometido pelo facto de Portugal continuar a reclamar contra a ocupação de parte do concelho de Juromenha, em 1801, pela Espanha, contrária ao Tratado de Badajoz, independentemente de Portugal considerar este anulado desde 1807.


Em 1967, na sequência do valor histórico e simbólico da ponte, (protagonizou o único e último problema diplomático entre Portugal e Espanha), esta foi declarada como monumento de interesse nacional, pelo estado português. 

Numa cimeira luso-espanhola realizada em 1994, o governo português recusou um empreendimento transfronteiriço da construção de uma nova ponte sobre o Rio Guadiana, afastando desta forma a responsabilidade de suportar um investimento (benéfico para os dois países), o reconhecimento de um traçado de fronteira sobre a linha do Guadiana e qualquer cedência do território de Olivença e correspondente património.


Todavia, no ano de 2000 foi construída uma nova ponte, relativamente próxima da antiga, construída e financiada pelo governo português.



Fontes:
"Uma antiga vila de fronteira: Juromenha", Jornal Tornado, Autor Carlos Luna, Abril, 2018;
"Ponte de Nossa Senhora da Ajuda", Sistema de informação para o Património Arquitectónico, Rosário Gordalina, 2008;
"Ponte de Nossa Senhora da Ajuda", Direcção Geral do Património Cultura,


Crédito de Imagens:
Fotos publicadas pelo Grupo do Facebook "Recantos de Portugal", 2018;

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