Palácio-Fonte Monumental da Mitra em ruínas, Santo Antão do Tojal CML - AML - Série folhas de contacto, c.1930 |
O Palácio da Mitra, também vulgarmente conhecido como Palácio dos Arcebispos, denominação consequente das entidades tutelares ao longo da sua história, é uma antiga residência de veraneio, primeiro de Arcebispos, e depois, de Patriarcas de Lisboa, situando-se na freguesia de Santo Antão do Tojal, em Loures.
Vista aérea de Santo Antão do Tojal, de salientar a Mitra e o Aqueduto CML - AML - Série folhas de contacto, 2001. |
Na sua origem este uma grande quinta com referencias documentais remontantes ao século XIII, designada de Quinta de Pêro Viegas, não existem referencias em relação a data da edificação dos edifícios, a igreja e o palácio, apenas que em 1554, necessitavam de obras, que foram realizadas pelo então Bispo de Lisboa, D. Fernando de Menezes e Vasconcelos (sendo este arcebispo também o responsável pela construção da Igreja Matriz de Santo Antão do Tojal), e concluídas por D. Miguel de Castro ainda no século XVI.
Praça do Palácio da Mitra, Santo Antão do Tojal Arquivo da Câmara Municipal de Loures, 2016. |
Já no século XVIII, todos os edifícios sofreram alterações profundas, transformando a propriedade de cariz rural em uma quinta de recreio, por volta de 1730 D. Tomás de Almeida que em 1717 havia sido elevado à categoria de Patriarca (e em 1737 à de Cardeal) mandou-o reconstruir em estilo barroco, contemporâneo à época, promovido essencialmente por arquitectos Italianos, no caso o responsável pela transformação e atual traça foi o arquiteto Canaveri, que nele trabalhou até 1732.
Pormenor do portal: frontão e armas de D. Tomás de Almeida Foto de Vanda Silva, SIPA, 2007 |
Para alem da alteração do palácio principal e da igreja, desenvolveu-se também uma ampla praça, ao centro, pelas mãos do mesmo arquiteto italiano, e também ao estilo barroco,nasce um novo palácio e fonte. Este chafariz monumental rematado por uma escadaria e enquadrada pelos braços do palácio em forma de "U", representam uma arquitatura ímpar em portugal, muito ao gosto italiano de conseguir conciliar a beleza e a funcionalidade no menor espaço possível. Esta fonte era abastecida pelo aqueduto, que trazia água de Pintéus e que havia também sido concebido pelo mesmo arquiteto. Alguns dos arcos ainda existentes, na última parte do percurso, transportavam também água para um outro chafariz, desta forma o arcebispo pretendia colmatar todas as necessidades do abastecimento de água da população, e que de bela forma o conseguiu!
Aqueduto e chafariz na estrada nacional Foto de Vanda Silva, SIPA, 2007 |
O conjunto formado pelo Palácio da Mitra, Palácio-Fonte e Igreja com sua torre sineira configuram uma praça monumental barroca que se completa a Oeste por alargamento semicircular de onde parte uma alameda de articulação do conjunto com o aglomerado rural envolvente. Constitui um exemplo raro de "urbanismo" barroco em Portugal que de certa forma determina a organização espacial do aglomerado.
Interior do palácio: escadaria de aparato com figuras de convite Foto de Manuel Villaverde, SIPA, 2007. |
Para alem deste elementos, faz parte deste ambicioso projeto dois pombais, um aqueduto com dois quilómetros destinado a abastecer os dois chafarizes, tudo construções também do século XVIII e ainda os jardins de recreio.
Jardim do Palácio da Mitra - Pormenor do Pombal Foto SIPA, 2007 |
O conjunto formado por palácio, aqueduto, pombais, chafarizes, capela e ainda o monumental portão da entrada encontra-se protegido como Imóvel de Interesse Público, pelos decretos de 1940 e 1943, recentemente, em 2012 esta proteção foi alargada a Zona Especial de Protecção (ZEP) e mudada a designação do monumento a proteger para “Palácio da Mitra, aqueduto, pombais, chafarizes, igreja, monumental portão de entrada e toda a área murada da antiga quinta”.
Já em 1947 o palácio é cedido à Casa do Gaiato, com algumas adaptações as salas recebem agora novas funções e a comunicação entre o palácio e a igreja encerra.
A sua finalidade inicial foi cuidar de crianças desprotegidas, uma espécie de internato escola, nas palavras do fundador Padre Américo Monteiro de Aguiar, “somos a família para os que não têm família”. Hoje vivem na Casa do Gaiato do Tojal cerca de 23 jovens com idades compreendidas entre os quatro e vinte e dois anos.
Palácio-Fonte Monumental da Mitra em ruínas, Santo Antão do Tojal Original Old Real Photo, 1930 |
Ao longo do século XX tem vindo a sofrer várias obras de restauro custeadas pela Direcção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais; actualmente, encontram-se sediadas no Palácio da Mitra as instalações da Casa do Gaiato.
Fontes:
Direção Geral do Património Cultural, 2011;
Em Loures o Passado tem Futuro, CML, 2019;
Fotos:
delcampe.net;
Arquivo Municipal de Loures(AML);
Sistema de Informação Para o Património Arquitetónico (SIPA);
Fotos antigas editadas.
Fotos antigas editadas.
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