terça-feira, 9 de julho de 2019

Ermida de Santo António, Vila Nova da Baronia

    Foto: MJesus R F Paiva, 2015

Vila Nova da Baronia é uma freguesia portuguesa do concelho do Alvito, situada no Baixo Alentejo. A povoação é muito antiga e existem vestígios que datam da época dos romanos. Em 1280 recebeu o primeiro foral, foi elevada a vila , recebeu novo foral em 1516 por D. Manuel I.
Vila Nova da Baronia teve, inicialmente, o nome de "Vila Nova de a par de Alvito" e, depois, "Vila Nova de Alvito", passando em 1708 para o actual nome de Vila Nova Da Baronia por pertencer ao mesmo donatário, Conde e Barão de Alvito. Foi elevado à categoria de concelho no mesmo ano de 1708, o qual foi extinto em 1836, passando a ser parte integrante do actual concelho de Alvito. 


Brasão de armas de Vila Nova da Baronia
Armas - Escudo de vermelho, coronel de barão, acompanhado em orla de um ramo de espigas de trigo à dextra e de um ramo de sobreiro, landado, à sinistra e passados em aspa no pé, tudo de ouro; em chefe, perfil de carril de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda a negro, em maiúsculas: “ VILA NOVA DA BARONIA “
Foto: MJesus Paiva‎, 2019


A ermida de Santo António situa-se na Herdade de São Sebastião, nos arredores de Vila Nova da Baronia, em zona isolada, de terras de cultivo, acedida pela Rua Joaquim António Gião e por um caminho em terra batida, pelo inteiro da herdade. 

Foto: MJesus Paiva‎, 2018

A sua construção é localizada nos finais do século XVI, já no século XVII terão sido acrescentados os frontões de altar em azulejaria, pouco comum neste tipo de templo e foram retirados e preservados nos anos 60 do século XX. Os frescos que integram a nave e as paredes laterais sitiam-se cronologicamente já no século XVIII.


Foto: DGPC, 2009


De arquitectura religiosa, o corpo principal do templo apresenta uma só nave e capela mor com a galilé ou vestíbulo em arcadas à entrada. Inicialmente, a nave tinha quatro capelas colaterais volumetricamente salientes, conservando-se hoje apenas o volume da primeira no lado do Evangelho e os arcos de acesso das restantes três.

Foto: SIPA, 2011


De planta longitudinal, galilé, corpo principal ou nave e altar-mor, a galilé apresenta três arcos de volta perfeita e coberta por abóbada de nervuras, que dá acesso à nave através de portal, ladeado do seu lado direito por janela. A nave, rectangular, é coberta por abóbada de berço, dando acesso, através de arco de triunfo, à capela-mor rectangular, com cobertura de abóbada também em nervuras. Através da capela-mor tem-se acesso à sacristia. 

Foto: MJesus Paiva‎, 2018

Já no século XIX, mais precisamente em 1898, a ermida apresentava sinais de negligência e abandono. Perdeu as capelas colaterais, onde, numa delas se destacava a de S. João Baptista e que tinha um interessante frontal de altar, de azulejaria policroma do século XVII, de inspiração oriental, de ramagens e aves exóticas. 

Foto: DGPC, 2009

Sobre o arco triunfal encontra-se grande composição com Santo António e o Menino envolvido por elementos vegetalistas e volutas. 
A capela-mor seria integralmente decorada com pintura mural, destacando-se duas grandes composições alusivas a Santo António pregando aos peixes em Rimini e outra cena truncada, hoje muito delidas.

Foto: SIPA, 2011

Melhor conservados que os frescos da capela-mor, estão os frescos que revestem a abóbada da nave, onde se destacam anjos músicos e cantores, putti seguram o livro da Doutrina do Santo Padroeiro. 
A decoração mural da nave era completada com cenas da vida do Santo - Santo António a pregar aos peixes e uma outra já sem leitura.

Foto: SIPA, 2011
 Este conjunto pictórico era muito interessante, narrando passos da vida de Santo António, bem como anjos músicos nos panos da abóbada da referida capela-mor. 

Foto: Jose Luis Margarido, 2019

Foi classificado como MIP - Monumento de Interesse Público por decreto de 2013, este reconhecimento deve muito à arte decorativa que o templo ainda encerra, de resto um conjunto pictórico interessante, ainda que de autor anónimo de formação popular. As pinturas das suas paredes, arcos e abobadas, permite inclui-lo num pequeno, mas significativo núcleo de pintura mural da região.
Fonte:

"Ermida de Santo António" , Direcção Geral do Património Cultural, texto de Ana Maria Borges, DRCA, Agosto de 2009;
"Ermida de Santo António", Sistemas de Informação para o património Arquitectónico, texto de José Falcão e Ricardo Pereira, 1996;

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