terça-feira, 5 de março de 2019

Carnaval dos Fenianos Portuenses e dos Girondinos de 1906

"Cabeça de um Guerreiro"  Entrudo no Porto.
Ilustração alusiva ao Carnaval do Porto, extraída da "Ilustração Portuguesa" de fevereiro de 1906.

Depois do sucesso do grandioso cortejo de 1905, os Fenianos Portuenses enfrentavam o enorme desafio de igualar o feito do ano anterior.

Com os tempos a velha festa pagã vem assumindo novos contornos, tornando-se um evento mais sério e consequentemente pautada por regulamentos legais que não agradam aos amantes da selvajaria acomodatica do velho carnaval considerando que este tenha perdido toda  a graça.

Carnaval Evohé! Viva a folia! 
Caricatura de Angelo Agostini referente ao carnaval de 1889

A dimensão que o Carnaval dos Fenianos havia ganho, desencadeou uma série de estímulos comerciais no sentido de oferecerem "brincadeiras" com as quais as autoridades não estavam dispostas a compactuar. O carnaval que nascera como pretexto para o divertimento humano, permitindo que este se liberte pelo menos uma vez no ano, das convenções sociais, sem que num entanto seja posta em causa a segurança e o bem comum, neste sentido a fiscalização e vigilância debruça-se com especial atenção sobre o comportamento dos foliões para evitar que estes cometam determinados excessos.

Multidões assistem o cortejo na Praça de D. Pedro IV.
Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

A venda de Bilhetes Postais e Guias do Carnaval Feniano, aos quais se juntava o já habitual comércio de artigos carnavalescos, atingem níveis elevadíssimos durante estas Festas.

O crescente estimulo  de folia, desencadeia na industria a necessidade de desenvolver novas ofertas, numa fase inicial,  as empresas relacionadas com a produção de papel, exemplo a Fábrica de Papel Colorido - Casa Veludo de José Veludo, desenvolvem a produção das primeiras serpentinas em série, artigos comercializados a preços mais baixos que os estrangeiros. 

Guarda Municipal abrindo caminho para o cortejo.
Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Toda via, a fiscalização restringe a utilização de confetis de papel, e as empresas começam a produzir confetis em cortiça colorindo-os e tornando o carnaval mais sustentável, uma das empresas pioneiras neste sentido foi a fabrica Barbosa em Massarelos.
Como não teriam ficado as ruas da cidade após a passagem do cortejo dos fenianos em 1905, para que já em 1906, se tenha tomado uma medida ambiental tão restritiva para a época que decorria.
Hoje a consciência ambiental, incentiva também no mesmo sentido, substituir a utilização dos pequenos confetis de papel, por confetis feitos artesanalmente a partir de folhas secas, o que lhes confere uma colorida pigmentação e uma textura semelhante à do papel. Deixo-vos a excelente sugestão!

"Carro do Saneamento" em frente ao Hotel Continental.
Cortejo Girondinos,  Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O cortejo dos Fenianos Portuenses sai a rua a 25 de fevereiro de 1906, ao inicio da tarde o sol brilha na cidade, desde cedo as multidões locais confluem para as ruas e praças onde passará o cortejo.
Desde há uma semana  que os albergues, pensões e hotéis não têm uma vaga, de todo o lado chegam foliões para assistir ao tão afamado Carnaval do Club Fenianos. A estação de São Bento rebenta pelas costuras de tanto despejar  multidões de ultima hora para as ruas da cidade.

A procura pelos lugares que proporcionem uma melhor visão sobre o cortejo carnavalesco começa com alguma antecedência, neste sentido,  surgiam anúncios do aluguer de janelas e varandas para assistir à  sua passagem.

As ruas do Porto estão abarrotar, não cabe ninguém mais na Praça Carlos Alberto, Largo do Carmo, Praça dos Voluntários da Rainha, nos Clérigos junto à Igreja, na Batalha e no adro das Congregações. 

Uma grande multidão também na Rua Sá da Bandeira e junto ao Mercado do Bolhão,  estima-se que nesse ano, cerca de  duzentas mil pessoas tenham assistido ao Carnaval nas ruas do Porto, nunca um evento na Invita teria antes registado semelhante afluência.

Cavaleiros em representação dos Sócios do Clube.
Cortejo Fenianos,  Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Nos Clérigos, grande concentração de Guardas Municipais empenhados em manter a ordem necessária à passagem do cortejo, os ilustres membros do Club Fenianos desfilam marcando os pontos cruciais da composição do cortejo, inicio meio e fim, cavaleiros  de calção cinzento e casaca verde acompanhados pela banda dos Bombeiros Voluntários que trajados de vermelho e branco, marcam o passo do desfile.

