sexta-feira, 10 de maio de 2019

As Pontes das Barcas do Douro, Porto

"Vue de la ville et du port de Porto", Documento subordinado 
Ato informacional, 1817–1817, Reprodução de gravura publicada 1817,  representando as 
atividades da zona ribeirinha de Vila Nova de Gaia,  o Rio Douro com embarcações, a ponte das
 barcas, e uma vista sobre  a cidade do Porto. Autoria: Henry L’Evêque (des.). 
Local de edição: Londres. Editor: Henry L’Evêque.

A evolução do tráfego entre as zonas ribeirinhas do Porto e Gaia está relacionada, sobretudo, pela necessidade de comunicação e troca de bens, esta travessia foi assegurada durante muitos séculos por pequenos barcos.

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 [1809/3/29] – [1809/3/29], Reprodução de gravura, publicada após 29 de Março de 1809,
 representando a chegada das tropas de Soult à margem do Rio Douro, na cidade do Porto, a ponte
 das barcas e parte de Vila Nova de Gaia. Autoria: Siméon Fort (pint.); William Skelton (grav.).

Em 997 no Porto, já existem aquilo que podemos chamar de travessias através da organização de pequenas barcas, era estabelecida para determinado fim, não tinha um carácter definitivo e uma estabilidade  muito deficitária, era utilizada exclusivamente para a comunicação e transporte de pequenas mercadorias.

Porto - Gaia : as travessias do Rio Douro : brigde of boats at Oporto, on the river Douro
Documento subordinado/Ato informacional, 1986 – 1986, O simples esboço dos aspectos 
característicos das duas margens do rio parece querer indicar que foi uma só a preocupação
de quem desenhou o apontamento reproduzido nesta estampa: documentar a existência da singela
 ponte que, lançada sobre barcas, foi a primeira, no século XIX, a assegurar a fácil travessia.
A estampa serve de ilustração, com muitas outras, ao segundo volume da obra «Historical,
 Military, and picturesque observations on Portugal», de George Landmann, desenhada em 18 de
 Fevereiro de 1815 e impressa em Londres em 1818.(Editado por mim)

A evolução foi inevitável tal era o tráfego de pessoas e mercadorias  e já desde meados do século XVIII, se pode ler (Nas Memórias das Freguesias do Distrito do Porto de 1758) acerca do Douro, que "Nele há vários barcos que todas as semanas vão à cidade do Porto, levar fazenda de vinho, azeite, lenhas, frutas e de toda a espécie de fazendas que as terras dão de si."


Oporto : the custom-house quay, Documento subordinado/Ato informacional, 1829/12/1 – 
1829/12/1, Reprodução de gravura publicada em 1829, representando as atividades no Cais da
 Alfândega, o Cais da Ribeira, o Rio Douro com a ponte das barcas, e a Serra do Pilar. 
Autoria: Robert Batty (des.); Robert Wallis (grav.).

Apesar de ser uma necessidade diária e de utilização civil, este na origem do desenvolvimento das postes nos grandes rios, a sua utilização militar, também nas Memórias das Freguesias do Distrito do Porto de 1758, em seu nome próprio, João Duarte de Sousa, ilustre irmão de Frei Francisco de S. José e sargento mor de infantaria, a seu respeito é dito o seguinte " foi homem de conhecido valor e por aquella celebre acção de quando se achava tomada por Castella a Praça de Miranda do Douro, não se atrever soldado algum a hir ao rio cortar as amarras que seguravam hua ponte de barcas, que nelle estava posta, elle se offereceo e por baixo de hum chuveiro de ballas se lançou a nado e cortando-as por falta dos socorros e comunicação se rendeo a praça", S. Nicolau (Porto). 

Bridge of boats at Porto, on the River Douro, Documento subordinado/Ato informacional, 1815 –
 1815, Reprodução de gravura publicada em 1815, representando o Rio Douro e a ponte das barcas,
entre a cidade do Porto e V. N. de Gaia. Autoria: George Landmann (des.); James Baily (grav.).

Revela realmente a importância estratégica militar que as pontes teriam nestas situações. Lá diz o ditado "A necessidade aguça o engenho", era uma situação de urgência em que  as tropas necessitavam de passar para a outra margem para acudir a Guimarães cercada pelos castelhanos. 


Ponte e Muralhara Fernandina,1809
Imagem da Revista Ilustração Portuguesa, 1930, N. 114 (Gravura editada por mim)

Para as primeiras pontes de barcas devem ter sido usadas as embarcações de pesca e de transporte das zonas ribeirinhas e, mal passada a emergência, regressavam à sua função habitual.

Esta pontes terão aparecido apartir de 1744, estabeleceu-se uma carreira regular para passagem entre o Porto e Gaia, que logo em seguida, por estes motivos evoluiu para a  construção de passadiços assentes sobre barcaças, isto é, de pontes de barcas. 

Ponte das Barcas, desenho do Barão de Forrester
(Editado por mim)

Como pode ser visto pelas belas ilustrações e postais, existe um sem numero de idealizações de como teriam sido as pontes das barcas uma vez que elas divergem bastante entre si, na verdade, existiram certamente várias versões umas mais robustas do que outras, consoante a sua finalidade e necessidade.


