sexta-feira, 31 de maio de 2019

Antiga Igreja Matriz de Alcanena (Extinta)

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Igreja Matriz de Santa Maria, Alcanena, c.1910.
Bilhete Postal, Editora Emídio Lourenço da Silva, Alcanena.

1.ª Igreja Matriz de Santa Maria, 1627;


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Igreja Matriz de Santa Maria, Alcanena, c.1910.
Bilhete Postal, Editora Emídio Lourenço da Silva, Alcanena.

A Igreja erigida na Praça Marechal Carmona em Alcanena, foi construído em 1627 e desde o inicio foi dedicada ao oraco de Santa Maria. A Paróquia de São Pedro, em Alcanena é criada em 1758 e doada a José de Mascarenhas, 8.º Duque de Aveiro, morto na sequência do celebre Processo dos Távoras em 1759, data a partir da qual a vila passa para a Coroa.

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Brasão de Alcanena, s/d
Bilhete Postal, Edição Câmara Municipal de Alcanena, In Delcampe.net

Alcanena é um conselho conquistado pela força da sua população, as localidades de Alcanena e Minde são as principais povoações e centros da industria de curtumes e lanifícios. Alcanena foi desde sempre um localidade do povo, são poucos os vestígios da presença senhorial apesar da sua antiguidade, pois foi reconhecida a presença muçulmana e judaica na região. A sua conquista como referência nacional nos curtumes de peles, deve-se sobretudo a presença dos três elementos essenciais, agua do Rio Alviela, abundante criação de gado e árvores cujas cascas ricas em tanino, substancia essencial para a conservação das peles e provavelmente ao factor experiência herdada pelos povos ancestrais que habitaram a regiam

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Capa do livro "São Pedro d’Alcanena – Estudos e Documentos da Antiga Freguesia”, 2015
Autoria do Historiador e politico  Gabriel de Oliveira Feitor.

Como "terra liberal por excelência" que era, Alcanena desde cedo se demonstrou como forte apoiante de causa republicana em detrimento do poder real e eclesiástico, um lema ao qual ficou indissociavelmente ligada “Para o País a República, para Alcanena o Concelho”. Desta feita, já nos finais do século XIX se denotava um ambiente de hostilidade em relação à igreja, os novos pensamentos eram liderados, sobretudo, pelos industriais de curtumes, personalidade emergentes no poder local, cuja aversão à igreja se acentua após a vitoria do poder Republicano.
Com efeito, se a 5 de outubro de 1910 foi proclamada a Republica, a 8 de maio de 1914 é elevada a vila e sede de concelho pela Lei n.º 156, o prometido foi cumprindo. 
Nesta sequência, o Pároco de São Pedro de Alcanena, Francisco Brás das Neves, natural do Pedrógão, apoiante da causa republicana, por contrariar as instruções dimanadas do Patriarcado, reforma-se compulsivamente e encabeça uma Junta Paroquial formada por gente fortemente hostil à Igreja.


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Folhetos Publicitários da conferencia do 1.º Centenário do incendeio da Igreja de Santa Maria, 2015.
Site da Câmara Municipal de Alcanena.

Na sequência destes "incidentes" o Patriarcal de Lisboa, ordena a interdição ao culto na igreja em 1911, e apesar de, logo a seguir, o Pároco se ter publicamente retratado e pedido perdão, o poder eclesiástico não recuou na sua decisão.
Nos princípios de 1915, com os ânimos sociais mais calmos e moderado o ambiente político e social, as autoridades que nessa altura governavam determinaram a reentrega da Igreja ao Patriarcado e a sua reabertura ao culto. A 13 de Abril de 1915 compareceu em Alcanena o Vigário da Vara de Torres Novas para receber as chaves da Igreja e para reabrir o templo. Todavia, a Junta de Paróquia transmitiu que pretendia que a abertura fosse marcada pela presença de todos os seus membros, pedindo que a mesma fosse remarcada para o dia 15, ou seja, dois dias depois.
O que se passou em seguida, é ainda hoje uma incógnita, na madrugada do dia 14 de abril de 1915, a igreja foi incendiada, e as responsabilidades estão ainda por apurar, apezar das evidentes suspeitas, não foram reunidas provas suficientes para condenar um responsável.
O incêndio que devorou a igreja, também consumiu todo o seu recheio, entre o qual a imagem de Nossa Senhora da Soledade, muito antiga e de aparência gótica.

A memória deste célebre incêndio está inclusive registada no site da Câmara de Alcanena, nas informações sobre a igreja que se construiu, nas proximidades, em 1921.

2.ª Igreja Matriz de São Pedro, 1921;


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2.ª Igreja Matriz de São Pedro de Alcanena, aspecto atual
Foto reproduzida do site:allaboutportugal.pt

Depois do triste episódio, foi necessário construir uma nova igreja, desta vez ao orago a São Pedro, a 17 de Julho de 1921 era inaugurado o novo templo de características revivalistas, erguido no centro da povoação. Ao contrário do que é normal, o novo templo não foi construído no local da antiga Igreja Paroquial de Alcanena, destruída por um incêndio em 1915, uma vez que na sequência de escavações, foram encontrados elementos arqueológicos, que o impediram. 
O corpo central, formado por uma única nave, rematado por uma torre sineira, esta igreja tem na fachada um portal ao gosto neogótico em arco redondo e arquivoltas. No interior, de linhas simples, para além de uma imagem setecentista de S. Pedro, padroeiro da vila, encontra-se um Cristo Crucificado de grandes dimensões, ambos provenientes do Mosteiro das Francesinhas. A capela-mor é separada por um arco e tem um altar em mármore assente em duas colunas.

3.ª Igreja Matriz de Santa Maria, Mãe de Deus, 1998;



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3.ª Igreja Matriz de Santa Maria, Mãe de Deus, Alcanena, aspecto atual
Foto reproduzida do site: radiohertz.pt

Depois da Igreja de Santa Maria, destruída pelas chamas, e da igreja de São Pedro, inaugurada na década de 20, surgem novas necessidades paroquiais, e é neste sentido que a 20 de Junho de 1998, inaugurava-se a nova Igreja de Santa Maria Mãe de Deus, junto da qual foi construído um complexo paroquial, inaugurado no ano de 2000, que no conjunto foi baptizado de "Complexo Paroquial Jubileu 2000". Para além da Igreja de Santa Maria, Mãe de Deus, possuidora de uma arquitectura religiosa moderna, o complexo inclui também uma capela mortuária, salões e bar para iniciativas paroquiais.


Fontes:

Artigo" Alcanena | Praça histórica sofreu várias obras mas subsolo nunca foi estudado", Jornal Médio Tejo, Texto de Cláudia Gameiro, Outubro, 2018;
Site da Câmara Municipal de Alcanena;

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