"Carro da Cidade" e Cavaleiros de D. João I
Cortejo  Fenianos,  Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

A musica não consegue abafar o ruído das multidões, neste instante o espetáculo é grandioso, na Rua das Carmelitas, surge no seu esplendor dourado o "Carro da Cidade" projetado por Augusto Pina,  representa uma caravela  revestida por ornamentação dourada, em sua proa eleva-se a figura do Infante D. Henrique, uma clara homenagem aos descobrimentos marítimos. 


Cavaleiros do Real Centro Philarmónico de Cordoba.
Cortejo Fenianos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Três parelhas de cavalos brancos puxam o grandioso carro guardado por cavaleiros vestidos à época de D. João I. A caravela é precedida pelo "Real Centro Philarmónico de Cordova" provocando grande contraste com os seus trajes negros aveludados.

Novas musicas esturgem , começa a carvalhada organizada pelo Grupo dos 29 sócios do club, este numero do cortejo é uma requintada distinção, abre pela vitória do  Presidente do grupo Dr. Ricardo Bartol uma bela comitiva composta por dois calins montados, três crianças vestidas de pajens montadas em três poneys hasteando o pendão do Grupo dos 29, em seda azul com a figura da Folis.


Logo em seguida a guarda de honra composta pro dez cavaleiros e uma banda de dez pifaros e dez tambores.  Tal era o preceito que por esta altura perdia-se a noção de se estar perante um cortejo carnavalesco e viajava-se para as cavalhadas históricas.

"Carro da Rainha do Carnaval" na Rua Ferreira Borges
Cortejo Fenianos, Foto Guedes, 1906.

Ao longe afiguram-se três parelhas de mulas puxando um coche antigo da época de D.  João V, digno de exposição nos melhores museus mundiais, transportava a  Rainha do Carnaval acompanhada por duas damas de honor.

"Carro das Flores" descendo a  Rua Ferreira Borges
Cortejo dos Fenianos, Foto Guedes, 1906.

Depois um magnifico caleche  antigo, vem um dos mais  gracioso carros do grupo, um grande corbeille de flores, em todo os carros vão senhoras que atiram serpentinas,  bombons e flores.


"Carro da Papoila" descendo a  Rua Ferreira Borges
Cortejo Fenianos, Foto Guedes, 1906.

Aparece no horizonte um break chasse com uma ornamentação semelhante  a uma grande papoila vermelha, puxado por duas parelhas de cavalos,  e um outro ornamentado por grinaldas  de rosas.

"Carro Grupo dos 9" Direção do Grupo Fenianos.
Cortejo Fenianos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Por fim o carro da direção do Grupo dos 9, fecha o cortejo.

"Carro dos Tabacos"  preparando-se para o desfile.
Cortejo Fenianos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Recomeça a cavalhada do Club dos Fenianos com o carro singularmente ornamentado  seguido por uma banda de musica de túnicas amarelas com charutos pendentes e na cabeça, ora pois bem, barretes com charutos,  precediam o Grupo dos Tabacos composto por quatro rapazes metidos dentro de enormes maços de  cigarros e de outros seis em grandes cartuchos. O "Carro dos Tabacos"  apresentava no centro uma jaula com um grande touro, nos dizeres "O Puro Tonga", na frente do carro um maço de tabaco inglês, dois lagos charutos enormes, na traseira do carro elevasse um homem vestido de toureiro empunhando uma espada em forma de charuto.

Rainhas das Rolhas e Caudatários com o Comissário Geral.
Cortejo Fenianos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Logo em seguida deveria vir um grupo que a policia proibiu, era a Rainha das Rolhas, com seus caudatários.

"Carro da Imprensa"  preparando-se para o desfile.
Cortejo Fenianos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Se é de censura que vos falo, a propósito, o  carro que se aproximava era o "Carro da Imprensa" na frente do carro destaca-se o busto de um policia com um grande lápis azul na mão (censura), a meio do carro uma prensa primitiva acompanhada por um jornalista com uma rolha na boca, e com um letreiro "Leitura Prévia - Intolerância", na parte inferior vê-se uma tesoura a cortar a pena de um pato, todo resto do carro é preenchido por cabeças de policias e recortes de jornais.

"Carro Dentista Nacional"  preparando-se para o desfile.
Cortejo Fenianos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Segue-se um grupo de seis policias á paisana, um carro japonês tirado a duas parelhas conduzindo sócios do club, a banda dos Melros e o Carro do Dentista Nacional".


"Carro Japonês dos Sócios do Club Fenianos"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O sucesso da gargalhada obtida por este carro é indescritível. Puxavam-no duas parelhas de cavalos caracterizados de carneiros e guarnecidos a batatas e um individuo fardado a apregoar os elixires. a alusão politica era evidente mesmo para os mais desinteressados.