Exposição os Ingleses e o Porto : Brigde of Boats, 1828, Documento subordinado/Ato 
informacional, 1985/03 – 1985/03, Exposição organizada pela Câmara Municipal do Porto,
ocasião da visita de S.M. Britânica a Rainha Isabel II e S.A.R. o Duque de Edimburgo. No Palácio
 da Bolsa a 29 de Março de 1985. Aguarela de MSVP, vista das Fontaínhas, em 1828.
(O Porto visto pelos ingleses).

Em  15 de Agosto de 1806, projectada por Carlos Amarante e inaugurada uma ponte de barcas, com carácter mais definitivo, composta por 20 barcas robustas, ligadas por cabos de aço, ancoradas ao fundo do rio e sobre sí, estendeu-se uma estrada para permitir a passagem de pessoas, bestas e carros.


Oporto from Fontainhas, Documento subordinado/Ato informacional, 1828 – 1829,
Reprodução de gravura publicada em 1829, representando o morro das Fontainhas,
o Rio Douro com a ponte das barcas, a Serra do Pilar e Vila Nova de Gaia. 
Autoria: Robert Batty (des.); Thomas Jeavons (grav.).

Apesar de robusta permitia alguma flexibilidade com o efeito das marés e ainda com abertura para passagem de embarcações, tráfego fluvial e permitia a sua recolha total quando as condições climatéricas assim o exigiam.

Catástrofe na ponte do Rio Douro em 1809, Documento subordinado/Ato informacional, 1850 –
 1850, Reprodução de gravura datada de 1850, representando o desastre da ponte das barcas,
no Porto, no dia 29 de Março de 1809. Autoria: Emídio Carlos Amatucci? Local de impressão:
 Porto. Impressor: Litografia da Rua de Santa Catarina, n.º 19.

Acredita-se que o Porto tenha aperfeiçoo muito bem a técnica da construção destas pontes "amovíveis"  em todo caso não o suficiente para evitar a célebre catástrofe da Ponte das Barcas, o dia 29 de Março de 1809 no qual centenas de pessoas, fugindo das tropas do Marechal Soult que atacavam a cidade sob ordens de Napoleão, faleceram na travessia da Ponte das Barcas. 

A cidade do Porto pobremente vestida e consternada entre cadeias, recusa aceitar a mortífera 
bandeira, que a França lhe intenta fazer tomar. Documento subordinado/Ato informacional,
 [1809/3/20] – [1809/3/20], Reprodução de gravura, dedicada a Nicholas Trant, com uma
alegoria à entrada das tropas francesas e ao desastre da ponte das barcas, ocorrido em 29 de Março 
de 1809, no Porto. Autoria: José Teixeira Barreto (des.); Raimundo Joaquim da Costa (grav.).

O peso e a aflição da população em fuga originou o afundamento da ponte que ligava as duas margens do rio Douro. Eventualmente colapsou a meio, mas as pessoas que fugiam em pânico da morte certa não notaram. À medida que se empurravam, mais e mais vítimas caíam ao rio, provocando centenas de mortes nesse dia.

Foto do aspeto do mural, alguns anos após a inauguração da escultura. É possível observar as 
portas das lojas de comércio decoradas com tecidos para atrair fregueses e a calçada das ruas.

Em 1897, foi encomendado ao escultor Teixera Lopes, um baixo relevo em bronze alusivo e em memória do acontecimento, escultura denominada de "Alminhas da Ponte".

Oporto, with the bridge of boats, Documento subordinado/Ato informacional, 1813 – 1813,
Reprodução de gravura de 1813, dedicada ao Marquês de Wellesley por Robert Daubeny King,
 representando a entrada no Porto das tropas anglo-portuguesas comandas por Wellington,
atravessando o Rio Douro pela ponte das barcas, em 12 de Maio de 1809. Autoria: Henry Smith
 (des.); Matthew Dubourg (grav.). Local de edição: Londres. Editor: Edward Orme.

A ponte deve ter sido logo reparada pois a 12 de Maio de 1809, ainda no decurso da Guerra Peninsular, foi incendiada pelos franceses para impedir a passagem das tropas anglo-lusas sob o comando de Wellesley.

Porto antigo : vista do Porto com ponte das barcas, Documento/Processo, [1910] – [1910],
Local de Edição: [S.l.], Editor: M. S. D. Preto e branco,(Editado por mim) Estampilha: Não, 
(Série: Segunda, nº 9)


Depois de três anos a passar regularmente a pé enxuto pela Ponte das Barcas é natural que a população ribeirinha não se conformasse com a destruição da ponte e, mal acabada a insegurança que resultava da presença dos invasores franceses, se apressasse a reconstruir a passagem. Até à inauguração da Ponte Pênsil em 1843, foram ainda construídas duas pontes de barcas com concepção melhorada em relação à anterior.


Escultura comemorativa do 2.º centenário da memória das vitimas 
da tragédia de 1809, estrutura metálica no cais da Ribeira do Porto.

Em março de 2009, no segundo centenário da morte das cerca de quatro mil vítimas do desastre da Ponte das Barcas ocorrido em 1809, em sua memória, o Presidente da República, Cavaco Silva, inaugurou no Porto um monumento da autoria do arquiteto Souto Moura, que colocou grandes peças metálicas junto aos locais onde se procedia à amarração das cordas que prendiam as barcas que constituíam a ponte.

Data comemorativa do 2.º centenário da memória das vitimas
da tragédia de 1809, gravura em pedra no cais da Ribeira do Porto.

Fontes:
Coleção Memórias das Freguesias do Distrito do Porto de 1758
web.fe.up.pt
imagnes: gisaweb.cm

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