"Carro do Progresso da Cidade do Porto"
Cortejo Fenianos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Seguiu-se o "Carro do Progresso do Porto" um grande caranguejo puxado por duas juntas de bois, seguido de mais um grupo de seis caranguejos e o "Carro da Camisaria Confiança", o "Carro do Theatro de S. João", um dos mais vistosos do cortejo, figurando uma alegoria a "Aida" e por ultimo o "Carro de Honra", obra prima de composição e estatuária, fechando o imponente cortejo, no qual iam incorporados perto de cinquenta carros e cento e sessenta cavalos de tiro e sela, um grupo equestre de cavaleiros.

"Carro do Theatro de S. João"
Cortejo Fenianos, Foto Guedes, 1906.

Ainda mal se dissipava a impressão do cortejo dos Fenianos, e já as multidões se preparavam para assistir ao cortejo rival dos Girondinos,  pela sua vivacidade e pelo seu espírito mais popular, o segundo cortejo era tão digno quanto o primeiro.

"Carro de Honra do Club Fenianos"
Cortejo Fenianos, Foto Guedes, 1906.

Pautado por uma grande organização,  era precedido por uma sala moldada por cavalaria  da guarda municipal, abrindo caminho. Logo em seguida trajados com as cores do Clube, quatorze clarins acompanhados por alguns sócios do Club dos Girondinos  seguidos de músicos propagando o hino do grupo.

Mosqueteiros, Guarda de Honra do Clube Girondinos
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O primeiro carro, um castelo com ameias redondas aforavam a cabeça de um guerreiro, seguido por uma esplêndida guarda de honra, os cavaleiros vestidos de Mosqueteiros com uma opulência deslumbrante vestidos de veludos e cetins.


"Carro de Honra do Clube dos Girondinos"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Atrás seguiam carruagens com a direção do club com sócios em "travesti" e  o "Carro do Encerramento das Portas", sátira ao descanso dominical.


"Carro do Pecado"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Segue-se o "Carro dos pecados", uma requintada composição de alusão à Bíblia e ao Pecado Original, o carro figurava uma serpente tentando Eva (loira e apetitosa com uma maçã).

"Carro do Amor"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Novamente sócios trajando fatos carnavalescos e o "Carro do Amor", uma vigorante sátira ao amor contemporâneo. Composto por quatro cupidos nus, movendo-se constantemente e agitando sobre a cabeça de uma mulher sacos com as seguintes legendas: dez contos de réis, libras, dinheiro! E sob essa chuva de riqueza, o sentimento positivamente hesitava! Este carro, pela sátira que transmitia, viria ser um dos melhores.

Grupo dos Patos Depenados
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Segue-se ao carro do amor um pequeno grupo de patos depenados mascarados.

"Carro das vinícolas"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O "Carro das Vinícolas" muito bem conseguido na sua execução, dois galos, da um em seu poleiro, ameaçavam-se mutuamente por entre garrafas de vinho fino, espumante e vinho de mesa, metáfora a uma questão jurídica , na ordem do dia que havia apaixonado a opinião publica.

Grupo dos Pauliteiros de  Miranda
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Acompanhando o carro das Vinícolas, seguiam também o Grupo dos Pauliteiros de Miranda.

"Carro do Elétrico"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Seguiu-se o "Carro do Eléctrico" uma das ironias mais vivas do cortejo, puxado por duas juntas de bois, movia-se um carro exemplificativo dos  carros da Companhia de Carris, atestado de malas e passageiros e enfermeiros da cruz vermelha prontos para acudir-los, o zé Povinho investia para entrar na lotada carruagem sem sucesso.

Grupo dos Elefantes
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O "Carro das Estações do Ano" , de grande beleza e inspiração, revestido por moitas floridas de onde emergiam crianças trajadas que representavam as quatro estações do ano.

Cavaleiros Orientais do Carro das Estações
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Seguiu-se uma ala de cavaleiros precedidos por um grupo de elefantes elegantemente trajados, levando sobre o dorso palaquins.  Ia em seguida o Orpheon Salamantino, levando à frente o seu diretor com uma bandeira.

Cavaleiros Orientais do Carro das Estações
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Um dos carros que também causou algum alarido foi o "Carro do Coreto da Batalha" que andava por si só, levando encima o Zé da Gaita.

"Carro do Coreto da Batalha"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

E ainda um carro muito cobiçado foi o " Carro dos Gira-sóis" assim como a Banda dos Gira-sóis, toda de verde e amarelo, tocava entusiasmadamente o hino dos Girondinos.

"Carro dos Gira-Sóis"
Cortejo Girondinos, Foto Guedes, 1906.

Daqui em diante o êxito do cortejo foi inteiramente popular e provocava gargalhadas livres, sem acidez.

Grupo dos Músicos do Carro dos Gira-Sóis
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O "Carro das Falsificações" alusivo aos vinhos, que era um assunto muito popular, sobre um estrado inclinava-se uma pipa com um funil em cima para onde um taberneiro despejava todo o tipo de fluidos avaliando  a cor e sabor da mistura à medida que ia retificando as adições liquidas,  aperfeiçoava a composição do popularmente chamado "vinho a martelo".

"Carro das Falsificações"
Cortejo Girondinos, Foto Guedes, 1906.

O "Carro dos Talhos" era também uma ironia, pesadas pernas de bois com varejas do tamanho de galinhas, expunham-se à vista de toda gente, assim como as seguintes promoções: Carne de três dias 200 réis, Carne de quinze dias, seis tostões, os talhantes agitavam os facalhões de forma ameaçadora para as multidões.

"Carro dos Talhos ou da Carne Verde"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O "Carro do Saneamento"  cheio de tubos de grés, de travessas de madeira, com dísticos "impedido", e com outros apetrechos mais com a presença do  simpático Zé Povinho que na impossibilidade de executar a tarefas  fazia graçolas para entreter.

"Carro do Saneamento"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

A guarda de honra era formada por dez tremendos canecos com que fazem os despejos.

"Carro da Espiga"
Cortejo Girondinos, Foto Guedes, 1906.

O "Carro da Espiga" que se seguiu, era formado por um gigante charuto que assentava sobre um estrado em que grandes espigas de milho alouravam e meia luz e Zé Povinhos berravam - "Que grande espiga!"

"Carro da Imprensa"
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Segui-se o "Carro da Imprensa" do Clube Gerondinos, bastante original,  sobre uma batata considerável, rodeada de exemplares de todos os periódicos do Porto, desabrochavam cravos. Aos lados das batatas duas quadras dirigidas ao "Janeiro" e ao "Norte", havia uma alusão óbvia à censura.

Grupo dos Diabinhos do Carro de Fogo
Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

O cortejo fechou com o "Carro do Fogo", guiado por um diabo e rodeado de diabretes, todos de vermelho e agitando grandes flores escarlates e era acompanhado por um outro, todo de verdura em que Zés Pereiras se agitavam desordenadamente.

Figurantes Mascarados de Zé povinho, Pauliteiros de Miranda, Gira-Sóis e Enfermeiro da Cruz
 Vermelha Cortejo Girondinos, Foto de Aurélio da Paz dos Reis, 1906.

Com efeito, o Carnaval do Porto tornou-se "Rico" mas ao mesmo tempo transversal a todas as classes sociais,  os bailes seletivos continuam a realizar-se um pouco por toda a cidade, mas é o desfile dos cortejos  Fenianos Portuenses o momento porque todos anseiam para celebrar o carnaval da invicta.

Na revista "O ocidente" de 10 de março de 1906, Caetano Albero, redator, dizia a propósito da comparação  do carnaval de Lisboa e o do Porto " de tudo que Lisboa nos deu náquelles dias é esta recordação mais alegre que feriu o sorumbatismo indigena. No Porto se não houve mais alegria do que em lisboa, houve, pelo menos mais arte, mais grandeza, mais gosto. Lá renovaram a iniciativa do anno passado, e o Club dos Fenianso e o dos Girondinos  poseram na rua cortejos como os não houve na cidade de Ulisses. "


"Quen Canta Seus Males Espanta"
Cortejo Girondinos, Foto Guedes, 1906.

O Carnaval do Porto mostrou que mesmo sem selvajaria e sem brutalidade, o carnaval tem vida e graça, que bem dirigido com folia convencional e ordeira, pode divertir a todos, desde que diga alguma coisa ao espírito e traga algum elevo aos olhos. Século do oiro faz um carnaval rico, ainda que seja de oiro falso não importa; miséria e tristeza ninguém quer ver, que a verdade muita vez é feia.

Fontes:
Sites municipais culturais;
Boletins Informativos de arquivo digital, municipal e nacional:
"O Ocidente" Revista n.º 29, Anno XXIX, Volume n.º 979 de 10 de março de 1906;
"Ilustração Portuguesa" n.º 1, Segunda Série, janeiro 1906;
"Ilustração Portuguesa" n.º 2, Segunda Série, fevereiro 1906;

Imagens:
Centro Português de Fotografia;
Arquivo Municipal do Porto;
delcampe.net;
DGEMN;
Todas as imagens foram editadas.

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